domingo, 31 de maio de 2020

Coragem. A alegria de viver perigosamente, de OSHO


"Coragem. A alegria de viver perigosamente" de OSHO
11x17, 2018
206 Páginas

"(...)A via do coração é a via da coragem. É viver em insegurança; é viver em amor e confiança; é movimentar-se no desconhecido. É deixar o passado e permitir que o futuro seja. Coragem é movimentar-se por caminhos perigosos. A vida é perigosa, e só os cobardes evitam o perigo - mas é porque eles já estão mortos. Uma pessoa que está viva, viva de verdade, viva com vitalidade, estará sempre a mover-se no desconhecido. Existe aí um perigo, mas essa pessoa correrá o risco. O coração está sempre pronto a correr riscos, o coração é um jogador. A cabeça é um negociante. (...) está sempre a calcular - é astuta. (...)" [p. 18]

Esta é uma das passagens que, para mim, melhor espelham o que podemos ler neste livro de OSHO, intitulado "Coragem: A Alegria de Viver Perigosamente".  Mais um livro destinado a agitar ideias e a questionar aquilo que temos como verdade, cómodo e confortável. 

Não é objectivamente sobre o medo (o autor tem um especificamente sobre o tema, porém a edição traduzida para língua portuguesa encontra-se esgotada) que OSHO aqui escreve, mas é sobre enfrentar o medo, ter coragem... Coragem essa que mais não é do que seguir o coração. 

Gostei muito mais uma vez, ainda que tenha aqui encontrado uma parte ou outra que me tenha agradado menos. Porém, isso não impediu que tivesse acabado a leitura de mais este livro com satisfação, que tivesse ficado a pensar no tema depois e que queira ler mais livros do autor. 

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Frente ao Contágio, de Paolo Giordano


"Frente ao Contágio" de Paolo Giordano
Relógio D' Água, 2020
65 Páginas



"Frente ao Contágio" de Paolo Giordano é daqueles livros que, daqui a vários anos (provavelmente quando nenhum de nós existir mais), constituirá um importante testemunho do que foi viver uma pandemia (com as dimensões desastrosas que esta já leva...) em 2020, no século XXI. 

Abdicando de parte dos direitos de autor (que serão entregues para a gestão da emergência sanitária e para a investigação científica), o autor italiano - de Turim, no norte de Itália - aborda muitos dos comportamentos/sentimentos que muitos de nós já testemunharam directa ou indirectamente ao longo desta crise. E ainda que, sob esse ponto de vista, "Frente ao Contágio" não apresente nada de novo, dá voz escrita e eterna aos tempos estranhos que correm. 

Giordano, vencedor de dois importantes prémios com a obra "A Solidão dos Números Primos" (Prémio Strega e o Prémio Campiello Opera Prima, ambos em 2008), tem em "Frente ao Contágio" uma escrita que é um misto de estilo literário com estilo científico, sem abusar de nenhuma delas e muito menos da última. Diria que tem um jeito muito próprio de escrever que, em certa medida, deixa transparecer a sua formação de base (é Doutor em Física).

Gostei, porém, muito mais da primeira metade do livro do que da segunda (que me pareceu algo superficial) e, no que respeita à primeira um dos textos que mais me impressionou, por me recordar um video que vi quando a pandemia chegou a Portugal em força (pouco antes de ser declarado o primeiro Estado de Emergência) foi o do R0, a propósito da forma como o contágio se processa, recorrendo aos berlindes como exemplo. Aliás, impressionou-me tanto que o deixei quase todo sublinhado!

Aqui fica uma pequena passagem: (...)" Imaginemos que somos sete mil milhões e meio de berlindes. Estamos suscetíveis e parados, quando de súbito um berlinde infetado avança sobre nós a toda a velocidade. Este berlinde infetado é o paciente zero e tem tempo para atingir dois outros berlindes antes de parar. Estes últimos ressaltam e atingem outros dois na cabeça. Uma e outra vez. Uma e outra vez. Uma e outra vez. (...)" (p.17)

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Assim falou Zaratustra, de Friedrich Nietzsche

"Assim falou Zaratustra" de Friedrich Nietzsche
Publicações Europa-América, 2008
324 Páginas


"Assim falou Zaratustra" é, segundo consta, a "Magnum Opus" de Friedrich Nietzsche, tendo sido publicada pela primeira vez em 1883. 

Escrito em forma de poema (filosófico como figura e bem na capa da edução que li da Europa-América), este é o primeiro livro que leio de Nietzsche, embora já me tenha cruzado com o seu pensamento e episódios relativos à sua vida por diversas vezes. 

É preciso gostar de pensar. É preciso gostar de filosofia para ler este livro até ao fim e apreciar. E claro ter algum interesse em Nietzsche. 

No que me respeita, devo dizer que adorei não só a forma como está escrito, como também o conteúdo apresentado... com ideias muito pertinentes... e realistas! É soberbo! Li-o agora com muito mais bagagem (em todos os níveis) do que quando o quis ler anteriormente numa primeira tentativa há vários anos atrás. 

Um dos aspectos que me chamou particularmente à atenção foi o facto de Zaratustra descer da montanha, e regressar várias vezes à montanha, após uma temporada de dez anos desfrutando aí da solidão. Fez-me lembrar "A Montanha Mágica" de Thomas Mann. Pareceu-me, aliás, quanto a este aspecto um eco. Em ambos os casos, a montanha surge como um simbolo de transcendência, de encontro do céu e da terra (alma e corpo?) e um elemento importante da cultura germânica. 



quarta-feira, 6 de maio de 2020

Marlene und die Suche nach Liebe, de C. W. Gortner

"Marlene und die Suche nach Liebe" de C. W. Gortner
Aufbau Verlag, 2019
544 Páginas



Existente também em língua inglesa, este é um romance histórico acerca da actriz e cantora alemã Marlene Dietrich. Não é uma biografia. 

Ao contrário do que se poderia eventualmente esperar, as suas 500 e tal páginas não fazem deste livro um calhamaço aborrecido, monótono e indigesto. Aliás, embora tenha sido forçada a fazer muitas paragens na sua leitura (por razões que são, na verdade, alheias à qualidade e dimensão de ,,Marlene und die Suche nach Liebe" [Marlene e a procura de amor]), nunca perdi "o fio à meada", o interesse na evolução da história e nos altos e baixos pelos quais Dietrich passa ao longo da sua intensa e agitada vida. 

Dietrich vive as duas Guerras Mundiais. Perde o pai cedo. Tem uma vida amorosa atribulada. Não quer ser violinista como a mãe tanto desejava e tem com ela uma relação algo dificil. Experimenta o fracasso, depois o sucesso. Deixa a Alemanha e vai para os EUA, onde atinge o auge da sua carreira...

A escrita é bastante agradável e o tempo em que decorre é-me especial. O autor descreve e aborda as mudanças ocorridas na sociedade e na vida política da Alemanha com bastante detalhe, sem ser exaustivo. O resultado é um romance histórico interessante que me ficará certamente na memória, como aliás ficou, reparei agora, um outro livro que já li anteriormente do mesmo "Mademoiselle Chanel" (aqui: https://outraformadeviajar.blogspot.com/2017/04/mademoiselle-chanel-de-cw-gortner.html). 

Gostei muito.

domingo, 3 de maio de 2020

Encontros com Pessoas Extraordinárias, de OSHO


"Encontros com Pessoas Extraordinárias" de OSHO
11X17, 2018
331 Páginas

"Encontros com Pessoas Extraordinárias" é um livro sobre as ideias centrais de um conjunto de pessoas que Osho considerou como "mais notáveis do mundo" e que, na sua perspectiva, passam habitualmente ao lado dos historiadores. São-nos igualmente dados a conhecer alguns aspectos da vida destas pessoas e, neste sentido, este pode ser um livro interessante para quem, como eu, gosta de ler biografias e romances históricos. 

Também acredito ser uma boa opção para os amantes de filosofia como eu, até porque entre essas pessoas que o autor considerou como extraordionárias encontram-se vários filósofos como Sócrates, Heraclito e Friedrich Nietzsche. Para aqueles que não forem amantes de filosofia, mas tenham curiosidade acerca destas figuras e outras, vale a pena na mesma ler este livro. 

Gostei bastante do que aqui li, tendo tido oportunidade de rever alguns conhecimentos e adquirir outros... novos. Uma das figuras que continua a despertar a minha curiosidade há já vários anos, e Osho conseguiu acicatar ainda mais essa curiosidade, é Nietzsche. Parece-me que é desta que agarro e leio mesmo sem largar "Assim falou Zaratustra"!