quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Die Muse von Wien, de Caroline Bernard

"Die Muse von Wien" de Caroline Bernard
ATB, 2018
479 Páginas


"Die Muse von Wien" ["A musa de Viena"] é um romance histórico centrado em Alma Schindler ou, talvez seja melhor dizer, em Alma Mahler-Werfel. Alma, a mesma mulher que levou o pintor expressionista Oskar Kokoschka a encomendar uma boneca à imagem e semelhança desta como forma de contornar o término da relação (https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-boneca-de-kokoschka.phtml). Foi, aliás, o livro de Afonso Cruz, "A Boneca de Kokoschka" que eu adorei (aqui: http://outraformadeviajar.blogspot.com/2019/02/a-boneca-de-kokoschka-de-afonso-cruz.html) o responsável por ter chegado a este livro de Caroline Bernard. 

Esta mulher austríaca parecia ter qualquer coisa de único e especial, inebriante, atraindo os homens da época (1879-1964) como se fosse "quase um feitiço", contando com três casamentos, todos eles com artistas: um compositor Gustav Mahler, um arquitecto Walter Gropius e um escritor Franz Werfel. Teve quatro filhos, mas só uma viveu muitos e longos anos, Anna Mahler, que se viria a tornar escultora. Viveu as duas grandes guerras mundiais. Sonhava ser compositora: tocava piano e escrevia composições musicais, embora tivesse abdicado disso aquando do casamento com Mahler, vinte anos mais velho e de quem seria musa inspiradora. 

Caroline Bernard foca-se nesta mesma relação de Alma com Gustav. E diria que foi uma interessante aposta, ao contrário do que poderia parecer à primeira vista. Sobretudo porque a personagem de Alma evolui de um romantismo meio que doentio e perdido (que me chegou a fazer questionar a minha escolha deste livro) para escolher amar alguém que a parece amar, diria mesmo que venerar desde o primeiro momento, Gustav. Homem distante e dedicado ao trabalho, o compositor nem sempre teve consciência de como essa forma de amar à distância magoava Alma... até o dia em que ela se começa a distanciar igualmente. 

Creio que esse distanciamento foi mesmo um "clique" na vida de ambos. Gropius (arquitecto fundador do Bauhaus) entra em cena, Freud (pai da psicanálise) também. E isto não é ficção, ainda que a partir desse mesmo momento o livro tenha ficado muito melhor, levando-me a mudar de opinião. 

De facto, uma das coisas que me fascina nos romances históricos é a possibilidade de aprender e reaprender História por um lado, e, pelo outro, aprender com a vida já vivida de facto dos outros. Aqui não só nos cruzamos com nomes imponentes do meio artístico austríaco, como também com o mundo complexo das relações e diferentes formas de amar: uma forma de amar à distância compreendida com mais comunicação e alguma compaixão.

Neste sentido, o grande trunfo de Bernard é mesmo a riqueza emocional deste livro e das vidas vividas que lhe dão vida e intensidade. Não dá para ficar indiferente a esta relação tão especial ao ponto de Alma nunca mais ter abandonado o apelido de Gustav, mesmo depois da morte deste. 

Gostei... E principalmente porque como diz João Tordo (não exactamente por estas palavras), este livro põe-nos o dedo na ferida... Emoções, emoções.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Atreve-te a mudar, de Diana Gaspar


"Atreve-te a mudar" de Diana Gaspar
Manuscrito, 2019
172 Páginas

"Atreve-te a mudar" pode muito bem figurar entre aqueles livros que se mantêm na nossa cabeceira e a razão é simples: a mudança é parte essencial da vida. E querendo ou não, mais tarde ou mais cedo, somos impelidos à mudança, qualquer que ela seja. Mudar significa transformar. Significa agir e escapar ao "simples" modo de sobrevivência. 

Dividido em nove capítulos (1- Necessidade de mudar; 2-Sabes o que queres mudar?; 3-Cria a tua realidade; 4 - Abdica da opinião dos outros; 5- Frustrações e fracassos - aceitar e aprender; 6 - Paciência - a chave da mudança; 7 - Cuida de ti; 8 - Age com determinação e coragem; 9 - Um dia de cada vez), Diana Gaspar leva-nos a reflectir sobre a importância da mudança e de que forma a mesma pode ser potenciada e gerida.

A meu ver o livro está bem estruturado e organizado. Gostei bastante do que li. Contudo, penso que a autora poderia incluir as referências bibliográficas no fim do livro, sobretudo para aqueles que como eu ficam com interesse em explorar e aprofundar determinado tópico e/ou conhecer este e aquele autor directamente.