sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

The Assertiveness Guide for Women, de Julie de Azevedo Hanks

"The Assertiveness Guide for Women" de Julie de Azevedo Hanks
New Harbinger Publications, 2016
224 Páginas


"The Assertiveness Guide for Women" é, ao contrário do que o título possa sugerir, uma obra indicada para mulheres, mas também para homens. 

Ao contrário da perspectiva defendida em certa medida pela autora, a eventual dificuldade em ser assertivo não é algo que resulte do género. Comunicar necessidades, gerir emoções, melhorar relações e criar fronteiras parece-me que pode ser complexo para mulheres e homens, dependendo de outros factores. 

Uma das coisas mais interessantes que aprendi neste livro, ainda que lhe reconheça limitações e lhe possa fazer críticas, relaciona-se com a teoria do apego (e o modo como esta se espelha na forma como nos relacionamos com os outros) que, de um modo geral, divide os adultos em três estilos: o ansioso, o evitador e o seguro. Este é um tema sobre o qual pretendo ler mais posteriormente pela utilidade que pode ter.

Partindo da teoria do apego, que serve de base a toda a argumentação do livro, a autora desenvolve seguidamente aquelas que entende serem as cinco ferramentas da assertividade. 

Por fim, outro ponto igualmente digno de nota relaciona-se com o papel central que a autora atribui à identificação e gestação de emoções. Extremamente útil, diria. Fiquei, por exemplo, a saber que são seis as emoções básicas: felicidade, raiva, tristeza, medo, surpresa e nojo. 

De um modo geral, gostei do que li, embora considere que, em alguns momentos, a autora poderia ser mais objectiva e neutra. 

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Intimidade, de OSHO


"Intimidade" de OSHO
11 x 17, 2014
208 Páginas 


Este é o quarto livro que leio de Osho e continuo a gostar bastante do estilo. Muito provavelmente acabarei por ler tudo o que há publicado. 

A "Intimidade" deve ter sido o livro que li mais depressa (dos quatro) e talvez aquele (dos quatro) em relação ao qual senti uma maior familariedade/identificação com as ideias defendidas, até porque em algum momento as tinha colocado como hipóteses e/ou tinha chegado às mesmas conclusões. 

Algumas ideias que considerei mais interessantes foram, por exemplo, a importância do silêncio enquanto linguagem do coração, a centralidade da insegurança e imprevisibilidade num relacionamento (até porque a vida também é incerta e insegura, "protecção é morte" (p.87) e só a morte é certa), a necessidade de vivermos aqui e agora e sermos nós próprios sem medo de vivermos a nossa vida de acordo com o nosso próprio coração (para parafrasear o autor). 

É um livro espiritual/filosófico, daqueles que nos deixam a pensar simultaneamente sobre intimidade e um conjunto de outros temas que com esta acabam por estar relacionados, ainda que de forma indirecta. 

Tal como já disse anteriormente, e torno a repetir, os livros de Osho destinam-se a agitar ideias, a questionar certezas instaladas e a encontrar respostas diferentes (que escapam à norma e à corrente) para dúvidas que nos surgem a dado momento na nossa vida. Põe-nos a pensar, a questionar, a querer arriscar no incerto/inseguro/imprevisivel. E isso é algo que eu adoro nos seus livros e no seu estilo.

https://www.goodreads.com/review/show/3074626612

domingo, 24 de novembro de 2019

Intuição, de OSHO


"Intuição" de OSHO
Bertrand Editora, 2018
215 Páginas


Este é o terceiro livro que leio de Osho e não tenciono ficar por aqui...
Embora tenha começado a lê-lo em Agosto e terminado apenas em Novembro, a verdade é que o li depressa quando decidi lê-lo a sério!

No ano passado e neste ano que se encontra a terminar, deparei-me com vários episódios e pessoas da minha vida a chamarem-me à atenção para a importância da intuição, uma capacidade que todos nós temos, mas teimamos em ignorar... Porque não é algo lógico e muitas vezes (talvez até todas as vezes) não se explica no imediato. Sente-se e pronto. 

Mais uma vez, Osho não desilude. Volve e revolve as nossas ideias, tendo inclusivamente a capacidade de nos surpreender... Até provocando uma inesperada gargalhada quando menos esperava. 

Sem querer entrar em excessivos detalhes, mas procurando reforçar o facto de ter adorado este livro, sublinho, por exemplo, o interesse na diferença entre o hemisfério esquerdo e o hemisfério direito da nossa mente que o autor explora, a divisão dos seres humanos em três camadas (instinto-intelecto-intuição) é igualmente fascinante, sem esquecer as diferenças, as caracteristicas e os esperados comportamentos de homem e mulher numa relação a dois, mas também na própria organização do mundo... 

É excelente! 

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Atrai Pessoas Fantásticas para a tua Vida, de Diana Gaspar


"Atrai Pessoas Fantásticas para a Tua Vida" de Diana Gaspar
Manuscrito, 2017
184 Páginas

Muito bem escrito e agradável de ser ler, "Atrai Pessoas Fantásticas para a Tua Vida" procura demonstrar como a primeira mudança começa em nós próprios. 

Podemos não mudar o mundo nem aqueles com que nos relacionamos - porque como defende a autora e, com razão, "não mudas ninguém", mas podemos mudar-nos a nós próprios e dessa perspectiva acabamos por potenciar a mudança para além de nós... E atrair relações mais saudáveis!

Creio que esta é a ideia central da obra: a mudança começa antes de tudo em nós. 

terça-feira, 5 de novembro de 2019

A Papoila e o Monge, de José Tolentino Mendonça

"A Papoila e o Monge" de José Tolentino Mendonça
Assírio & Alvim, 2015
173 Páginas



Cruzei-me com "A Papoila e o Monge" por acaso num dia em que procurava qualquer coisa de especial para ler na Bertrand do Chiado numa tarde quente de Agosto. Não foi o autor (que para mim era apenas um nome conhecido) nem o grafismo que me seduziram, mas sim o título e o facto deste ser um livro de haikus, uma forma de poesia criada no Japão por Matsuo Basho (https://www.goodreads.com/review/show/2378531470). A papoila está entre as flores que gosto (é selvagem, corajosa porque nasce onde menos se espera e sem avisar, é de um vermelho vivo que já mais nos deixa a memória) e o monge remete-me para o espiritual (e não necessariamente para o religioso). 

É um livro muito bonito, de composição refinada, muito focado no papel e no significado do silêncio, mas também na natureza, na cidade, nas estações do ano. Por outro lado, e como não poderia deixar de ser (até porque José Tolentino Mendonça é cardeal), alguns haikus (não muitos) tocam no assunto Deus e talvez por não ser propriamente religiosa (mas sim espiritual) foram aqueles que menos apreciei, apesar de lhes conseguir reconhecer alguma beleza. 

https://www.goodreads.com/review/show/3014395631?book_show_action=false

terça-feira, 15 de outubro de 2019

A Passagem, de Horácio N. Medina


"A Passagem" de Horácio N. Medina
Chiado Editora
91 Páginas

"A Passagem" é daqueles livros que nos surpreendem pela positiva, pelo inesperado e não expectável... 

Medina apresenta-nos três conjuntos distintos de poemas: um primeiro dedicado a "os campos", um segundo a "a corrente" e um último respeitante a "a passagem". Dos três conjuntos, o último foi aquele de que gostei mais. 

No decorrer da leitura, e em especial no primeiro conjunto de poemas, lembrei-me, por várias vezes, de Alberto Caeiro e do seu modo de sentir natural... E achei, de igual modo, particularmente interessante o facto do autor jogar muitas vezes com uma ideia e o seu contrário, o que me pareceu ser um traço marcante, constante e frequente. Um bom exemplo disso poderá ser: " Não creio em ilusões. Iludo-me./ Desassossego-me sossegado (...)".

Para mim também, "Ler é encher a alma/ escrever é a libertação". Portanto, aqui fica o meu agradecimento ao autor pela oferta de tão bonito livro e por me ter dado a conhecer a qualidade da sua poesia, um dos géneros literários que eu muito aprecio!

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

A Menina Que Roubava Morangos, de Joanne Harris

"A Menina Que Roubava Morangos" de Joanne Harris
Edições Asa, 2019
374 Páginas

Joanne Harris está entre aqueles autores que guardamos no coração...

Penso que isso se deve, no meu caso, a duas razões: a primeira relaciona-se com o momento em que li um livro seu pela primeira vez (próximo do fim da adolescência e do início da idade adulta - foi a minha primeira "escritora adulta"- em tempos algo conturbados...) e a segunda relaciona-se mesmo com a sua forma especial/mágica/mística de contar histórias, toda a evocação de cheiros e sabores que nos fazem acreditar que estamos efectivamente diante de algo que, na verdade, resulta da imaginação. 
É claro que já li um ou outro livro de Harris de que gostei menos (e não li nada sobre aqueles seus livros cujas histórias nos levam ao mundo das runas), mas, regra geral, sei que é uma escolha segura.

"A Menina que roubava Morangos" faz parte da "saga" Chocolate de que eu tanto gosto e é sempre agradável voltarmos aos "lugares" onde já fomos felizes. E foi muito bom privar novamente com Vianne Rocher, Anouk, Rosette, Roux, ... Reflectir uma vez mais sobre a mudança e o medo dela, sobre a necessidade de deixarmos livres aqueles que amamos porque hão de voltar...! 
Amar é soltar, é deixar ir e compreender que tudo tem o seu momento certo. Julgo que esta foi a grande mensagem (como que uma ideia de esperança certa) que Harris nos quis deixar neste seu livro. 

Mais uma vez, leio um livro desta autora "no momento"; como que cumprindo uma espécie de chamamento. Deixando-me levar também com o vento (outra das presenças obrigatórias no mundo de "Chocolate"), parto agora diferente do que estava quando aqui cheguei e valeu a pena... Cada página, cada capítulo, cada parte; cada dia, cada hora, cada minuto. 

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Escolho ser feliz, de Sara Cardoso


"Escolho Ser Feliz" de Sara Cardoso
Pergaminho, 2017
136 Páginas


Gostei da estrutura, da objectividade e da forma como as ideias são expostas. 

Pareceu-me particularmente útil o facto da autora defender um principio positivo por oposição ao principio negativo correspondente: por exemplo, aceitação em vez de resistência. Ora, isto permite ao leitor compreender através da comparação e do contraste entre as duas ideias qual é aquela que habitualmente segue, questionar e compreender até que ponto essa ideia será ou não a mais vantajosa para a sua vida e, se for caso disso, como a poderá transformar. 

Nos últimos tempos, tenho constatado a existência de "uma espécie de movimento" (e coloco entre aspas porque tenho dificuldade em definir isto) defensor de sentimentos e emoções positivas a todo o custo e a toda a hora. Não sendo eu uma especialista nesta área, a minha experiência de vida até à data e várias outras coisas que tenho lido, escritas sobre isto por quem se dedica a estudar e a trabalhar na área da psicologia e afins, diz-me que isso não só é um erro, como um tremendo disparate. A realidade nem sempre é bonita e agradável e também nem sempre nos apraz... Daí que existem e existirão sempre sentimentos e emoções positivas e sentimentos e emoções negativas, do mesmo modo que todos somos seres de luz e de sombra. Os sentimentos e emoções são estados, estando-lhes associada uma ideia de transitoriedade. Vão e vêm. É esta a linha que a autora defende e isso foi, de igual modo, outro aspecto que gostei no livro. 

Nem sempre gostei da forma como o livro está escrito. Não está mal escrito (longe disso), mas poderia ter um estilo um pouco mais cuidado. E... discordo de um/dois dos exemplos apresentados (não me recordo quais, de momento) por experiência própria. Creio, todavia, que isso é algo salutar de acontecer!

Gostei do livro; é daqueles que vale a pena folhear de vez em quando para recordar algumas coisas... Até porque é pequeno, conciso e directo.

Note-se ainda que a formação da autora na área do Reiki (a par da Psicologia) faz toda a diferença nesta leitura, sendo, na minha perspectiva, uma mais-valia!

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

O Tempo Entre Costuras, de María Dueñas


"O Tempo entre Costuras" de María Dueñas
Porto Editora, 2016
624 Páginas


Apesar de estar sobejamente bem escrito e ter uma história muitissimo bem articulada no espaço, no tempo e nas personagens, lutei até mais de metade do livro com a vontade de desistir do livro... Por sentir que talvez não fosse o livro adequado a ler neste precioso momento. Ainda assim, e porque a teimosia é um traço da minha personalidade, não desisti e li-o até ao fim. 

Parti para a leitura com as mais altas expectativas devido a opiniões muito favoráveis que tinha ouvido e lido acerca deste romance de María Dueñas. E ter altas expectativas não é de todo uma coisa boa em nenhuma circunstância, sendo preferivel partir para as situações e, neste caso concreto, para a leitura de coração e mente abertos. 

Gostei do que li. Gostei da evolução que a personagem principal, a modista Sira, faz ao longo da narrativa. Gostei do enquadramento histórico e do recurso à espionagem. Gostei da referência/passagem da personagem por Lisboa e pelo Estoril no tempo do Estado Novo, sobretudo porque a autora não é portuguesa e sim espanhola, mas o livro não me agarrou por inteiro em nenhum momento... 

Foi como se tivesse posto água ao lume (sendo desejável que esta fervesse) para fazer chá e ela nunca passou de morna... Isso. Queria ter sentido mais. Todavia, na maioria das vezes, não consegui sentir nada. Não me senti "viver" estes dias com Sira como acontece nos livros que me conseguem agarrar por inteiro... Como diz a letra da música "Carta" dos Toranja, "a mim passou-me ao lado".

"O Tempo entre Costuras" não me conseguiu nem arrebatar nem surpreender, deixando-me um leve sabor a desilusão que, porém, não deve dissuadir os possíveis curiosos/interessados em o ler até pelas razões já apontadas. Se essa é a vossa vontade/interesse, sigam em frente, leiam e tirem as vossas próprias conclusões!

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Não existem coincidências, de Louise L. Hay



"Não existem coincidências" de Louise L. Hay
Pergaminho, 2018
268 Páginas


O que é que existe? Destino ou livre-arbitrio? Ou ambos?

Este livro, pleno de histórias contadas por amigos de Louise Hay, parece-me que segue a linha de que todos temos um destino, um caminho, uma espécie de missão a cumprir em vida. 

Li histórias que me tocaram particularmente, outras que me passaram completamente ao lado sem que eu tivesse compreendido o "porquê" de me estar a cruzar com elas e de ali estarem publicadas. 

No geral, gostei do que li, mas creio que não é um tipo de leitura que possa interessar à grande maioria das pessoas. Penso que quem o quiser ler, deve mesmo ser alguém que se interesse por este tipo de assuntos e que, no mínimo, tenha algum tipo de curiosidade sobre o mundo espiritual (e não necessariamente religioso). 

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

A Magia da Autoestima, de OSHO

"A Magia da Autoestima" de OSHO
Pergaminho, 2014
343 Páginas


Este é o segundo livro que leio de Osho e continuo a gostar da forma como o autor desafia os leitores a pensarem diferente, a questionarem aquilo em que acreditam.

Boa parte deste livro questiona o ser-se religioso, seguir esta ou aquela religião e qual a sua relação com o medo. Essa parte não foi a que mais me interessou porque eu queria ler acerca da autoestima e do modo como esta se estrutura ou não.

Uma menor parte do livro, para mim central, aborda a consciência, a inconsciência e a subconsciência. Debruça-se sobre o ego, o respeito por si próprio (e como procurar pelo "verdadeiro eu"), a humildade e a renúncia. Esta foi, sem dúvida, a parte que mais gostei de ler porque permitiu reflectir também sobre algo como a diferença entre resposta e reacção.

Apesar do que acabei de expor, consegui gostar no geral de "A Magia da Autoestima".



Amor Primeiro, de Ivone M. Martins


"Amor Primeiro" de Ivone M. Martins
Alma Mater, 2019
288 Páginas


Dizem que tudo tem um tempo certo para acontecer e "Amor Primeiro" encontrou-me nesse mesmo tempo... 

Atravessou o Atlântico, vindo do Brasil, escrito por alguém muito especial para mim que já viveu em África, na Europa e agora está na América (Brasil).

Mal o recebi, feita uma longa viagem, folhei as primeiras páginas e senti-me logo como que cativa, pelo que não o consegui largar até o terminar... Tive de deixar os outros quatro livros que estava a ler ao mesmo tempo de lado porque este, sim, é que me estava a alimentar a alma e a sossegar o coração. 

"Amor Primeiro" é daqueles livros que parece que se sentam connosco a conversar, ajudando a arrumar ideias. E é um romance passado em Portugal durante o Estado Novo e no período pós Estado Novo (sem esquecer uma parte decorrida no tempo da Inquisição e do Terramoto de 1755), pelo que teria todo o interesse em também ser publicado/difundido deste lado do Atlântico. Fala-se de Liberdade, de Amor (Primeiro e Primeiro Amor que não são a mesma coisa), de ciúme, de Paixão, de Almas, de Reencarnação, de Sentir, de Egoísmo, ... 

Escrito com alma como só quem sente tão intensamente consegue fazê-lo, é transparente e profundo, sábio, iluminando-nos o caminho... no tempo certo. São poucas as vezes, pelo menos até à data, em que consigo ficar tão ligada a uma personagem, em que me identifico tanto com ela... a compreendo e admiro. Aconteceu com "Amor Primeiro" com Alma, uma personagem cheia de história passada e raízes que aprende com o tempo a autoconhecer-se e a fazer o que é melhor para ela, com o coração, aliando a necessidade de se sustentar através de algo mais material com a necessidade, quase que urgência diria, da espiritual poesia.

As obras são, por norma, produto dos contextos em que são criadas e têm muito, muito, muito dos seus criadores. "Amor Primeiro" não é excepção porque tal como o testemunham outras vozes no início do livro há muito da sua autora espalhado pelas opções e caracteristicas de algumas personagens, mas também, como não poderia deixar de ser, na própria forma de escrever... Espiritual, mágica, cheia de um amor equilibrado pelas palavras e pelas ideias. 

Adorei lê-lo e ficará para sempre comigo e em mim... Coisa que poucos, muito poucos livros conseguem efectivamente! 

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Amor, Liberdade e Solidão, de OSHO

"Amor, Liberdade e Solidão" de OSHO
Bertrand Editora, 2017
308 Páginas



Este é aquele tipo de livro destinado a agitar, a trocar-nos as voltas, a testar as nossas certezas e a deixar-nos a pensar... Eventualmente cheios de dúvidas mesmo após termos concluido a sua leitura. 

Adorei lê-lo, apesar de não concordar com tudo o que li... Há coisas que a minha experiência de vida me tem provado serem diferentes... Outras há que eu sentia de forma intuitiva, como ideias em formação que ainda continuarão a ser... 

"Amor, Liberdade e Solidão" é um livro incómodo. Desafia-nos. E demonstra que é possível e desejável manter, de forma saudável, amor, liberdade e solidão na forma como nos relacionamos amorosamente. 

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Se isto é um Homem, de Primo Levi

"Se isto é um Homem" de Primo Levi
Publicações Dom Quixote, 2013
183 Páginas


Há vários livros, testemunhos verídicos, acerca do Holocausto. Já li vários também, mas a verdade é que não há um igual ao outro.

Neste "Se isto é um Homem", Primo Levi demonstra o quão baixo e mesquinho o Homem pode chegar tratando outro homem, outros homens... Por causa da raça, por causa da religião, por causa da sua capacidade e/ou incapacidade.

Comparativamente a outros livros que já li acerca deste tema, Levi parece-me ser aquele que tem a visão mais pessimista acerca do desfecho e do rumo que a vida dele e de todos aqueles prisioneiros irá tomar. É muito realista. Demasiado, talvez. Mas como se pode ser idealista e ainda ser optimista q.b. quando é a desumanidade que parece vencer dia após dia, numa espera sem fim pelo fim que até pode ser o fim de tudo?! Pois... Só mesmo o inesperado pode trazer um pouco de luz no meio de tanta escuridão... 

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Vamos Comprar um Poeta, de Afonso Cruz


"Vamos Comprar um Poeta" de Afonso Cruz
Editorial Caminho, 2016
101 Páginas

Lê-se rápido, demasiado rápido, diria, para um livro tão bonito... E isso faz com que as suas 101 páginas saibam a pouco, deixando-nos com vontade de mais...

Afonso Cruz faz em "Vamos Comprar um Poeta" uma espécie de apelo à importância da arte nas nossas vidas, escolhendo a poesia para o demonstrar. 

É certo que não é a poesia que, por norma, nos compra a comida, a roupa e a casa onde vivemos, mas a imaginação e a criatividade podem fazer toda a diferença em qualquer trabalho que sirva "para nos pagar a existência", alimentando-nos a alma, tornando-nos mais livres e eventualmente mais felizes... Dando cor aos dias mais cinzentos! 

Além do que a arte é cultura e a cultura é a essência de um povo, a sua identidade!

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

No Limiar da Eternidade, de Ken Follett


"No Limiar da Eternidade" de Ken Follett
Editorial Presença, 2014
1022 Páginas



E eis que termino de ler a trilogia "O Século"...!

Dos três volumes este foi, sem dúvida, aquele que gostei menos. As suas 1022 páginas pareceram-me excessivas, embora não entendiantes. Longe disso. A leitura faz-se sem esforço e é agradável. A verdade é que com menos 200 páginas teria-se certamente resolvido a história...

Este volume centra-se na divisão da Alemanha em duas Alemanhas, no muro de Berlim e no papel que este teve não só para a Alemanha propriamente dita como no contexto da própria Guerra Fria, na luta pelos direitos dos negros nos EUA e dos homossexuais no Reino Unido, acompanhando a evolução da URSS até à chegada de Gorbachov. A liberdade e a transformação de valores é também abordada sobretudo sob o signo "sexo, drogas e rock'n'roll".

Gostei no geral do livro, mas tive dificuldade em "entrar" numa história onde as primeiras personagens que surgem são filhos e filhas de relações iniciadas no fim do segundo volume. Ou seja, só já várias páginas depois do inicio é que nos é explicado quem é quem, sendo que há personagens do segundo volume que quase não aparecem neste volume e quando surgem, surgem com um papel marginal. Uma das realidades familiares que mais tive dificuldade em compreender foi a russa porque há personagens anteriores cuja existência se esfumou neste livro sem que eu tivesse percebido o que lhes tinha acontecido. Há mais duas situações destas... Uma na realidade familiar americana e outra na inglesa. Tratando-se de uma trilogia acompanhando a evolução das familias inglesa, galesa, americana, russa e alemã seria desejável perceber a evolução das mesmas segundo uma transição um pouco mais lenta... Este volume começa, nesse sentido, um "bocado a seco". De igual modo, senti muita superficialidade na forma como as personagens se relacionam entre si, mesmo em contexto amoroso, o que não senti verificar-se anteriormente.

A realidade que mais me agradou ler porque me pareceu escrita de uma forma não tão apressada foi a alemã e a relação desta com as demais... O impacto que o muro teve na vida de tantas familias que acabaram separadas, algumas até irremediavelmente "destruídas"... Isto não é novo para mim; porém uma coisa é ler documentação histórica, política disto e outra bem distinta é imaginar e "viver" a vida de pessoas comuns (vá, eu sei que são personagens e isto é ficção) que experimentaram na pele tudo isto tendo as suas vidas privadas afectadas...

No geral, adorei esta trilogia. Este volume está interessante... Todavia, acho que "O Século" passava bem apenas com dois volumes, até pela forma como termina o segundo volume. "No Limiar da Eternidade" parece-me aquele livro que, apesar de bem feito e sem dar azo a tédios, nasce da "cegueira" que um grande sucesso, por vezes, traz. Follett poderá ter pensado apenas em dois volumes, mas por ter sido tão bem sucedido e ter tido tão boa aceitação por parte do público pensou, então, num terceiro volume... que teria de ser indubitavelmente um sucesso também. Talvez. Talvez teria e talvez seja... Só que eu continuo a achar os outros dois livros melhores!



quarta-feira, 31 de julho de 2019

O Inverno do Mundo, de Ken Follett

"O Inverno do Mundo" de Ken Follett
Editorial Presença, 2012
832 Páginas


Comparativamente ao primeiro livro "A Queda dos Gigantes", "O Inverno do Mundo" continua a ser um vício viciante desde o início... Ken Follett "prendeu-me" tanto a atenção que tive de ler este segundo volume da trilogia de forma ainda mais rápida!

Neste livro, o autor concentra-se na Segunda Guerra Mundial e no aparecimento do fascismo no mundo inglês e alemão, abordando igualmente toda a transformação sofrida pela URSS. Extremamente interessante é também o papel que a espionagem assume na narrativa. Está novamente um trabalho de mestre. 

Relativamente à realidade alemã, considero que Follett aborda a mesma na medida certa, sem exagerar nada, sem ser tendencioso (devo dizer que admiro muito esta sua capacidade). Não acho que devesse ter insistido mais na questão do Holocausto até porque o faz de forma suficiente e além disso esta não é uma história situada apenas na Alemanha nazi. E a provar isto mesmo, Follett refere "de forma separada da questão do Holocausto" um programa de "eutanásia" destinado a matar pessoas com doenças mentais e físicas, o Aktion T4. 

As famílias inglesa (e galesa), alemã, norte-americana e russa continuam a evoluir neste volume, agora mais centrado nos filhos das personagens criadas no anterior volume. Muitas mudam de país e associam-se a outras realidades, outras cruzam países por razões privadas ou profissionais e regressam à base. E vale a pena acompanhar esta evolução porque dá para reflectir bastante acerca dos relacionamentos e da própria natureza humana sem floreados, sem melodramas. 

"O Inverno do Mundo" é, tal como o primeiro livro, um romance histórico indicado sobretudo para quem gosta de História, destacando-se aqui a Guerra Civil Espanhola e a Segunda Guerra Mundial (as partes relativas a Pearl Harbor e à invasão alemã da URSS são de salientar, bem como o papel fundamental assumido pela Guerra Aérea). 

terça-feira, 23 de julho de 2019

A Queda dos Gigantes, de Ken Follett

"A Queda dos Gigantes" de Ken Follett
Editorial Presença, 2013
917 Páginas


Perfeito. 

Tem tudo nas doses certas, o que faz com que as suas novecentas e tal páginas estejam longe de ser um fardo. Admito que a primeira impressão quando se olha para a dimensão do calhamaço seja algo assustador, mas a partir do momento em que nos deixamos cativar por tudo o que seu interior nos oferece... Torna-se um vicio (viciante) daqueles bem dificeis de largar!

Tenho lido bons livros nos últimos tempos, sim. Porém, talvez nenhum que me tenham absorvido tão totalmente como este ao ponto de me libertar por inteiro (com excepção da minha presença física, naturalmente) da minha própria realidade... e me fazer prender por cada uma das diferentes vidas com que aqui me fui cruzando. 

Estudar o período histórico da Primeira Guerra Mundial tem sido uma das minhas tarefas desde há cerca de dez anos atrás e, por isso mesmo, não me cruzei do ponto de vista histórico com nada de novo. Revi e quase que "vivi" em tudo o que se passou na época uma vez mais. Follett fez, de facto, desse ponto de vista um trabalho exímio. Até porque sendo inglês narra com isenção e ao sabor da mentalidade da época os acontecimentos e as quezílias que se desenvolvem entre as "nações". Está de mestre! 

Por outro lado, achei profundamente fascinante as relações entre as personagens inglesas e alemãs, por exemplo, e o impacto que a entrada na Primeira Grande Guerra tem na vida individual e pessoal de um casal anglo-germânico. Porque isto aconteceu efectivamente, embora aqui estejamos diante de um livro-romance. 

É também interessante o modo como as famílias inglesa (e galesa), alemã, norte-americana e russa vão evoluindo antes, durante e imediatamente após o conflito quanto a amizades, casamentos, relações extraconjugais, filhos legítimos e ilegítimos, ... É fácil compreender o impacto que aquilo que se verifica na relações internacionais e aquilo que sucede com a realidade interna dos próprios países (económica, política e culturalmente) tem na vida individual e privada dos seus cidadãos. Considero, assim, que este é outra qualidade digna de nota presente neste romance e que me parece passar com frequência ao lado do comum dos mortais... 

Por fim, e isto não me saiu da cabeça durante alguns dias, talvez este romance ganhasse mais ainda se tivesse uma familia italiana implicada... No volume que se segue a "A Queda dos Gigantes", relativo à Segunda Guerra Mundial e intitulado "O Inverno do Mundo" acredito que isso teria um forte impacto na narrativa. 

"A Queda dos Gigantes" é um romance histórico indicado sobretudo para quem gosta de História e, em particular, para aqueles que se interessam pela temática da Primeira Guerra Mundial sem se importarem que a história resvale para o campo de batalha... Para quem "gosta" do que acabei de referir, é perfeito (mesmo sabendo que a perfeição é algo inexistente)!!!



sexta-feira, 12 de julho de 2019

O Sabor do Perigo, de Peter Elbling

"O Sabor do Perigo" de Peter Elbling
Editorial Presença, 2010
284 Páginas

Simpatizei com este livro desde o primeiro instante, mas durante vários anos deixei-o ficar na estante à espera de sentir que tinha chegado o momento de o ler, então. 

E chegou. Chegou quando a ler "O Segredo de Copérnico" recentemente me deparei com a morte de alguém por veneno e com a figura do provador de comida, bem como todo o ambiente de intriga vivido no espaço italiano do século XVI. Pensei: Tenho de ler já de seguida aquele romance do provador. Assim foi. 

Creio que a história tem um bom argumento. É particularmente interessante o modo como a figura do provador de comida se reveste de tanta importância na vida do duque e requer ao mesmo tempo tanta inteligência e astúcia para sobreviver ao "maravilhoso mundo" do veneno, da inveja e das rivalidades. A par disso, o amor de um pai (presente como pai e como mãe) pela filha, sempre preocupado com a segurança e o bem-estar da mesma, sendo mesmo capaz de sacrificar, se necessário, a sua vida revelou-se outro "ingrediente" digno de nota em "O Sabor do Perigo". 

Uma chamada de atenção apenas para o facto deste livro ter muito pouco ou mesmo nada a ver com "O Perfume" de Patrick Süskind, ao contrário do que uma das frases da contra-capa poderá sugerir. São livros muito diferentes. Para além do papel principal caber aqui ao sabor (e não o cheiro), esta não é a história de um assassino. É antes uma história de alguém que correndo sempre perigo tenta a todo o custo proteger três vidas: a sua, a da filha e a do duque para quem trabalha. 

Gostei muito!

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Der Geschmack des Lebens/Il Sapore della Vita, de Valeria Vairo


"Der Geschmack des Lebens/Il Sapore della Vita" de Valeria Vairo
DTV, 2017
191 Páginas


"Der Geschmack des Lebens/Il Sapore della Vita" de Valeria Vairo é um livro bilingue, apresentando sempre na página da esquerda a versão italiana do que se encontra escrito em língua alemã na página da direita. 

É uma experiência interessante porque permite ler o mesmo livro em duas línguas em simultâneo e com isso aprender/exercitar conhecimentos em ambas. Devo, todavia, chamar à atenção para o facto do original ser italiano e o alemão será uma tradução do que está escrito em italiano. Por vezes, a tradução pareceu-me demasiado literal ao ponto de esbater um bocado um sentido do que estava escrito por Vairo no original. 

Não se trata de um livro auto-biográfico ainda que a autora se tenha baseado na sua experiência pessoal para o escrever. Vairo conta a história de Giulia, mãe de Barbara e mulher de Thomas que vivendo em Munique decide viajar até Itália sozinha de comboio para reencontrar a família (de emigrantes). No trajecto vai contando episódios familiares da sua vida em Itália e de como o ser migrante começou quando os pais decidiram mudar do Sul para o Norte do país, quando Giulia ainda era criança. Cada episódio/história dá origem a um capítulo que termina sempre com uma receita italiana, mostrando o papel que os sabores (e os cheiros) têm na construção da nossa identidade e memória. 


Sei que já o disse a propósito de outro aspecto, mas não me parece demais referi-lo... É, de facto, uma experiência interessante a leitura deste livro. Não só do ponto de vista linguistico, como também do ponto de vista cultural. Gostei!



domingo, 30 de junho de 2019

O Segredo de Copérnico, de Jean-Pierre Luminet

"O Segredo de Copérnico" de Jean-Pierre Luminet
Editorial Presença, 2009
291 Páginas


Gosto de astronomia apesar de ser uma simples curiosa e não ter assim tantos conhecimentos sobre o assunto... E gosto desde pequena quando na escola primária ouvi falar pela primeira vez da existência de outros planetas para além do nosso. 

Gosto também de figuras controversas surgidas na ciência e fora dela, revolucionadoras de mentalidades e ideias. 

Daí a escolha de "O Segredo de Copérnico" de Jean-Pierre Luminet. 

A história passa-se entre a Polónia, a Alemanha e a Itália. E tem intriga. Muita intriga e jogos de poder. Cruzamo-nos, para além de Copérnico, com figuras como Albrecht Dürer e Niccolò Machiavelli e a familia dos Bórgias. E também com os cavaleiros teutónicos muito pouco queridos na época, pelo menos, no espaço hoje pertencente à Polónia... 

Luminet romanceou a vida de Copérnico do inicio ao fim, permitindo-nos também aceder, por vezes, a alguns conhecimentos de astronomia e "testemunhar" a evolução decorrida até "à tomada de conhecimento" do heliocentrismo por Copérnico, cónego polaco. 

Interessante. Gostei. 

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Der Trafikant, de Robert Seethaler

"Der Trafikant" de Robert Seethaler
Kein & Aber Pocket
250 Páginas 

"Der Trafikant", publicado igualmente em língua inglesa como "The Tobacconist", apresenta a história de Franz um jovem que vem viver para Viena dos anos trinta, pouco antes do Anschluss [anexação] da Áustria à Alemanha de Hitler. Aí conhece Sigmund Freud, de quem se torna amigo, descobre o amor e toma contacto com os sucessivos e misteriosos desaparecimentos de judeus. 

Tendo sido uma das duas obras escolhidas para o exame de C2 de língua alemã deste ano, "Der Trafikant" despertou-me o interesse primeiramente pelo facto da personagem principal, Franz, travar amizade com Freud. Pensei, pois, que fosse uma boa e interessante oportunidade para poder ler um pouco mais, sem ser em contexto técnico/científico, sobre as teorias de Freud, que sempre me fascinou... Tal como tudo o que se encontra relacionado com a mente humana. 

Acontece que o autor, Seethaler (austríaco), escreve um livro que vai muito para além disso e parece-me que o que acaba efectivamente por saltar mais à vista do leitor é o modo como a "entrada" do Nacional-Socialismo se faz na Áustria e todas as repercussões que isso vai tendo na população, em particular aquela que tem origem judaica. Ainda assim, existem algumas trocas de ideias dignas de atenção acerca do amor, da sexualidade e dos próprios sonhos com o pai da Psicanálise. 

Neste sentido, considero que o resultado final está excelente. Seethaler não maça o leitor em excesso com nada (nem psicanálise nem história, embora eu seja fã de ambas) porque não entra em detalhes, que poderiam ser excessivos, concentrando-se ao invés na história do seu Franz e no modo como este se relaciona com o que se passa na Áustria deste período. 

Para os interessados, há também um filme com o mesmo nome, cujo trailer poderão visualizar aqui: https://www.youtube.com/watch?v=kKv1pgz5q2Y

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Homens sem Mulheres, de Haruki Murakami


"Homens sem Mulheres" de Haruki Murakami
Casa das Letras, 2018
250 Páginas

"Homens sem Mulheres" é essencialmente um livro sobre solidão. Murakami traz-nos sete histórias de sete homens, sem outra ligação entre si para além de serem sete homens que terminam sem mulheres... 

Envolvente, por vezes estranho, o autor tem o dom de nos deixar vários dias (os da leitura e os pós leitura) a pensar no que acabámos de ler... Inquieta. Volve e revolve o que temos cá dentro... E por muito "bizarras" (?!) que sejam as histórias, acabamos por estabelecer um qualquer paralelismo com a nossa própria vida. Portanto, sendo o meu terceiro livro de Murakami, aviso já que não será o último...

Comparativamente às mulheres, parece-me que os homens levam muito mais tempo a se apaixonar. E quando falo em apaixonar, falo em algo que ultrapassa aquele fogo, aquele impulso, quase que cegueira inicial que tão depressa como chega, ainda mais depressa se vai. Isto não é uma crítica; é o que é. Homens e mulheres "funcionam" de forma diferente. Porém, quando se apaixonam, é mesmo a sério... E parece-me também que muitos depois de atingirem esse estado e apanharem uma tremenda desilusão (não tiveram sorte, tal como também tantas vezes as mulheres não têm), ficam como que... uma dificuldade adicional (porque desacreditam e constroem muros) em se voltarem a apaixonar... Como escreve a dada altura Murakami, perdem aquela mulher e perdem, consequentemente, todas as mulheres. 

Não estamos, todavia, diante de um livro melodramático ou romântico a roçar o piroso. Nada disso. Murakami dá-nos a conhecer a perspectiva dos homens sobre a ausência/a perda das mulheres. E isso é, para mim, extremamente interessante. Porque ao contrário do que se pensa, os homens também sentem e sofrem por amor... simplesmente, não falam acerca disso na maior parte das vezes. 

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