sexta-feira, 30 de agosto de 2019

O Tempo Entre Costuras, de María Dueñas


"O Tempo entre Costuras" de María Dueñas
Porto Editora, 2016
624 Páginas


Apesar de estar sobejamente bem escrito e ter uma história muitissimo bem articulada no espaço, no tempo e nas personagens, lutei até mais de metade do livro com a vontade de desistir do livro... Por sentir que talvez não fosse o livro adequado a ler neste precioso momento. Ainda assim, e porque a teimosia é um traço da minha personalidade, não desisti e li-o até ao fim. 

Parti para a leitura com as mais altas expectativas devido a opiniões muito favoráveis que tinha ouvido e lido acerca deste romance de María Dueñas. E ter altas expectativas não é de todo uma coisa boa em nenhuma circunstância, sendo preferivel partir para as situações e, neste caso concreto, para a leitura de coração e mente abertos. 

Gostei do que li. Gostei da evolução que a personagem principal, a modista Sira, faz ao longo da narrativa. Gostei do enquadramento histórico e do recurso à espionagem. Gostei da referência/passagem da personagem por Lisboa e pelo Estoril no tempo do Estado Novo, sobretudo porque a autora não é portuguesa e sim espanhola, mas o livro não me agarrou por inteiro em nenhum momento... 

Foi como se tivesse posto água ao lume (sendo desejável que esta fervesse) para fazer chá e ela nunca passou de morna... Isso. Queria ter sentido mais. Todavia, na maioria das vezes, não consegui sentir nada. Não me senti "viver" estes dias com Sira como acontece nos livros que me conseguem agarrar por inteiro... Como diz a letra da música "Carta" dos Toranja, "a mim passou-me ao lado".

"O Tempo entre Costuras" não me conseguiu nem arrebatar nem surpreender, deixando-me um leve sabor a desilusão que, porém, não deve dissuadir os possíveis curiosos/interessados em o ler até pelas razões já apontadas. Se essa é a vossa vontade/interesse, sigam em frente, leiam e tirem as vossas próprias conclusões!

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Não existem coincidências, de Louise L. Hay



"Não existem coincidências" de Louise L. Hay
Pergaminho, 2018
268 Páginas


O que é que existe? Destino ou livre-arbitrio? Ou ambos?

Este livro, pleno de histórias contadas por amigos de Louise Hay, parece-me que segue a linha de que todos temos um destino, um caminho, uma espécie de missão a cumprir em vida. 

Li histórias que me tocaram particularmente, outras que me passaram completamente ao lado sem que eu tivesse compreendido o "porquê" de me estar a cruzar com elas e de ali estarem publicadas. 

No geral, gostei do que li, mas creio que não é um tipo de leitura que possa interessar à grande maioria das pessoas. Penso que quem o quiser ler, deve mesmo ser alguém que se interesse por este tipo de assuntos e que, no mínimo, tenha algum tipo de curiosidade sobre o mundo espiritual (e não necessariamente religioso). 

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

A Magia da Autoestima, de OSHO

"A Magia da Autoestima" de OSHO
Pergaminho, 2014
343 Páginas


Este é o segundo livro que leio de Osho e continuo a gostar da forma como o autor desafia os leitores a pensarem diferente, a questionarem aquilo em que acreditam.

Boa parte deste livro questiona o ser-se religioso, seguir esta ou aquela religião e qual a sua relação com o medo. Essa parte não foi a que mais me interessou porque eu queria ler acerca da autoestima e do modo como esta se estrutura ou não.

Uma menor parte do livro, para mim central, aborda a consciência, a inconsciência e a subconsciência. Debruça-se sobre o ego, o respeito por si próprio (e como procurar pelo "verdadeiro eu"), a humildade e a renúncia. Esta foi, sem dúvida, a parte que mais gostei de ler porque permitiu reflectir também sobre algo como a diferença entre resposta e reacção.

Apesar do que acabei de expor, consegui gostar no geral de "A Magia da Autoestima".



Amor Primeiro, de Ivone M. Martins


"Amor Primeiro" de Ivone M. Martins
Alma Mater, 2019
288 Páginas


Dizem que tudo tem um tempo certo para acontecer e "Amor Primeiro" encontrou-me nesse mesmo tempo... 

Atravessou o Atlântico, vindo do Brasil, escrito por alguém muito especial para mim que já viveu em África, na Europa e agora está na América (Brasil).

Mal o recebi, feita uma longa viagem, folhei as primeiras páginas e senti-me logo como que cativa, pelo que não o consegui largar até o terminar... Tive de deixar os outros quatro livros que estava a ler ao mesmo tempo de lado porque este, sim, é que me estava a alimentar a alma e a sossegar o coração. 

"Amor Primeiro" é daqueles livros que parece que se sentam connosco a conversar, ajudando a arrumar ideias. E é um romance passado em Portugal durante o Estado Novo e no período pós Estado Novo (sem esquecer uma parte decorrida no tempo da Inquisição e do Terramoto de 1755), pelo que teria todo o interesse em também ser publicado/difundido deste lado do Atlântico. Fala-se de Liberdade, de Amor (Primeiro e Primeiro Amor que não são a mesma coisa), de ciúme, de Paixão, de Almas, de Reencarnação, de Sentir, de Egoísmo, ... 

Escrito com alma como só quem sente tão intensamente consegue fazê-lo, é transparente e profundo, sábio, iluminando-nos o caminho... no tempo certo. São poucas as vezes, pelo menos até à data, em que consigo ficar tão ligada a uma personagem, em que me identifico tanto com ela... a compreendo e admiro. Aconteceu com "Amor Primeiro" com Alma, uma personagem cheia de história passada e raízes que aprende com o tempo a autoconhecer-se e a fazer o que é melhor para ela, com o coração, aliando a necessidade de se sustentar através de algo mais material com a necessidade, quase que urgência diria, da espiritual poesia.

As obras são, por norma, produto dos contextos em que são criadas e têm muito, muito, muito dos seus criadores. "Amor Primeiro" não é excepção porque tal como o testemunham outras vozes no início do livro há muito da sua autora espalhado pelas opções e caracteristicas de algumas personagens, mas também, como não poderia deixar de ser, na própria forma de escrever... Espiritual, mágica, cheia de um amor equilibrado pelas palavras e pelas ideias. 

Adorei lê-lo e ficará para sempre comigo e em mim... Coisa que poucos, muito poucos livros conseguem efectivamente! 

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Amor, Liberdade e Solidão, de OSHO

"Amor, Liberdade e Solidão" de OSHO
Bertrand Editora, 2017
308 Páginas



Este é aquele tipo de livro destinado a agitar, a trocar-nos as voltas, a testar as nossas certezas e a deixar-nos a pensar... Eventualmente cheios de dúvidas mesmo após termos concluido a sua leitura. 

Adorei lê-lo, apesar de não concordar com tudo o que li... Há coisas que a minha experiência de vida me tem provado serem diferentes... Outras há que eu sentia de forma intuitiva, como ideias em formação que ainda continuarão a ser... 

"Amor, Liberdade e Solidão" é um livro incómodo. Desafia-nos. E demonstra que é possível e desejável manter, de forma saudável, amor, liberdade e solidão na forma como nos relacionamos amorosamente. 

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Se isto é um Homem, de Primo Levi

"Se isto é um Homem" de Primo Levi
Publicações Dom Quixote, 2013
183 Páginas


Há vários livros, testemunhos verídicos, acerca do Holocausto. Já li vários também, mas a verdade é que não há um igual ao outro.

Neste "Se isto é um Homem", Primo Levi demonstra o quão baixo e mesquinho o Homem pode chegar tratando outro homem, outros homens... Por causa da raça, por causa da religião, por causa da sua capacidade e/ou incapacidade.

Comparativamente a outros livros que já li acerca deste tema, Levi parece-me ser aquele que tem a visão mais pessimista acerca do desfecho e do rumo que a vida dele e de todos aqueles prisioneiros irá tomar. É muito realista. Demasiado, talvez. Mas como se pode ser idealista e ainda ser optimista q.b. quando é a desumanidade que parece vencer dia após dia, numa espera sem fim pelo fim que até pode ser o fim de tudo?! Pois... Só mesmo o inesperado pode trazer um pouco de luz no meio de tanta escuridão... 

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Vamos Comprar um Poeta, de Afonso Cruz


"Vamos Comprar um Poeta" de Afonso Cruz
Editorial Caminho, 2016
101 Páginas

Lê-se rápido, demasiado rápido, diria, para um livro tão bonito... E isso faz com que as suas 101 páginas saibam a pouco, deixando-nos com vontade de mais...

Afonso Cruz faz em "Vamos Comprar um Poeta" uma espécie de apelo à importância da arte nas nossas vidas, escolhendo a poesia para o demonstrar. 

É certo que não é a poesia que, por norma, nos compra a comida, a roupa e a casa onde vivemos, mas a imaginação e a criatividade podem fazer toda a diferença em qualquer trabalho que sirva "para nos pagar a existência", alimentando-nos a alma, tornando-nos mais livres e eventualmente mais felizes... Dando cor aos dias mais cinzentos! 

Além do que a arte é cultura e a cultura é a essência de um povo, a sua identidade!

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

No Limiar da Eternidade, de Ken Follett


"No Limiar da Eternidade" de Ken Follett
Editorial Presença, 2014
1022 Páginas



E eis que termino de ler a trilogia "O Século"...!

Dos três volumes este foi, sem dúvida, aquele que gostei menos. As suas 1022 páginas pareceram-me excessivas, embora não entendiantes. Longe disso. A leitura faz-se sem esforço e é agradável. A verdade é que com menos 200 páginas teria-se certamente resolvido a história...

Este volume centra-se na divisão da Alemanha em duas Alemanhas, no muro de Berlim e no papel que este teve não só para a Alemanha propriamente dita como no contexto da própria Guerra Fria, na luta pelos direitos dos negros nos EUA e dos homossexuais no Reino Unido, acompanhando a evolução da URSS até à chegada de Gorbachov. A liberdade e a transformação de valores é também abordada sobretudo sob o signo "sexo, drogas e rock'n'roll".

Gostei no geral do livro, mas tive dificuldade em "entrar" numa história onde as primeiras personagens que surgem são filhos e filhas de relações iniciadas no fim do segundo volume. Ou seja, só já várias páginas depois do inicio é que nos é explicado quem é quem, sendo que há personagens do segundo volume que quase não aparecem neste volume e quando surgem, surgem com um papel marginal. Uma das realidades familiares que mais tive dificuldade em compreender foi a russa porque há personagens anteriores cuja existência se esfumou neste livro sem que eu tivesse percebido o que lhes tinha acontecido. Há mais duas situações destas... Uma na realidade familiar americana e outra na inglesa. Tratando-se de uma trilogia acompanhando a evolução das familias inglesa, galesa, americana, russa e alemã seria desejável perceber a evolução das mesmas segundo uma transição um pouco mais lenta... Este volume começa, nesse sentido, um "bocado a seco". De igual modo, senti muita superficialidade na forma como as personagens se relacionam entre si, mesmo em contexto amoroso, o que não senti verificar-se anteriormente.

A realidade que mais me agradou ler porque me pareceu escrita de uma forma não tão apressada foi a alemã e a relação desta com as demais... O impacto que o muro teve na vida de tantas familias que acabaram separadas, algumas até irremediavelmente "destruídas"... Isto não é novo para mim; porém uma coisa é ler documentação histórica, política disto e outra bem distinta é imaginar e "viver" a vida de pessoas comuns (vá, eu sei que são personagens e isto é ficção) que experimentaram na pele tudo isto tendo as suas vidas privadas afectadas...

No geral, adorei esta trilogia. Este volume está interessante... Todavia, acho que "O Século" passava bem apenas com dois volumes, até pela forma como termina o segundo volume. "No Limiar da Eternidade" parece-me aquele livro que, apesar de bem feito e sem dar azo a tédios, nasce da "cegueira" que um grande sucesso, por vezes, traz. Follett poderá ter pensado apenas em dois volumes, mas por ter sido tão bem sucedido e ter tido tão boa aceitação por parte do público pensou, então, num terceiro volume... que teria de ser indubitavelmente um sucesso também. Talvez. Talvez teria e talvez seja... Só que eu continuo a achar os outros dois livros melhores!