segunda-feira, 28 de maio de 2018

Johny und Jean, de Teresa Präauer


"Johny und Jean" de Teresa Präauer
Fischer, 2016
208 Páginas


"Johny und Jean" é o terceiro romance que leio, na íntegra, em língua alemã, sendo que é tudo menos uma obra normal e habitual. Porque é em si mesma uma manifestação artística, um extravasamento de criatividade, uma explosão de loucura... Da escrita como arte para a pintura/escultura/... como arte. 

É um livro caótico, por vezes. Parece um devaneio. E não acho que isso seja mau; antes pelo contrário. É "uma revoada de vento" que nos agita as ideias. 

Ao mesmo tempo, é leve, curioso e atípico. Lê-se com vontade de perceber onde é que nos vai levar, onde vamos parar. Quem é o Johny? Quem é o Jean? Que tipo de arte pretendem fazer? Como é que aquilo que são enquanto pessoas se reflecte na sua arte e na forma como esta é aceite? 

Finalmente, "Johny und Jean" pode ser encarado como um medley de história de arte. No entanto, não se esgota nisso. Aliás, sinto que no limite é uma crítica ao mundo da arte: à subjectividade do que é belo, à necessidade de atingir o intemporal e ser marcante, ao seguir como modelo os pintores de referência e superá-los, ter uma fase da cor x e/ou da cor y, ... 

https://www.goodreads.com/review/show/2397344609

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Das Licht und die Geräusche, de Jan Schomburg

"Das Licht und die Geräusche" de Jan Schomburg
255 Páginas
DTV, 2017

Este é o segundo romance completo que leio em língua alemã... E ao contrário do primeiro que li, não gostei. A história não me acrescentou nada. Não é de todo um livro para mim ou uma história para mim. 

"Das Licht und die Geräusche" [A luz e os barulhos] foi escrito por Jan Schomburg, um realizador alemão. A história avança e recua no tempo com grande rapidez e isso confere-lhe uma certa dinâmica, estando escrita de forma relativamente menos complexa do que o romance "Die Kieferninseln" de Poschmann. No entanto, a história não tem a meu ver profundidade nenhuma.

Na verdade, o ponto alto da história é o desaparecimento de Boris, o rapaz da história. E se esse desaparecimento tem sido trabalhado de outra forma a história poderia ter-se tornado bem mais interessante. No fim, ficamos sem perceber a real razão do seu desaparecimento... E ele regressa como se de repente se fizesse luz na história e tudo o que tivesse acontecido, entretanto, não se tivesse verificado de todo. Ou melhor... Como se o que aconteceu na sua ausência não tivesse qualquer significado na história... E é isto que eu não consigo compreender. 

A leitura é para mim uma viagem. Volto sempre diferente daquilo que era antes de começar a ler aquele livro. Porém, isso não sucedeu comigo nesta leitura. Não tive argumento para me metamorfosear. Não senti nada. Não me senti envolvida... Verdadeiramente! 

https://www.goodreads.com/book/show/34378559-das-licht-und-die-ger-usche

O Eremita Viajante, de Matsuo Bashô

"O Eremita Viajante" de Matsuo Bashô
421 Páginas
Assírio e Alvim, 2018


Cheguei a Matsuo Bashõ, poeta japonês, através de um romance alemão, "Die Kieferninseln" de Marion Poschmann. E foi, na verdade, uma boa experiência e uma interessante descoberta. 

A poesia de Bashõ é simples. Natural. Sem grandes artefactos. E é, ao mesmo tempo, profunda. Sensível. Observadora. 

Tendo-se tornado no poeta mais famoso do período Edo no Japão, Bashõ escreveu sobre a natureza e sobre a vida. Criou uma forma de poesia, o haiku, e este livro é um livro de haikus. Ao que parece reune quase todos os poemas do japonês. E é também uma lufada de ar fresco, uma "limpeza" à alma. Fica-se mais leve, mais solto, (ainda) mais atento à magia das pequenas coisas e dos momentos que, apesar de rápidos no tempo, não perdem em intensidade e em significado.  

https://www.goodreads.com/review/show/2378531470

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Die Kieferninseln, de Marion Poschmann

"Die Kieferninseln" de Marion Poschmann
165 Páginas
Suhrkamp, 2017


Candidato ao prémio do livro alemão 2017, e embora sem ter vencido o mesmo, "Die Kieferninseln" [A ilha dos pinheiros] de Marion Poschmann foi o primeiro romance em língua alemã que li na totalidade. E gostei muito. 

Para quem está a aprender alemão, mesmo que há alguns anos, pode não ser a leitura mais fácil do mundo, mas vale a pena insistir e persistir, procurando ultrapassar as dificuldades que possam surgir na compreensão e que se relacionam, acima de tudo, com a existência de muito vocabulário novo. E uma parte considerável desse vocabulário respeita a aspectos da cultura japonesa, sendo que esta  é central na obra. 

A história centra-se em Gilbert, um investigador alemão de barbas, que um dia acorda de um sonho com a convicção de que a mulher, Mathilda, o traiu. Estando naquilo que alguns denominam de uma crise da meia-idade, Gilbert parte em viagem em direcção ao Japão, um país do chá. Inicialmente sem ter grande fascinio pela cultura deste país, Gilbert vai ficando cada vez mais interessado na mesma à medida que a história progride. Logo no avião, depara-se com um livro de Bashõ, um poeta japonês, conhecido por ter desenvolvido o haikus, uma forma de poesia simples, na qual observando a natureza procura transmitir aquilo que lhe vai na alma. Bashõ foi um eremita viajante, tendo viajado diversas vezes pelo Japão, admirando a paisagem do país e, entre outras coisas, as amendoeiras em flor. E é este contacto com Bashõ que lhe servirá de guia de viagem pelo Japão. Bashõ e o jovem Yosa, um japonês com um manual completo de suicidio na mão, que Gilbert conhecerá numa estação de comboios. 

Sem querer avançar com grandes detalhes acerca do desenrolar da história, a verdade é que no final nos questionamos se toda história contada no livro não será apenas um sonho de Gilbert... Será que todas aquelas peripécias se verificaram de facto? 

Uma das coisas que mais me atraiu neste livro foi, de facto, as várias referências que nos são dadas acerca da cultura do Japão (e a sua comparação com a cultura ocidental), verdadeiramente fascinante. E fascinante ao ponto de eu ter ido procurar seguidamente um livro de poesia de Bashõ, que desconhecia e estou a adorar. É muito interessante conhecer outras culturas! 

Sobre a escrita da autora, devo dizer que gostei do estilo. Ela é poetisa também e penso que isso já nos permite tirar algumas conclusões acerca da forma de escrita dela. Fiquei fã e com vontade de ler outro livro de Poschmann!

https://www.goodreads.com/review/show/2347854073