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quinta-feira, 10 de julho de 2025

"O Belo Verão" de Cesare Pavese



"O Belo Verão" de Cesare Pavese
Livros do Brasil, 2021
112 Páginas

Cesare Pavese está entre os meus escritores italianos preferidos. Escreve de forma simples, delicada, poética e, ao mesmo tempo, profunda. 

"O Belo Verão" é mais um bonito livro. Apresenta-nos a história de uma amizade, perda de inocência e descoberta do mundo de duas amigas muito diferentes entre si... Num ambiente com pintores e musas inspiradoras. 

Lê-se com vontade e quando se termina... quer-se mais. É leve, agradável e sonhador. 

Gostei muito!


https://www.goodreads.com/review/show/7720746970


sábado, 24 de maio de 2025

"O Monge que Amava Gatos" de Corrado Debiasi


"O Monge que Amava Gatos" de Corrado Debiasi
Editorial Presença, 2023
224 Páginas


Embora num estilo e de uma perspectiva completamente diferente, "O Monge que Amava Gatos" de Corrado Debiasi fez-me recordar um outro livro que li há cerca de um atrás e gostei bastante, "As Sete Carruagens" de André Fernandes. 

Aqui a personagem principal vai até à Índia fazer uma espécie de viagem espiritual e, em certa medida à procura de respostas, aproveitando o facto de estar com a sua vida pessoal algo virada do avesso.

Na Índia, encontra-se com várias pessoas que vão conversando com ele e partilhando vários principios do Budismo. É muito interessante e é uma leitura agradável para quem, como eu, aprecia o estilo. 

Vale a pena! 


https://www.goodreads.com/review/show/7582359688

sexta-feira, 7 de março de 2025

"As Perfeições" de Vincenzo Latronico


"As Perfeições" de Vincenzo Latronico
Elsinore, 2024
136 Páginas


Finalista da short list para o International Booker Prize de 2025, o livro "As Perfeições" de Vincenzo Latronico retrata a sociedade actual mais preocupada com o que aparenta ser do que com o ser, com o que é perfeito e "instagramável" (mesmo que não passe tudo de uma farsa) do que com o que se vive e como se vive de facto e na essência. 

Em certa medida, é também uma crítica à ausência de raízes e à superficialidade, à proximidade distante com desconhecidos que colocam "gostos" em fotografias tiradas com o intuito de se mostrar um estilo de vida digno de revista... às interrupções que se fazem de minutos a minutos durante o nosso dia para ver se, entretanto, surgiu alguma publicação nova no "feed" do instagram que nos distraia a mente, talvez já distraida, por alguns instantes antes de retormarmos, de voltarmos, à rotina. 

Latronico retrata na perfeição estas perfeições de máscara, estas vidas de faz de conta, e consegue deixar-nos a pensar... e a reflectir no significado de tudo isto. Também critica Lisboa, a dada altura, quando propõe arrendamentos de arrancar a pele... cujo real valor fica muito aquém das condições que na prática são "vendidas"... Por exemplo, o clima é maravilhoso, quando não atinge os "extremos" porque as casas não estão preparadas para isso; a gastronomia excelente, mas nem sempre é fácil encontrar-se um equilibrio entre preço, qualidade e típico-típico; e a vista para o Tejo de cortar a respiração... que, por si só, não basta para viver aqui quando tudo o resto falha, fica aquém e só se quer vender por vender de forma insuflada.

É uma leitura interessante, sendo um livro que daqui a vários anos terá um valor ainda maior por tudo o que retrata através da vida de um casal de nómadas digitais e, ao mesmo tempo, critica. Gostei.


https://www.goodreads.com/review/show/7381183965


domingo, 16 de fevereiro de 2025

"Uma História Simples" de Leonardo Sciascia

"Uma História Simples" de Leonardo Sciascia
Presença, 2025
80 Páginas

Um diplomata aparece morto na casa que tinha fechada desde há algum tempo na Sicilia dos anos 80. O que sucedeu afinal? Foi suicidio? Foi homicidio? 

"Uma História Simples" de Leonardo Sciascia lê-se numa tarde e consegue em poucas páginas deixar-nos com um retrato de uma Sicilia plena de corrupção: da polícia à igreja, sem esquecer a própria Máfia. 

Gostei, mas tive momentos em que achei que o autor queria colocar muito em poucas páginas, o que, a meu ver, fez com que a leitura se torne algo confusa em alguns momentos. A temática é fascinante, mas penso que esta "História Simples" tinha conteúdo e enredo para o dobro das páginas, mantendo a chama acesa de forma constante.

https://www.goodreads.com/review/show/7326957184

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

"Sem Nunca Chegar ao Cimo" de Paolo Cognetti



"Sem Nunca Chegar ao Cimo" de Paolo Cognetti
Publicações Dom Quixote, 2020
144 Páginas

Em "Sem Nunca Chegar ao Cimo", Paolo Cognetti tenta subir, mas não consegue mesmo chegar ao cimo... 

Há partes muito bem escritas como é típico de Cognetti e isso fará voltar-me novamente a este autor em breve. Isso e o tema da montanha que é recorrente nas suas obras. Porém, a narrativa não avança por aí além. E soube-me a pouco... Sobretudo quando comparado com o seu "As Oito Montanhas" de que eu gostei mesmo bastante. 

É um gostei, mas... 

https://www.goodreads.com/review/show/7003532701


quinta-feira, 4 de abril de 2024

"O Sorriso de Caterina. A História da Mãe de Leonardo Da Vinci" de Carlo Vecce



"O Sorriso de Caterina. A História da Mãe de Leonardo Da Vinci" de Carlo Vecce, 
Casa das Letras, 2023
552 Páginas

"O Sorriso de Caterina" de Carlo Vecce entrou para a minha lista de melhores livros de ficção lidos em 2024. Definitivamente. 

A escrita é bela, a história também e o facto de Vecce ser um estudioso de Leonardo Da Vinci faz a diferença. 

Segundo as mais recentes investigações, a mãe de Leonardo Da Vinci seria uma escrava, vinda do Cáucaso, numa época em que algumas das cidades italianas tinham fortes relações comerciais com esta região e com a região onde se encontra hoje a Turquia. 

A sua história é contada não pela própria, mas por várias pessoas que com ela se cruzaram e/ou tiveram um papel relevante no destino da sua vida, entre as quais se encontra, no penúltimo capítulo, o próprio filho, Leonardo. Esta forma de narrar (a várias vozes) torna o livro riquissimo do ponto de vista literário e faz da história da mãe de Leonardo, Caterina, uma história bonita, muito bonita, onde as tradições e culturas caucasianas se cruzam e misturam com as italianas na época do Renascimento. 

Recomendo, claro!

https://www.goodreads.com/review/show/6360460696

domingo, 19 de novembro de 2023

"As Oito Montanhas" de Paolo Cognetti



"As Oito Montanhas" de Paolo Cognetti
Publicações Dom Quixote, 2017
222 Páginas

Vencedor do Prémio Strega, o mais prestigiado do mundo literário italiano, Paolo Cognetti conta-nos em "As Oito Montanhas" a bonita história de uma amizade desenvolvida entre dois jovens na montanha -Monte Rosa, mais tarde adultos, em que um vai e vem todos os verões da cidade para a montanha (Pietro) e o outro permanece na montanha que é a sua casa (Bruno). 

Aqui a montanha é uma forma de vida, de olhar para o futuro, de transformação e regresso a si mesmo e ao que realmente importa. 

Li-o em dois dias e fiquei encantada. Reconheci-me em várias das experiências vividas pelas personagens e, de igual modo, também reconheci em algumas delas fragmentos aqui e ali de alguém que me é muito especial... e que me leva a subir montanhas!

https://www.goodreads.com/review/show/5984370711

sexta-feira, 23 de junho de 2023

"A Praia" de Cesare Pavese


"A Praia" de Cesare Pavese
Babel, 2011
126 Páginas


Pequeno, mas grandioso. Este livro de Cesare Pavese foi o primeiro que li do autor e, apesar da história "não levar a lado nenhum" - creio que também não era essa a sua preocupação nem o seu objectivo - fez-me ficar com vontade de ler outros. 

Em "A Praia" estão presentes muitos lugares comuns deuma ida à praia no Verão, revestidos de pura magia, encanto e musicalidade. Pavese é mesmo um poeta na forma como descreve o ambiente envolvente e a relação das personagens com este. De tal forma que várias são as partes de "A Praia" que dão vontade de ler e reler pela belezada sua escrita e das emoções que evocam. 

Indiscutível é igualmente a presença de alguns traços biográficos do autor (como a sua "antipatia" e relativa dificuldade em lidar com as mulheres) nesta e naquela personagem. 

Uma boa leitura para o Verão, sem dúvida!


https://www.goodreads.com/review/show/5624709020

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Frente ao Contágio, de Paolo Giordano


"Frente ao Contágio" de Paolo Giordano
Relógio D' Água, 2020
65 Páginas



"Frente ao Contágio" de Paolo Giordano é daqueles livros que, daqui a vários anos (provavelmente quando nenhum de nós existir mais), constituirá um importante testemunho do que foi viver uma pandemia (com as dimensões desastrosas que esta já leva...) em 2020, no século XXI. 

Abdicando de parte dos direitos de autor (que serão entregues para a gestão da emergência sanitária e para a investigação científica), o autor italiano - de Turim, no norte de Itália - aborda muitos dos comportamentos/sentimentos que muitos de nós já testemunharam directa ou indirectamente ao longo desta crise. E ainda que, sob esse ponto de vista, "Frente ao Contágio" não apresente nada de novo, dá voz escrita e eterna aos tempos estranhos que correm. 

Giordano, vencedor de dois importantes prémios com a obra "A Solidão dos Números Primos" (Prémio Strega e o Prémio Campiello Opera Prima, ambos em 2008), tem em "Frente ao Contágio" uma escrita que é um misto de estilo literário com estilo científico, sem abusar de nenhuma delas e muito menos da última. Diria que tem um jeito muito próprio de escrever que, em certa medida, deixa transparecer a sua formação de base (é Doutor em Física).

Gostei, porém, muito mais da primeira metade do livro do que da segunda (que me pareceu algo superficial) e, no que respeita à primeira um dos textos que mais me impressionou, por me recordar um video que vi quando a pandemia chegou a Portugal em força (pouco antes de ser declarado o primeiro Estado de Emergência) foi o do R0, a propósito da forma como o contágio se processa, recorrendo aos berlindes como exemplo. Aliás, impressionou-me tanto que o deixei quase todo sublinhado!

Aqui fica uma pequena passagem: (...)" Imaginemos que somos sete mil milhões e meio de berlindes. Estamos suscetíveis e parados, quando de súbito um berlinde infetado avança sobre nós a toda a velocidade. Este berlinde infetado é o paciente zero e tem tempo para atingir dois outros berlindes antes de parar. Estes últimos ressaltam e atingem outros dois na cabeça. Uma e outra vez. Uma e outra vez. Uma e outra vez. (...)" (p.17)

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Se isto é um Homem, de Primo Levi

"Se isto é um Homem" de Primo Levi
Publicações Dom Quixote, 2013
183 Páginas


Há vários livros, testemunhos verídicos, acerca do Holocausto. Já li vários também, mas a verdade é que não há um igual ao outro.

Neste "Se isto é um Homem", Primo Levi demonstra o quão baixo e mesquinho o Homem pode chegar tratando outro homem, outros homens... Por causa da raça, por causa da religião, por causa da sua capacidade e/ou incapacidade.

Comparativamente a outros livros que já li acerca deste tema, Levi parece-me ser aquele que tem a visão mais pessimista acerca do desfecho e do rumo que a vida dele e de todos aqueles prisioneiros irá tomar. É muito realista. Demasiado, talvez. Mas como se pode ser idealista e ainda ser optimista q.b. quando é a desumanidade que parece vencer dia após dia, numa espera sem fim pelo fim que até pode ser o fim de tudo?! Pois... Só mesmo o inesperado pode trazer um pouco de luz no meio de tanta escuridão... 

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Der Geschmack des Lebens/Il Sapore della Vita, de Valeria Vairo


"Der Geschmack des Lebens/Il Sapore della Vita" de Valeria Vairo
DTV, 2017
191 Páginas


"Der Geschmack des Lebens/Il Sapore della Vita" de Valeria Vairo é um livro bilingue, apresentando sempre na página da esquerda a versão italiana do que se encontra escrito em língua alemã na página da direita. 

É uma experiência interessante porque permite ler o mesmo livro em duas línguas em simultâneo e com isso aprender/exercitar conhecimentos em ambas. Devo, todavia, chamar à atenção para o facto do original ser italiano e o alemão será uma tradução do que está escrito em italiano. Por vezes, a tradução pareceu-me demasiado literal ao ponto de esbater um bocado um sentido do que estava escrito por Vairo no original. 

Não se trata de um livro auto-biográfico ainda que a autora se tenha baseado na sua experiência pessoal para o escrever. Vairo conta a história de Giulia, mãe de Barbara e mulher de Thomas que vivendo em Munique decide viajar até Itália sozinha de comboio para reencontrar a família (de emigrantes). No trajecto vai contando episódios familiares da sua vida em Itália e de como o ser migrante começou quando os pais decidiram mudar do Sul para o Norte do país, quando Giulia ainda era criança. Cada episódio/história dá origem a um capítulo que termina sempre com uma receita italiana, mostrando o papel que os sabores (e os cheiros) têm na construção da nossa identidade e memória. 


Sei que já o disse a propósito de outro aspecto, mas não me parece demais referi-lo... É, de facto, uma experiência interessante a leitura deste livro. Não só do ponto de vista linguistico, como também do ponto de vista cultural. Gostei!



sexta-feira, 31 de maio de 2019

Praça de Itália, de Antonio Tabucchi

"Praça de Itália" de Antonio Tabucchi
Publicações Dom Quixote, 2017
165 Páginas


Este é o segundo livro que leio de Antonio Tabucchi e tanto quanto sei foi o primeiro que escreveu e é soberbo do ponto de vista da criação e até da forma como as palavras são articuladas... 

Dei comigo a ler a reler várias vezes a mesma passagem exactamente pela beleza da escrita, pela harmonia das palavras e pela mistura entre humor e melancolia que emana das personagens que nos são dadas a conhecer. 

Efectivamente, é uma anti-história de Itália da parte dos vencidos, focadada em Garibaldi (aqui Garibaldo) e na sua família, constituindo-se como uma oportunidade para conhecer - ainda que de forma literária e ficcionada (por isso, atenção!) - o modo como a unificação italiana se verificou e a própria cultura italiana.  

Gostei muito e fiquei com vontade de voltar a ler Tabucchi!

terça-feira, 14 de maio de 2019

O Leopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa

"O Leopardo" de Giuseppe Tomasi di Lampedusa
Abril/Controljornal & Biblioteca Visão, 2000
224 Páginas


Normalmente não gosto da ideia, porque acho que as coisas não podem ser nem pretas nem brancas (também há o cinzento nas suas diferentes variações), mas a verdade é que se me pedissem para escolher uma palavra que traduzisse a minha experiência com a leitura de "O Leopardo" escolheria, sem qualquer dúvida, a palavra "elegância".  Mesmo quando há algum atrevimento e malícia em certos episódios, há elegância e distinção na forma como Lampedusa escreve. De tal forma, que dei comigo a reler mais do que uma vez esses mesmos episódios antes de prosseguir a leitura, demorando-me um pouco mais, e/ou a voltar para trás, nos momentos de "pausa", para tornar a ler aqueles mesmos episódios uma e outra vez.

Para além deste livro versar sobre o período do Risorgimento e da consequente unificação italiana (tardia, tal como a alemã) e, neste sentido, deixar a descoberto muitas das contradições e das mudanças operadas então na ordem social do país (e as típicas rivalidades existentes entre o Norte e o Sul)- o que enriquece em muito a obra, no meu entender -, este livro tem passagens belíssimas, das quais destaco, por exemplo, a descrição da "perseguição" amorosa entre Tancredi e Angelica. A personagem de Don Fabrizio em especial também permite passagens de bastante interesse, nomeadamente no que à mudança e à passagem do tempo diz respeito. 

Gostei muito. E não percebo como é que foi necessário passarem 16 anos, desde que me ofereceram este livro (com muito conhecimento de causa e visão de longo alcance, devo dizer), para pegar nele e conhecer esta maravilha, vencedora do Prémio Strega em 1959 (atribuido aos melhores trabalhos de ficção escritos em língua italiana, desde 1947)... No entanto, ainda bem que acabo de corrigir essa "minha falha" e talvez o momento certo tenha chegado apenas agora e não noutro tempo qualquer do passado (ou melhor, destes 16 anos)!

terça-feira, 16 de abril de 2019

O Rapaz Selvagem, de Paolo Cognetti



"O Rapaz Selvagem" de Paolo Cognetti
Publicações Dom Quixote, 2018
159 Páginas

Citadino (de Milão, mais concretamente), mas habituado a passar uma parte das férias de Verão na montanha, o autor deste livro decidiu ir uma temporada sozinho e livre de amarras (sociais e não só) para uma cabana alpina. 

O seu grande objectivo é, um pouco na linha de Christopher McCandless, reencontrar-se consigo próprio e desafiar-se, sem, todavia, ser radical e levar a experiência ao limite. Terminado o Verão e já no inicio do Outono, Paolo Cognetti regressa ao "conforto" da sua vida, em Milão, são e salvo, trazendo consigo uma série de episódios, vivências e amizades da temporada passada no meio da natureza nos Alpes. 

"O Rapaz Selvagem" é o primeiro livro de Cognetti que leio e não será o único porque gostei bastante do estilo. Além de ter uma escrita leve (e não simplista, entenda-se) e agradável, recorre com frequência a citações e excertos de outros autores italianos e não italianos quando se refere à natureza existente na montanha, ao tema da solidão e da liberdade. 

Destaco, de igual modo, a referência que Cognetti faz a alguns aspectos da cultura e gastronomia italiana, mais característicos do Norte alpino, que fiquei a conhecer e com vontade de saber mais...