terça-feira, 23 de julho de 2019

A Queda dos Gigantes, de Ken Follett

"A Queda dos Gigantes" de Ken Follett
Editorial Presença, 2013
917 Páginas


Perfeito. 

Tem tudo nas doses certas, o que faz com que as suas novecentas e tal páginas estejam longe de ser um fardo. Admito que a primeira impressão quando se olha para a dimensão do calhamaço seja algo assustador, mas a partir do momento em que nos deixamos cativar por tudo o que seu interior nos oferece... Torna-se um vicio (viciante) daqueles bem dificeis de largar!

Tenho lido bons livros nos últimos tempos, sim. Porém, talvez nenhum que me tenham absorvido tão totalmente como este ao ponto de me libertar por inteiro (com excepção da minha presença física, naturalmente) da minha própria realidade... e me fazer prender por cada uma das diferentes vidas com que aqui me fui cruzando. 

Estudar o período histórico da Primeira Guerra Mundial tem sido uma das minhas tarefas desde há cerca de dez anos atrás e, por isso mesmo, não me cruzei do ponto de vista histórico com nada de novo. Revi e quase que "vivi" em tudo o que se passou na época uma vez mais. Follett fez, de facto, desse ponto de vista um trabalho exímio. Até porque sendo inglês narra com isenção e ao sabor da mentalidade da época os acontecimentos e as quezílias que se desenvolvem entre as "nações". Está de mestre! 

Por outro lado, achei profundamente fascinante as relações entre as personagens inglesas e alemãs, por exemplo, e o impacto que a entrada na Primeira Grande Guerra tem na vida individual e pessoal de um casal anglo-germânico. Porque isto aconteceu efectivamente, embora aqui estejamos diante de um livro-romance. 

É também interessante o modo como as famílias inglesa (e galesa), alemã, norte-americana e russa vão evoluindo antes, durante e imediatamente após o conflito quanto a amizades, casamentos, relações extraconjugais, filhos legítimos e ilegítimos, ... É fácil compreender o impacto que aquilo que se verifica na relações internacionais e aquilo que sucede com a realidade interna dos próprios países (económica, política e culturalmente) tem na vida individual e privada dos seus cidadãos. Considero, assim, que este é outra qualidade digna de nota presente neste romance e que me parece passar com frequência ao lado do comum dos mortais... 

Por fim, e isto não me saiu da cabeça durante alguns dias, talvez este romance ganhasse mais ainda se tivesse uma familia italiana implicada... No volume que se segue a "A Queda dos Gigantes", relativo à Segunda Guerra Mundial e intitulado "O Inverno do Mundo" acredito que isso teria um forte impacto na narrativa. 

"A Queda dos Gigantes" é um romance histórico indicado sobretudo para quem gosta de História e, em particular, para aqueles que se interessam pela temática da Primeira Guerra Mundial sem se importarem que a história resvale para o campo de batalha... Para quem "gosta" do que acabei de referir, é perfeito (mesmo sabendo que a perfeição é algo inexistente)!!!



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