segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O Vento dos Outros, de Raquel Ochoa

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"O Vento dos Outros" de Raquel Ochoa
Marcador, 2012
195 Páginas


Este é um livro que cobre as viagens que a autora realizou durante seis meses por alguns países da América do Sul. Costa Rica, Peru, Chile e Pantagónia Argentina são os locais por onde passa e em todos eles há algo comum... O vento e as montanhas altas. Os encontros e desencontros. Portugueses do outro lado do Atlântico em viagem ou ali estabelecidos. Paixões de ocasião. Amores de momentos. As misturas de povos. Europeus misturados indígenas só para dar um exemplo. E muita história, muito passado por contar das místicas civilizações que por ali passaram.


Embora tenha gostado do livro, acredito que a obra teria ficado a ganhar se a autora tivesse dado um pouco mais de si e do modo como estava a sentir toda a experiência. Porque descreve as paisagens, as pessoas e conta-nos as tradições daqueles povos... Mas centra-se, talvez, essencialmente e sobretudo nos outros. E, por vezes, esquece-se de falar de si (ou talvez o faça de forma intencional). Fá-lo em alguns momentos, é certo. No entanto, penso que poderia tê-lo feito mais, enriquecendo a obra e, consequentemente, deixando os seus leitores a ganhar.

À parte disso, é uma escritora cuja escrita promete. Note-se que este foi apenas o seu primeiro livro...!

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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Kafka à Beira-Mar, de Haruki Murakami




"Kafka à Beira-Mar" de Haruki Murakami
Casa das Letras, 2014
589 Páginas


Imprevisivel. Misterioso. Troca-nos as voltas. Profundo.

Esta é a primeira vez que leio um livro de Haruki Murakami e devo dizer que o recomendo e muito. São 589 páginas que não têm o peso de 589 páginas. O livro lê-se com uma leveza e ao mesmo tempo profundidade curiosas.

Assim, e constituido por três histórias diferentes, o livro "Kafka à Beira-Mar" tem duas (destas três) histórias que se cruzarão a dada altura na história e que se encaixarão de uma forma perfeitamente lógica. E quase mágica. Também mágica é a forma como Haruki Murakami aborda a Liberdade e o Destino, a Vida e a Morte, fazendo-o de uma forma que nos leva a "mergulhar" suavemente nestes temas (nem sempre simples e consensuais) e sem medos...

Finalmente, de sublinhar também é a forma natural com que este autor japonês recorre a muitos elementos culturais (literários e musicais) da cultura dita de ocidental. Simplesmente fantástico! O que torna este livro ainda mais rico!

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"Por vezes o destino é como uma pequena tempestade de areia que não pára de mudar de direcção. Tu mudas de rumo, mas a tempestade de areia vai atrás de ti. Voltas a mudar de direcção, mas a tempestadepersegue-te, seguindo o teu encalço. Isto acontece uma vez e outra, como uma espécie de dança maldita com a morte ao amanhecer. Porquê? Porque esta tempestade não é uma coisa que tenha surgido do nada, sem nada que ver contigo. Esta tempestade és tu. Algo que está "dentro" de ti. Por isso, só te resta deixares-te levar, mergulhar natempestade, fechando os olhos e tapando os ouvidos para não deixar entrar a areia e, passo a passo, atravessá-la de uma ponta a outra".


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terça-feira, 26 de agosto de 2014

O Último Ano em Luanda, de Tiago Rebelo


"O Último Ano em Luanda", de Tiago Rebelo
Editorial Presença, 2008
480 Páginas


"O Último Ano em Luanda" conta, apoiado em bibliografia de referência, uma história que poderia ser a história de qualquer um dos portugueses que, na sequência do 25 de Abril de 1974 e declarada a independência de Angola a 11 de Novembro de 1975, tiveram de abandonar tudo em Angola e regressar sem nada (ou quase nada) para Portugal. 


A escrita de Tiago Rebelo, cuja qualidade desconhecia, embora já tivesse ouvido falar muito bem, surpreende positivamente o leitor. Tiago Rebelo capta com técnica e mestria a atenção do leitor que, em vários momentos, se vê no dilema de parar a leitura e ir fazer o que tem de fazer e/ou continuar a leitura e deixar tudo para fazer depois. E isto acontece tanto pela história como pela própria escrita do texto. 

Recomendável... Muito!

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sábado, 16 de agosto de 2014

Nós por aí, de Diogo Amaral e Vera Kolodzig



"Nós por aí" de Diogo Amaral e Vera Kolodzig
Oficina do Livro, 2014
207 Páginas




"Nós por aí" é um diário de uma viagem de três meses, feita pelos actores Diogo Amaral e Vera Kolodzig, ao outro lado do mundo. Tailândia, Vietname, Cambodja, Malásia e Filipinas... Todos países asiáticos, com uma breve passagem pela Oceânia e, mais concretamente, pela Austrália. 


É uma leitura leve e retemperadora que nos leva a "viajar" lado a lado com os dois actores, a descobrir o mundo asiático e a vislumbrar imagens de outras culturas tão diferentes da ocidental.


As fotografias que acompanham o texto são execlentes para esta aproximação e para que o leitor viaje. Praias paradisiacas, templos majestosos, o nascer e o pôr do Sol... Vale mesmo a pena!


Engraçada é também a forma como começa cada capítulo, com uma frase de alguém célebre (português ou não); e como termina cada capítulo, com informações úteis sobre os locais (moeda, meteorologia, como chegar, alojamento, ...) e mapas. 



Um interessante diário de viagem a ler, sem dúvida!!! 

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sexta-feira, 18 de julho de 2014

As Praias de Portugal. Guia do Banhista e do Viajante, de Ramalho Ortigão



"As Praias de Portugal. Guia do Banhista e do Viajante" de Ramalho Ortigão
Quetzal, 2014
208 Páginas


Este é um livro sobre as praias portuguesas, e o que de melhor cada uma delas tem tanto ao nível das suas características espaciais, como também das suas características populacionais, mas sobretudo sobre o mar. 

Sobre a sua importância no carácter e na história do povo português, reflectindo-se nas obras arquitectónicas e nas obras literárias, e sobre os seus efeitos benéficos na saúde dos banhistas tanto física como psicologicamente. 

E o mar português tem ainda uma outra característica de que não devemos abdicar, a água fria, como refere Ramalho Ortigão. Escusado será dizer que as praias do Sul são em "As Praias de Portugal" deixadas de lado, sendo que a obra se centra essencialmente nas praias do Norte de Portugal continental. 

Mas a obra merece a nossa leitura nestes dias quentes de Verão...É retemperadora!

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"A praia, como todas as da grande baía do Tejo, é lisa, plana, de areia fina. O mar tranquilo, sereno como um lago, o melhor dos banhos, na maré enchente, para as crianças fraquinhas, para as mulheres débeis, fatigadas. 
O forte mar que bate as rochas da praia da Foz, da Figueira, de Leça, da Póvoa de Varzim, convém mais particularmente aos fortes, às grossas constituições linfáticas alentadas e moles, que precisam do exercício da resistência e da luta. As praias do Tejo, de Pedrouços a Cascais, são acomo as dos golfos da Itália e as da baía de Arcachon, as mais propícias à constituição dos valentudinários e dos anémicos. (...)" [Ortigão, 2014, p.63]

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terça-feira, 3 de junho de 2014

O Outro Homem e Outras Histórias, de Bernhard Schlink



"O Outro Homem e Outras Histórias" de Bernhard Schlink
Edições Asa, 2009
224 Páginas




Em "O Outro Homem e Outras Histórias", Bernhard Schlink coloca em evidência, através de sete histórias que têm sempre como base o amor, alguns dos tabus que ainda persistem na sociedade alemã do pós II Guerra Mundial, nomeadamente o desconforto alemão em relação aos judeus (que se pode, tornar num fardo ainda maior e mais pesado quando verificado num relacionamento amoroso) e a dificuldade em lidar (depois do fim da Guerra) com um passado ocorrido durante o III Reich alemão quando a Justiça se conseguia, por exemplo, com a punição de alguém que prestava ajuda aos judeus.
 

A culpa é, sem dúvida, algo que é transversal a todas as histórias, estando em alguns casos relacionada com o peso pesado que o Holocausto ainda continua a exercer para os alemães (enquanto culpa histórica), mas também na relação entre alemães e judeus ainda hoje...

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sábado, 29 de março de 2014

Dalí e Eu. Uma História Surreal, de Stan Lauryssens

"Dali e Eu. Uma História Surreal" de Stan Lauryssens
Editorial Presença, 2010
211 Páginas

Antes de mais convém referir que esta é uma obra de não ficção. Uma obra de não ficção acerca de um negociador de obras do pintor espanhol Salvador Dalí. Obras essas, cuja proveniência era frequentemente duvidosa, mas isso não interessava muito, até porque os compradores das mesmas acabavam por não fazer muitas perguntas acerca delas... Queriam Dalí e pronto.



Ao longo da história, o negociador que era especialista em Dalí vai começando a aperceber-se do real por trás do surreal da vida e obra de Dalí. E fá-lo de perto, muito perto. Chegando mesmo a compreender que até Dalí podia ser duvidoso...


Esta é efectivamente uma história interessante que nos leva a percorrer a vida e a obra de Salvador Dalí (1904-1989) e, ao mesmo tempo, a percorrer a subjectividade do que é o mundo da arte e dos negócios com esta relacionada.


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https://www.goodreads.com/review/show/892277939?book_show_action=false

terça-feira, 4 de março de 2014

Nome de Código Portograal, de Luís Corredoura


"Nome de Código Portograal" de Luís Corredoura
Marcador, 2013
588 Páginas


Aqui está um bom livro para todos os que se interessam pelo tema da Segunda Guerra Mundial e, sobretudo, para aqueles que já pensaram no que poderia ter acontecido se Lisboa tivesse sido invadida pela Alemanha de Adolf Hitler. 

O autor demonstra como conhece bem esta época e muitas das regiões referidas que se localizam em Portugal, articulando tudo isto numa história que bem podia ter acontecido realmente. 


Um reparo apenas para a dimensão das letras que poderá, numa próxima edição, ser aumentada e para a dimensão do livro. Talvez, também, o livro pudesse ser dividido em dois volumes, o que tornaria mais ligeira a sua leitura e cativasse um maior número de leitores: um sobre a invasão de Portugal pelos alemães; e outro sobre a perda de Portugal pelos alemães e a mudança dos ventos da Guerra.


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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A Rapariga que Roubava Livros, de Markus Zusak


"A Rapariga que Roubava Livros" de Markus Zusak
Editorial Presença, 2008
463 Páginas


"A Rapariga que roubava livros" é narrada pela Morte, a mesma Morte que andando de mão dada com a Guerra (aqui a II Guerra Mundial), demonstrando uma certa compaixão por quem leva e por quem fica a chorar os que partem.

A história começa em 1939 e termina em 1943 (do início da Guerra até à perda de Estalinegrado), centrando-se na Alemanha e em particular num subúrbio perto de Munique. Sente-se na sociedade as mudanças impostas pelo III Reich. Conta-se o martírio dos judeus. Conta-se também o martírio das bombas. Há quem seja obrigado a partir para a Guerra e isso faz com que se sinta mais esse sentimento de caos e de ansiedade pelo que se segue... E não se controla de todo. Porque se a Vida é imprevisível, a Guerra (enquanto sinónimo de Morte e Destruição) ainda o pode ser mais.

Conhece-se roubo dos livros que a personagem principal vai fazendo ao longo da história. E é com as palavras roubadas desses livros furtados que ela sobrevive às alterações da sua situação familiar e à própria Guerra.É assim que aprenderá a ler e a escrever.

Em síntese, este é um livro bem escrito e, por isso mesmo, a leitura flui através das suas 462 páginas; quando o leitor se dá conta já chegou ao fim!

https://www.goodreads.com/review/show/832967610?book_show_action=false

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A Estrada da Revolução, de Tiago Carrasco



"A Estrada da Revolução" de Tiago Carrasco
Oficina do Livro, 2012
280 Páginas




Uma aventura (no sentido literal) de três portugueses, com apoio financeiro reduzido ao essencial (porque em Portugal parece que é mesmo assim) e uma vontade inabalável de descobrir "como nasce uma revolução" pelos países do Magrebe e do Médio Oriente a propósito da Primavera Árabe. Trata-se de uma viagem por países onde a religião e a política andam de mão de dada, cheia de improviso, do típico desenrascanço português e sobretudo da capacidade que os portugueses têm de em qualquer parte do mundo se relacionarem com culturas tão distintas da portuguesa e fazerem amizades. E há muitos testemunhos. Dos que viveram na pele a Primavera Árabe. Dos que perderam filhos, irmãos e maridos na revolução em nome da liberdade (que continua a não existir...) E o que é isso? O que é a liberdade, afinal?

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https://www.goodreads.com/review/show/817897823?book_show_action=false