terça-feira, 26 de março de 2019

Ensina-me a voar sobre o telhados, de João Tordo

"Ensina-me a voar sobre os telhados" de João Tordo
Companhia das Letras, 2018
487 Páginas



"Ensina-me a Voar sobre os Telhados" é o primeiro livro que leio de João Tordo. Decidi lê-lo porque queria ler algo deste autor, o título apela ao imaginário, uma parte da história passa-se no Liceu Camões onde estudei e passei uma fase marcante do meu desenvolvimento e, a par de outras "paixões", percebi que faço parte dos admiradores da cultura japonesa, aspecto também explorado neste livro. 

Não é um livro leve. Está longe de o ser. E também não é assim tão simples. Requer paciência e vontade. Vontade de perceber qual é o destino de tudo o que ali está escrito e a mensagem que Tordo pretende transmitir. Admito que tive momentos de arrependimento, de cansaço e tédio, apesar do livro estar bem escrito. Senti que, em algumas circunstâncias, o autor abusou da densidade e disponibilizou um pequeno-grande fardo ao leitor mais corajoso. A carga emocional da parte japonesa da história é qualquer coisa de... muito intenso e doloroso, embora essa parte da história seja para mim a mais bonita. A parte portuguesa da história teve alturas que me pareceu não levar a lado nenhum e só senti essa sensação desaparecer quando se dá o cruzamento desta parte com a parte japonesa. 

É um livro triste. Com histórias de sofrimento, vicio, obsessão e descontrolo. Com algumas personagens extremamente bem arquitectadas, sobretudo do lado japonês. Tordo aborda a questão do alcoolismo, da violência do pai para com o filho, da surdez e do suicidio. 

Gostei, mas não adorei. Tive uns momentos em que pensei se tinha escolhido o livro certo, e na dúvida talvez fosse melhor deixá-lo de lado, e outros momentos em que desejei ler o mais rápido possível para chegar ao fim e poder largar todas aquelas "dores"...!

quarta-feira, 20 de março de 2019

Tönio Kröger/Mario und der Zauberer, de Thomas Mann


"Tonio Kröger/Mario und der Zauberer" de Thomas Mann
Fischer Verlag, 2018
127 Páginas


Este é o estilo de Thomas Mann que eu mais aprecio. Lírico e inquietante, sem se perder em excessos para além daqueles que são próprios de algumas das suas personagens e da mensagem que as obras pretendem transmitir sobre determinado assunto. 

Neste caso em concreto, "Tonio Kröger" aborda o conflito entre a fria disciplina e a organização nórdica e a sensibilidade e sensualidade sulista, os olhos azuis e o cabelo loiro paternos e os olhos escuros e cabelo também escuro maternos, a pertença à burguesia sentindo-se tantas vezes posto "de lado", os amores platónicos e inalcansáveis próprios dos primeiros anos, a admiração pelo que é belo e a atração pelo que é diferente e oposto, a vontade de ser comum, simples e despreocupado em vez de estar constantemente a questionar a sua existência e a tentar compreender tudo...

Seria mais fácil ser burguês puro e duro, sem sofrer as paixões próprias daqueles que nascem toldados para o mundo da arte e que tudo sentem, até demais. Compreendo em parte Tonio e este seu dilema de tudo questionar, de tudo querer compreender, de tudo sentir.... Creio que temos isso em comum e, tal como ele, dou comigo várias vezes em conflito por ser assim... e não ser mais "leve"! 

Adorei.

terça-feira, 19 de março de 2019

Ho'oponopono, Mindfulness e Reiki, de Juliana De' Carli



"Ho’oponopono, Mindfulness e Reiki" de Juliana De' Carli
Nascente, 2018
224 Páginas




Este livro aborda três técnicas de transmutação de energia (de negativa em positiva): o Ho’oponopono,  o Mindfulness e o Reiki. Sobre a primeira, o Ho’oponopono, já li o outro livro da autora (e mais alguns artigos no Verão passado que encontrei por aí), que gostei e recomendo. Em relação às outras duas, esta é a primeira vez que leio sobre elas, tendo achado que o que podemos encontrar neste livro é essencialmente a demonstração da possibilidade de recorrer às três técnicas de forma articulada e complementar (fruto da experiência da autora, Juliana De' Carli, que parece trabalhar nesta área) por um lado. Por outro lado, senti que "Ho’oponopono, Mindfulness e Reiki" se constitui, acima de tudo, como uma obra introdutória, tendo ficado muito por explorar em particular no que respeita as estas duas últimas.

Apesar de ter gostado no geral da obra e de ter aprendido com ela, não senti grande utilidade/necessidade no capitulo acerca dos testemunhos acerca da eficácia das três técnicas, nem no capítulo relativo às perguntas que os alunos lhe costumam colocar, pois muitas das respostas li-as diluidas ao longo do livro, acabando por soar aqui a repetição e a um "mais do mesmo".



https://www.goodreads.com/review/show/2750973648

sábado, 16 de março de 2019

Der Geschmack von Apfelkernen, de Katharina Hagena


"Der Geschmack von Apfelkernen" de Katharina Hagena
Kiepenheuer & Witsch, 2013
255 Páginas


"Der Geschmack von Apfelkernen" dispõe, para além de um filme com o mesmo título, uma edição em português, publicada pela Porto Editora com o título "O Sabor dos Caroços de Maçã". São as maçãs que são um elemento comum às três gerações daquela familia de mulheres do Norte da Alemanha, sobretudo aquelas que existem nas árvores da casa de Bertha, a avó de Iris, a narradora da história. Bertha morre e deixa à neta a casa e a partir daí segue-se uma procura/descoberta pelos segredos da familia, alguns dos quais muito curiosos... Sem querer revelar muito acerca da história, para aqueles que estiverem interessados em lê-la, posso dizer-vos que tem ciúme, traição, desamor, amor e paixão.

Há também um outro aspecto, digno de referência, e que se relaciona com o tema da memória, do esquecimento e do tempo. Hagena passa ao leitor uma ideia extremamente interessante que se relaciona com o facto do esquecimento ser uma forma de memória. Deixa-nos a pensar...!

A descrição das várias árvores e plantas existentes junto à casa, os cheiros e os sabores das mesmas (com destaque para as macieiras, claro) tantas vezes presentes nos beijos trocados entre algumas personagens daquela história, os passeios de bicicleta e os mergulhos livres/despreocupados no mar  confere uma leveza e uma magia que valeu a pena encontrar. 

Li em algumas críticas que este livro é um livro recomendado para quem goste de ler Joanne Harris. Eu gosto e muito. É uma das minhas escritoras preferidas. Ainda que eu sinta que são estilos diferentes: o de Hagena e o de Harris. Harris tem um lado muito místico, misterioso, que eu não encontrei em Hagena, por exemplo. Não senti que Iris tivesse outro papel na história para além de descobrir a história da familia; isto é, Iris não faz propriamente uma evolução/um crescimento na história, independente ou paralelo a esta descoberta, como costuma ser tão próprio nas personagens de Harris. Por isso, creio que aquilo que de mais comum pode existir entre ambas é mesmo a descrição de sabores e cheiros naturais. Isso, sim. 

Gostei muito e quem escolheu este livro para mim, escolheu muito bem. Foi certeiro! 


sábado, 9 de março de 2019

As Sete Leis Espirituais do Sucesso, de Deepak Chopra

"As Sete Leis Espirituais do Sucesso" de Deepak Chopra
Editorial Presença, 2015
128 Páginas


Li este livro não como um livro de auto-ajuda, termo do qual não sou grande fã devido à conotação menos positiva que tem vindo a adquirir, mas como um livro de filosofia de vida. Porque aquilo que Chopra conseguiu com "As Sete Leis Espirituais do Sucesso" foi deixar-me a pensar num conjunto de "coisas" básicas sobre a vida e sobre a existência humana. "Coisas" essas que não me parecem de todo descabidas de sentido e importância, antes pelo contrário. 

Escrito de forma clara e lógica e recorrendo a situações práticas, o autor vai exemplificando ao longo do livro um conjunto de sete ideias que poderão mudar a nossa forma de pensar e encarar a vida, tornando-nos mais positivos e optimistas. E a verdade é que, mesmo nas piores situações, ser positivo e optimista pode mesmo fazer toda a diferença! 

quarta-feira, 6 de março de 2019

As Ondas, de Virginia Woolf

"As Ondas" de Virginia Woolf
Relógio D'Água, 2015
211 Páginas



"As Ondas" é acima de tudo um livro que prima pela beleza da escrita em prosa poética, pela relação que parece existir entre o estado espírito, as emoções, a passagem pela vida (desde a infância à velhice) de seis amigos e o posicionamento do sol sobre as ondas.

Em termos de história e de quem é quem e se se comporta desta ou daquela forma, perdi-me. Perdi-me, perdi-me e perdi-me, mas não senti que isso tivesse sido ou seja particularmente relevante. 

A leitura deste livro vale a pena, no meu entender, pela forma como ele está escrito, directamente da alma e do coração, e com uma sensibilidade muito própria. E sob este ponto de vista, gostei muito e dei comigo a ler e a reler mais do que duas vezes as mesmas passagens, reflectindo, com frequência, sobre a sua beleza simples, natural, mas ao mesmo tempo completa.


https://www.goodreads.com/review/show/2731670715