sexta-feira, 30 de junho de 2017

A Morte em Veneza, de Thomas Mann


"A Morte em Veneza" de Thomas Mann
Relógio D'Água, 2004
114 Páginas




Terceiro livro que leio de Thomas Mann, o segundo de ficção. Que dizer?
Acho que posso colocá-lo na lista dos meus escritores preferidos e não é por ter sido Nobel em 1929. É mesmo porque admiro a sua escrita. Não é um escritor fácil de compreender nem de leituras rápidas e superficiais. É profundo, superior, pensado, estruturado. E eu gosto disso.

Aqui é o fascinio pela beleza que dá o tema à história, ou seu centro se preferirem. Aschenbach, o escritor, está deslumbrado pela beleza do adolescente Tadzio, sendo que esse deslumbramento é tal que se reflecte na própria escrita de Thomas Mann. Forte, arrebatadora, de cortar a respiração (no bom sentido, no muito bom sentido, entenda-se). É dificil não se ficar apaixonado pela paixão de Aschenbach por Tadzio...! E eu só os conheço pelas palavras de Mann. 

"A Morte em Veneza" não é a história de um crime (como eu, erradamente, pensava; apesar do título poder sugeri-lo), mas sim um livro cuja escrita nos transporta muito para o plano espiritual e superior. Num certo sentido é filosófico. Aliás, nesta sua novela, Thomas Mann oferece-nos muito de Platão, sobretudo na sua relação com a beleza e com as emoções. E eu adoro Platão! É preciso dizer mais alguma coisa?! 

Posto isto, estou a pensar seriamente se não começo a ler "A Montanha Mágica" muito em breve... Será loucura?! Não sei, o que sei é que Thomas Mann está a "infiltrar-se em mim", definitivamente.

https://www.goodreads.com/review/show/2035729708

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Descascando a Cebola, de Günter Grass


"Descascando a cebola" de Günter Grass
Casadas Letras, 2007
378 Páginas


Não dou cinco estrelas, mas são quatro estrelas e qualquer coisa. E não dou* apesar de considerar que, de todos os livros lidos de Günter Grass até à data (contei seis com este incluido), este é, sem sombra para dúvidas, o melhor. É declaradamente auto-biográfico. 

Neste livro Grass confessa-se. Confessa aquilo que muitos alemães, que viveram a Guerra, procuraram ocultar dos outros e de si próprios no pós Segunda Guerra Mundial por vergonha: pertenceu às SS. O seu papel não foi relevante nas SS, mas ainda assim integrou-as e isso foi o bastante para se sentir culpado, envergonhado com isso, sentimentos que o acompanharam toda a vida. Até ao último dia. 

Neste "Descascando a Cebola" ficamos também a compreender a relação existente entre as obras de Grass e a sua vida. Cada uma delas quase que tem, ou tem mesmo, algo de auto-biográfico. É uma leitura interessante, sobretudo para aqueles que pretendam conhecer um pouco da "psique" alemã mais recente. 

* - Porque tive momentos em que achei que o autor se esgotou em alguns temas, como a imperiosa necessidade de satisfação de desejo sexual do autor, uma vez terminada a Guerra. O tema podia ser abordado, sim -somos humanos de carne e osso - , mas creio que o foi de forma excessiva e isso tornou-se, para mim, aborrecido... E essa foi uma das críticas feitas aquando da publicação na Alemanha e é, no meu entender, justificada.