quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

A Boneca de Kokoschka, de Afonso Cruz


"A Boneca de Kokoschka" de Afonso Cruz. 
Quetzal, 2014
241 Páginas


Tive "A Boneca de Kokoschka" de Afonso Cruz cerca de quatro anos, parada na estante, à espera de ser lida... Durante esse tempo, peguei nele várias vezes, mas de todas as vezes voltei a largá-lo. Tinha receio de estar prestes a apanhar uma desilusão quando lhe pegasse a sério, até porque, apesar de já ter ouvido falar de Afonso Cruz e bem, nunca tinha lido nada escrito por ele. 

Todavia, supresa das surpresas, gostei e gostei muito! Demorei um pouco a mergulhar na história que dentro dela tem outra história e depois mais outra (todas relacionadas com a dita boneca), mas valeu a pena. E, no fim, consegui perceber a razão de ser deste título, cujo significado é bem distinto daquele que esperava inicialmente. Fiquei decepcionada por me ter "enganado"? Não. O autor "trocou-me" as voltas e valeu a pena. Devo, porém, sublinhar que foi o significado que, literalmente, me pareceu estar contido no título, bem como o resumo do livro versando sobre uma história passada na Alemanha destruida pela Guerra (a Segunda Grande Guerra, entenda-se), as motivações para a minha escolha. 

Para além da própria construção da "história" deste livro, gostei de alguns excertos sobre a Liberdade e a Prisão, sobre o Universo, a Separação e a União/Amor, sobre a necessidade de convivermos com os outros para existirmos efectivamente (o homem não é uma ilha). Ainda continuo com eles em mente... como se tivesse ficado "cativa" dos mesmos, acertados e, ao mesmo tempo, curiosos. Gostei, de igual modo, da forma de escrita, diferente e criativa, e fiquei curiosa para ler outros livros de Afonso Cruz!

https://www.goodreads.com/review/show/2726325637

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Histórias de Roma, de Enric González


"Histórias de Roma" de Enric González 
Tinta da China, 2014
142 Páginas


Jornalista de profissão, foi enquanto correspondente do jornal El Pais que o espanhol Enric González recolheu em Roma "o material" necessário à elaboração deste interessante livro, onde conta as suas experiências mais relevantes na capital italiana, alguns dos segredos da cidade e várias particularidades culturais da "bella Italia" . 

"Histórias de Roma" é uma leitura agradável não só para quem ainda não conhece Roma e está curioso (como é o meu caso), como também para quem já lá esteve e pretende recordar e/ou reviver a sua experiência, acrescentando-lhe eventualmente um ou outro aspecto cultural ainda desconhecido (quer este seja mais de âmbito local, quer seja de âmbito mais nacional) e mais facilmente apreendido quando se vivenciam mais do que uns dias de férias nesta cidade. 

Gostei muito!

https://www.goodreads.com/review/show/2634087772

Descomplica, de Sofia Castro Fernandes


"Descomplica" de Sofia Castro Fernandes
Manuscrito, 2018
230 Páginas

Por vezes, faz falta ler este tipo de livros. Por vezes, faz falta levar uma injeção de optimismo e auto-confiança e reorientar os nossos passos no caminho da vida, após alguma reflexão feita em silêncio para fora, mas em intenso diálogo com o interior de nós próprios...

Acompanho, embora de forma não tão frequente como há uns anos atrás, a evolução do blogue de Sofia Castro Fernandes e li inclusivamente há uns anos o seu primeiro livro, "Às 9 no meu livro". 

Gosto da mensagem que passa e das boas sensações que transmite através das suas palavras, sendo que este é um livro que se lê de forma fluída. À semelhança do anterior e contrariamente ao que eu fiz, penso que o ideal será ler cerca de uma página por dia, de forma a interiorizar bem a ideia de que o melhor mesmo é descomplicar. 

Este livro está dividido em 11 partes, cada qual correspondente a um verbo capaz de "transformar" a nossa vida. O estilo apresentado é um pouco diferente do do primeiro livro da autora, mas em alguns casos senti que já tinha lido aquela(s) mesma(s) frase(s) no passado, soando-me a uma certa repetição que admito não ser grande fã (entre os dois livros, note-se). 

Todavia, no geral, gostei do livro!

https://www.goodreads.com/review/show/2719913625

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Ho'oponopono Universal, de Juliana de Carli


"Ho'oponopono Universal" de Juliana de Carli
Nascente, 2013
128 Páginas


Este livro aborda de forma simples e objectiva, um "método" havaiano usado para transmutar pensamentos e, assim, energia. Uma das ideias defendidas é que nós não temos culpa, mas sim responsabilidade pela forma como pensamos e agimos. 

Diria que o "Ho'oponopono", que me foi apresentado pela primeira vez por uma reconhecida (e amiga) fisioterapeuta num hospital público, funciona um pouco na linha de que se nós controlarmos a negatividade dos nossos pensamentos em relação a uma pessoa que agiu menos bem connosco, ou a uma situação desfavorável, podemos sentir-nos não só melhor, como também evitar o surgimento posterior de doenças físicas. Não temos controlo sobre o exterior, mas podemos controlar a nossa atitude e os nossos pensamentos relativamente a isso... 


A Montanha Mágica, de Thomas Mann



"A Montanha Mágica" de Thomas Mann
Publicações Dom Quixote, 2014
816 Páginas 



Adorei Thomas Mann em "Os Buddenbrook", que está mesmo entre os meus livros preferidos, mas não consegui ficar a adorar Thomas Mann em "A Montanha Mágica"... 

Mann debate, diria que, tudo e mais alguma coisa nesta sua "Montanha". E ainda que tenha considerado muitos dos debates e reflexões em causa extremamente interessantes, muitos houve que me aborreceram e não me interessaram assim tanto... Fiquei, em alguns casos, com vontade de saltar texto, virar umas quantas páginas, apressar a leitura ou fechar o livro e ir dormir mais cedo. 

Adorei, todavia, as várias reflexões que fui encontrando em torno do tema do tempo. Fascinantes, mesmo! Creio que estas foram o que mais gostei na obra.


https://www.goodreads.com/review/show/2639911989

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Der Freund und der Fremde, de Uwe Timm


"Der Freund und der Fremde" de Uwe Timm
DTV, 217
173 Páginas


Neste seu livro Uwe Timm aborda a sua amizade com Benno Ohnesorg, dando-nos a conhecer um pouco de quem este era como pessoa e qual o seu percurso de vida até este ter decidido estudar literatura. Ohnesorg foi baleado e acabou por morrer durante uma manifestação estudantil contra o Xá do Irão, Mohammad Reza Pahlavi (que tinha ido assistir a uma ópera), em Berlim (na RFA) nos anos sessenta. 

Para além de algumas referências literárias a autores debatidos entre ambos, ficamos a conhecer também alguns pormenores auto-biográficos de Timm no seu percurso como estudante de literatura e na perseguição do seu sonho de vir a ser escritor. 

Gostava de ter ficado a conhecer um pouco mais acerca de Ohnesorg, mas o tema do livro é mesmo a amizade entre ambos. Senti que, por vezes, as "interferências" literárias a este e aquele autor no meio da narrativa quebravam um pouco o ritmo e nem sempre consegui compreender devidamente o seu porquê naquele momento e naquele lugar. A forma como relata a perda, sendo dolorosa, é bonita e o facto dos dois terem começado as suas vidas noutras áreas e depois terem rumado ao sonho de serem escritores deixou-me a pensar... Nunca é tarde para mudarmos o rumo de nada; pelo menos enquanto há vida!

Por fim, e no que respeita ao título da obra, "o aparente trocadilho" entre Freund (amigo) e Fremde (estranho, desconhecido, estrangeiro) pode ficar a dever-se, por um lado, ao facto de Ohnesorg ser simultaneamente um amigo e um estranho para Timm; um estranho porque houve várias coisas que este e até a própria familia só viriam a conhecer após a sua morte; ser introvertido resulta, por vezes, em passar aqui e ali sem que nunca nos tenham conhecido completamente/profundamente e talvez sem que tenhamos tido o tempo necessário para poder deixar a nossa "marca" nos outros, embora isto seja discutivel, bem sei. Por outro lado, o estranho pode, de igual modo, aludir à obra de Albert Camus, "L'Étranger", objecto de discussão entre os dois amigos. 

Interessante. 

https://www.goodreads.com/review/show/2680416014