quinta-feira, 8 de agosto de 2019

No Limiar da Eternidade, de Ken Follett


"No Limiar da Eternidade" de Ken Follett
Editorial Presença, 2014
1022 Páginas



E eis que termino de ler a trilogia "O Século"...!

Dos três volumes este foi, sem dúvida, aquele que gostei menos. As suas 1022 páginas pareceram-me excessivas, embora não entendiantes. Longe disso. A leitura faz-se sem esforço e é agradável. A verdade é que com menos 200 páginas teria-se certamente resolvido a história...

Este volume centra-se na divisão da Alemanha em duas Alemanhas, no muro de Berlim e no papel que este teve não só para a Alemanha propriamente dita como no contexto da própria Guerra Fria, na luta pelos direitos dos negros nos EUA e dos homossexuais no Reino Unido, acompanhando a evolução da URSS até à chegada de Gorbachov. A liberdade e a transformação de valores é também abordada sobretudo sob o signo "sexo, drogas e rock'n'roll".

Gostei no geral do livro, mas tive dificuldade em "entrar" numa história onde as primeiras personagens que surgem são filhos e filhas de relações iniciadas no fim do segundo volume. Ou seja, só já várias páginas depois do inicio é que nos é explicado quem é quem, sendo que há personagens do segundo volume que quase não aparecem neste volume e quando surgem, surgem com um papel marginal. Uma das realidades familiares que mais tive dificuldade em compreender foi a russa porque há personagens anteriores cuja existência se esfumou neste livro sem que eu tivesse percebido o que lhes tinha acontecido. Há mais duas situações destas... Uma na realidade familiar americana e outra na inglesa. Tratando-se de uma trilogia acompanhando a evolução das familias inglesa, galesa, americana, russa e alemã seria desejável perceber a evolução das mesmas segundo uma transição um pouco mais lenta... Este volume começa, nesse sentido, um "bocado a seco". De igual modo, senti muita superficialidade na forma como as personagens se relacionam entre si, mesmo em contexto amoroso, o que não senti verificar-se anteriormente.

A realidade que mais me agradou ler porque me pareceu escrita de uma forma não tão apressada foi a alemã e a relação desta com as demais... O impacto que o muro teve na vida de tantas familias que acabaram separadas, algumas até irremediavelmente "destruídas"... Isto não é novo para mim; porém uma coisa é ler documentação histórica, política disto e outra bem distinta é imaginar e "viver" a vida de pessoas comuns (vá, eu sei que são personagens e isto é ficção) que experimentaram na pele tudo isto tendo as suas vidas privadas afectadas...

No geral, adorei esta trilogia. Este volume está interessante... Todavia, acho que "O Século" passava bem apenas com dois volumes, até pela forma como termina o segundo volume. "No Limiar da Eternidade" parece-me aquele livro que, apesar de bem feito e sem dar azo a tédios, nasce da "cegueira" que um grande sucesso, por vezes, traz. Follett poderá ter pensado apenas em dois volumes, mas por ter sido tão bem sucedido e ter tido tão boa aceitação por parte do público pensou, então, num terceiro volume... que teria de ser indubitavelmente um sucesso também. Talvez. Talvez teria e talvez seja... Só que eu continuo a achar os outros dois livros melhores!



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