segunda-feira, 9 de julho de 2018

A Imortalidade, de Milan Kundera



"A Imortalidade " de Milan Kundera
Publicações Dom Quixote, 2012
387 Páginas


Embora ainda não tenha lido todas as obras de Milan Kundera, posso dizer que está entre os meus autores preferidos, desde que li "A Insustentável Leveza do Ser" que, por inevitabilidade (e ainda que eu tenha muita dificuldade em falar de livros preferidos), é um dos meus livros preferidos.  

No que respeita à "A Imortalidade", tive-a aqui arrumada durante cerca de dois anos e só lhe peguei agora porque também só agora é que senti que estaria na frequência certa de a ler. Só agora é que senti aquele impulso do "é este. 

O tema da imortalidade é demasiado profundo para se ler com superficialidade ou a correr, pelo que depois de terminar o livro constanto com satisfação que tomei a decisão certa, ou melhor, as decisões certas: quando comprei este livro; quando escolhi o momento para o ler. 

"A Imortalidade" leva-nos a pensar sobre a morte, sobre o persistir para além da morte, sobre o eterno, sobre o envelhecimento e a idade, sobre o amor, sobre as belas diferenças existentes entre o homem e a mulher. É um bocado filosófico e, portanto, creio que, neste sentido, é recomendado sobretudo a quem goste de pensar e reflectir sobre a existência humana. Daí também a necessidade de o ler mais devagar, com tempo, e sem pressas. Kundera fala de si, vai buscar Goethe e fala dele e recupera num e noutro momento outros autores (como Hemingway, só para dar um exemplo) para nos levar a debruçar sobre a imortalidade, tendo nesta sua história, a meu ver, original e singular (porque não consigo comparar este estilo de livro a nada do que tenha lido até à data) uma personagem principal, Agnés. No entanto, parece-me que mais do que Agnés, a própria imortalidade é em si mesma uma personagem principal, central, e creio que ela é igualmente o fio condutor da obra, como atesta o título do livro. 

Kundera consegue ser exemplar neste seu estilo intemporal que permanece. Quando li Kundera pela primeira vez, ficou-me marcado. De todas as vezes que volto a Kundera confirmo essa marca deixada pelo primeiro livro que li. Faz-me parar. Faz-me pensar. Faz-me analisar. Sempre. E, às vezes, pergunto-me se este autor não seria digno de um Prémio Nobel da Literatura...!


https://www.goodreads.com/review/show/2415393577