sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

"The Psychology of Money" de Morgan Housel



"The Psychology of Money" de Morgan Houssel
Harriman Horse, 2020
242 Páginas


Com "The Psychology of Money" parti com expectativas muito elevadas. Demasiado elevadas, diria. E depois deparei-me com um livro, a meu ver, não tão bem estruturado como seria de esperar para o tema em causa, uma escrita nem sempre harmoniosa, e variadissimas histórias de pessoas que, muitas vezes, não aquecem nem arrefecem para o argumento e/ou argumentos que o autor enuncia e apresenta seguidamente. 

Há ainda outra coisa... O autor leva 230 e tal páginas para escrever este livro quando na realidade despachava melhor o assunto em 20 ou 30 páginas, tornando as suas ideias mais claras, concisas, directas e interessantes. E, neste sentido, o capítulo 19, "All Together Now" tem tudo o que precisamos de saber sobre a psicologia do dinheiro... 

Algumas das ideias que retive foram: tudo nesta vida tem sorte e risco (e nós não sabemos o que é que vamos encontrar nem quando); a forma como olhamos e lidamos para o dinheiro tem muito a ver com a nossa formação em casa (desde crianças, entenda-se) e educação na escola, bem como com as nossas experiências de vida (daí que haja quem seja avesso ao risco e quem, opostamente, aprecie o risco quando falamos de investimentos, por exemplo); devemos poupar mesmo que não tenhamos nenhum fim específico no momento para utilizar o dinheiro das nossas poupanças, até porque não sabemos o dia de amanhã e devemos estar prontos para qualquer eventualidade; poupar e ter dinheiro permite-nos ter maior controlo sobre o nosso tempo e as nossas vidas (e isso não tem preço); ao contrário do que se possa pensar, a riqueza está naquilo que não se vê... ou seja, não está no relógio ou no carro caro que possamos ter, mas sim nas poupanças que vamos acumulando, até porque como ouvi uma vez um gestor dizer e bem "o dinheiro é de quem o poupa"! Poupar pode ser visto simplesmente como um gastar menos dinheiro e desejar menos e desejar menos significa igualmente que nos importamos menos com aquilo que os outros pensam... É ter auto-controlo e paciência porque no que toca a resultados, com poupanças, esses vêm com o tempo e no longo prazo...Sem qualquer satisfação imediata.

Em síntese, o argumento essencial deste livro é controlo e paciência na gestão de dinheiro, de forma a poupar, poupar e poupar. Dinheiro significa controlo: controlo sobre o nosso tempo!

https://www.goodreads.com/review/show/5160897519

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

"Mario und der Zauberer" de Thomas Mann



"Mario und der Zauberer" de Thomas Mann
Fischer, 107 páginas
1989


Contrariamente a tudo o que já li de Thomas Mann até hoje, "Mario und der Zauberer" ["Mário e o Mágico"] deixou-me algo frustrada... Gostei, mas esperava um pouco mais do que ali encontrei. O que encontrei soube-me a pouco.

Mann conta aqui a história de um casal que vai passar férias a Itália com os seus dois filhos pequenos, um dos quais uma menina com oito anos meio franzina para idade que suja o fato de banho e o despe correndo nua pela praia... até que um senhor interpela o pai e o questiona acerca da moral, dos bons costumes e da sua ausência de respeito para com os italianos. Mas... não é aqui que se encontra o centro da nossa história!

O centro da nossa história encontra-se no espectáculo a que essa familia vai assistir já por volta das 21h levado a cabo por Cavalieri Cipolla, uma espécie de mágico (hipnotizador), acompanhado de Mario. A figura de Mario é quase "dormente" durante todo o espectáculo, tendo apenas um papel preponderante no final da história e, antes disso, no término do espectáculo. Quando "desperta" depois de um beijo e saca de uma arma disparando alguns tiros ao perceber que tinha estado a ser gozado e manipulado na sua dor...

Em relação a Cipolla, padecendo de uma deficiência física (num braço?!) que o impediu de lutar na guerra, fala, fala e não diz nada de efectivo. Porém, deixa a plateia em completo êxtase com a forma como discursa. Nem as crianças querem ir para casa antes do espectáculo, longo no tempo e tarde nas horas, terminar. 

No fundo, "Mario und der Zauberer" é uma alegoria aos lideres fascistas. Todavia, talvez por ter partido com expectativas elevadas, creio que ficou algo aquém do que esperava. Ainda assim, gostei.


https://www.goodreads.com/review/show/5160410210

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

"Die Tochter des Zauberers" de Heidi Rehn



"Die Tochter des Zauberers" de Heidi Rehn
ATB, 2020
444 Páginas


Li-o até ao fim a custo e por pura teimosa... porque a história apresentada em "Die Tochter des Zauberes" ["A Filha do Mágico"] não me convenceu e boa parte do livro não nos leva a lado nenhum. 

É o cabaré político "Die Pfeffermühle", a admiração e bajulação constante a Erika Mann por ser uma mulher especial e cheia de qualidades e, ao mesmo tempo, por estar sempre preocupada com toda a gente e esquecer-se de si própria, a relação - para muitoS excessivamente e demasiado próxima - com o irmão Klaus, o interesse numa relação da parte de Maurice (penso que Maurice Samuel) e de Martin Gumpert, o ciúme de Therese Giehse, ... 

E é em circulo, sobre isto, que a história é contada, quando em sinopse o argumento central seria a relação com Martin Gumpert e a sua necessidade de escolher entre a sua liberdade e independência e uma vida mais estável com o médico. Porém, essa relação tem, a meu ver, muito pouco palco no livro... Só se torna central nos últimos 4/5 capítulos e não se sente grande romance entre os dois... 

Fiquei quase com a sensação de que a autora queria a todo o custo escrever sobre Erika Mann e criar algo que não se passou desta forma na realidade ou que não teve assim tanto peso na vida de Erika. É verdade que Erika é uma mulher singular no seu tempo... nas paixões que teve (tanto em relação a mulheres como a homens), na relação com o irmão Klaus, no activismo político e contestário que assume contra o governo de Hitler ainda para mais sendo judia, mas... 

Não creio que Martin ou até Maurice tivessem tido assim tanta importância para ela ao ponto de justificar este romance todo que Heidi Rehn tenta criar... 

Portanto, não gostei. De todo. 


https://www.goodreads.com/review/show/5002808780