domingo, 24 de junho de 2018

Die Frau auf der Treppe, de Bernhard Schlink


"Die Frau auf der Treppe" de Bernhard Schlink
Diogenes, 2015
244 Páginas


Este é daqueles livros que eu tenho pena de não estar traduzido para língua portuguesa... Especialmente porque acredito que teria muitos leitores a gostar dele tanto como eu gostei. 
Trata-se do penúltimo livro publicado por Bernhard Schlink, autor de "O Leitor", e contrariamente ao que é habitual na suas histórias, esta história não se centra na questão da culpa e do trauma alemão relativamente à Segunda Guerra Mundial e ao Holocausto. 

"Die Frau auf der Treppe" ["A Mulher nas Escadas"]  conta a história de três homens que estão interessados  numa mulher, Irene, que está a descer as escadas numa fotografia (de 1992) que mais parece um quadro, "Ema" de Gerhard Richter (podem ver aqui: https://www.artgallery.nsw.gov.au/collection/works/14.1993/ ), exposta na Art Gallery. O que ao inicio parece uma história de procura e descoberta pelo paradeiro de Irene evolui para uma bonita história de amor, que é tudo menos melodramática, e na qual o narrador, ao reencontrar Irene (doente) e a viver com outro homem, a acompanha(doente) até ao fim dos dias desta. 

Mantendo um estilo de escrita claro e simples, sem ser simplista, Schlink brinda-nos com algumas passagens dignas de nota. Uma delas, por exemplo, relaciona-se com a questão da idade/juventude/envelhecimento e a fotografia e nessa passagem, por mim traduzida, pode ler-se o seguinte: “Eras também jovem, mas contigo eu não me senti velho. Eu sei, eu era mais jovem, e a diferença de idades era pequena. Mas isto não era tudo. Quando olho agora para a tua imagem (a tal fotografia “Ema” de Gerhard Richter), sinto-me outra vez jovem. (...) Deixei-te pintar naquele tempo para que permanecesses jovem e eu contigo.”

Gostei mesmo muito. E voltarei certamente a Schlink muito em breve! 

https://www.goodreads.com/review/show/2406290584

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Constança, a Princesa traída por Pedro e Inês, de Isabel Machado


"Constança, a Princesa Traída por Pedro e Inês" de Isabel Machado
A Esfera dos Livros, Lisboa
347 Páginas


Normalmente, a história do(s) amor(es) de Pedro e Inês é contada a partir do ponto de vista destes e, portanto, colocando-os como vítimas. Isabel Machado tenta uma outra perspectiva e centra-se em Constança, a princesa traída e vítima da relação desenvolvida entre Pedro e Inês, de quem era amiga. E o resultado é interessante... 

Nesta obra podemos colocar-nos no lugar dela e tentar compreender o seu lado, bem como tomar conhecimento do percurso difícil e cheio de peripécias que fez até chegar a Portugal (creio que habitualmente desconhecido). 

Já li anteriormente outros livros de Isabel Machado (sobre a Rainha Vitória e sobre a Rainha Isabel), pois o romance histórico está entre os géneros literários que mais me agradam, e continuo a gostar da forma de escrita e do modo de articular a narrativa da autora. Por isso, continuarei a estar atenta à sua produção literária. Ainda que dos três livros que li dela e entre os quais consta este, "Constança - a Princesa Traída por Pedro e Inês" não seja o meu preferido. 

Na verdade, Constança foi uma mulher muito sofrida, demasiado até, e parece-me também - pelo menos pelo que percebi desta leitura - um tanto ao quanto refém desse sofrimento... Note-se que a autora salienta que este se trata de um romance e, por conseguinte, também se verifica aqui alguma criatividade da sua parte até para cobrir alguma falta de informação que possa existir quanto à personalidade desta mulher, mas.. eu admiro mulheres mais fortes e com mais garra (como Vitória de Inglaterra e Isabel de Aragão, por exemplo)...! 

https://www.goodreads.com/review/show/2350652058