domingo, 11 de dezembro de 2016

Viagem a Tralalá, de Wladimir Kaminer

"Viagem a Tralalá" de Wladimir Kaminer
Tinta da China, 2012
157 Páginas


Wladimir Kaminer, um russo tornado posteriormente cidadão alemão (vive em Berlim, actualmente), conta em "Viagem a Tralalá", que fica na Crimeia (a Sul da Ucrânia), cinco episódios de viagens distintos decorridos ainda durante o tempo da Guerra Fria: "desencontro de Paris"; "desencanto da América", "desaparecido da Crimeia"; "desviado na Dinamarca" e "desencaminhado na Sibéria". 

Através de uma escrita leve (Kaminer tem outros livros escritos e publicados e trabalha como DJ), ficamos a conhecer alguns aspectos culturais bastante interessantes não só dos russos, como também dos alemães e dos locais por estes visitados. 

Assim, de todos os episódios, os que gostei mais foram: o "desaparecido da Crimeia", porque dá para compreender qual a importância que esta região tem desde sempre para os russos e o modo como estes encaram a Ucrânia enquanto país, um tema muito actual; o "desviado na Dinamarca", porque já tendo tido oportunidade de visitar este país (que adorei) e conhecer um pouco da sua cultura, senti-me a revisitá-lo, senti-me como que em casa; e o "desencaminhado na Sibéria", porque o autor "brinca" com a ideia da Sibéria como desterro opondo-a à Sibéria como destino de uma viagem de bicicleta, um local onde se podem travar conhecimentos com a população local e conhecer russas que, ao que parece, apreciam muito o homem alemão (comparativamente ao finlandês, por exemplo).

No essencial, o melhor deste livro é mesmo o facto do autor já não escrever apenas como um russo, mas como um russo germanizado porque vive desde há vários anos na Alemanha...!  

*
"Quer em São Petersburgo quer em Moscovo, ao passar pelas ruas pensava repetidamente: «Sim, o Martin ia gostar disso». De facto, nunca vi em Berlim tantas pessoas felizes como nas ruas de Moscovo quando fazia vinte graus negativos. E com vinte e cinco graus negativos os meus compatriotas pareciam ainda mais felizes. Depois de observar cuidadosamente o fenómeno, cheguei à conclusão de que, em caso de temperaturas extremamente baixas, a afabilidade russa não se deve apenas ao prazer de enfrentar dificuldades, mas também em grande parte a um elevado consumo de álcool."
[pp. 151 e 152]

https://www.goodreads.com/review/show/1832769775

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