sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

[Apresentação] Geopolítica da Alemanha: Ratzel, Haushofer e as duas Guerras Mundiais do Século XX, de Marisa Fernandes

"Geopolítica da Alemanha: Ratzel, Haushofer e as duas Guerras Mundiais do Século XX" de Marisa Fernandes
Instituto Universitário Militar/ Fronteira do Caos Editores, 2016
164 Páginas

Lançado no passado dia 24 de Novembro, no Instituto Universitário Militar, este é o primeiro livro em que sou a única autora. E, por razões óbvias, as linhas que se seguem não fazem parte de uma crítica, como as que habitualmente costumo aqui escrever, mas antes de uma apresentação da obra "Geopolítica da Alemanha: Ratzel, Haushofer e as duas Guerras Mundiais do Século XX".

Antes de mais, e embora partindo da Dissertação de Mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais, defendida em 2010 na Universidade Nova de Lisboa, este livro seguiu agora um rumo independente e adquiriu uma vida própria, tendo já muito pouco do texto original. O tema é o mesmo (as relações entre o Espaço e o Poder na Alemanha entre 1871 e 1945), é certo; o conteúdo, porém, foi completamente reformulado, reflectindo muito do trabalho que tenho vindo a desenvolver desde 2011 (até agora), quando ingressei no Doutoramento em Estudos Estratégicos na Universidade de Lisboa.

Com efeito, a obra associa a História, as Relações Internacionais, a Guerra, a Geopolítica, os Estudos Estratégicos e a Literatura, áreas que, além de me fascinarem, têm requerido muito da minha atenção e dedicação nos últimos anos. Por outro lado, procurei escrevê-lo de forma a poder ser lido por qualquer pessoa, com ou sem formação nestas áreas, sem com isso deixar de lado o rigor e o cuidado necessários e exigidos num trabalho destes.

No que respeita à sua organização, "Geopolítica da Alemanha: Ratzel, Haushofer e as duas Guerras Mundiais do Século XX" encontra-se dividido em cinco partes. Exceptuando a introdução, correspondente à primeira parte, e a conclusão, correspondente à quinta parte, o livro tem uma segunda parte intitulada "Em direcção à Geopolítica", uma terceira intitulada  "Friedrich Ratzel, a Alemanha de Wilhelm II e a Primeira Guerra Mundial" e uma quarta intitulada "Karl Haushofer, a Alemanha de Adolf Hitler e a Segunda Guerra Mundial", que é também a mais extensa porque é efectivamente depois da Primeira Grande Guerra que se pode falar da Geopolítica (só nascida nos anos vinte do século XX).

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Na segunda parte ("Em direcção à Geopolítica") abordo não só a complexidade inerente ao acto de definir a Geopolítica, como também apresento uma definição de Geopolítica (partindo da relação entre o Espaço e o Poder, essenciais para este saber, seguindo para o conhecimento do Espaço e depois para a disputa do Poder pelo Espaço, originando a Guerra).

Na terceira parte ("Friedrich Ratzel, a Alemanha de Wilhelm II e a Primeira Guerra Mundial"), começo por abordar a Kleindeutschland [pequena Alemanha] de Otto von Bismarck, uma opção de unificação da Alemanha que, colocando na liderança a Prússia, deixa de lado a Áustria-Hungria. Seguidamente, analiso o pensamento de Friedrich Ratzel e da sua Geografia Política na passagem da Alemanha de Otto von Bismarck para a de Wilhelm II, bem como a Weltpolitik [política mundial] de Wilhelm II, o último Imperador da Alemanha. É de referir que esta parte termina com a Primeira Guerra Mundial e a identificação das convergências e divergências existentes entre as perspectivas de Ratzel e de Wilhelm II para a Alemanha.

Na quarta parte ("Karl Haushofer, a Alemanha de Adolf Hitler e a Segunda Guerra Mundial"), começo por me referir à República de Weimar na Alemanha do Pós Primeira Guerra Mundial, abordando os momentos-chave que caracterizaram este período nas relações entre o Espaço e o Poder alemães, a começar pelo Tratado de Versailles, o Diktat.

Depois, debruço-me sobre o nascimento da Zeitschrift für Geopolitik [revista de Geopolítica] e, em seguida, sobre o pensamento de Karl Haushofer  e da sua Geopolítica para a Alemanha. Existe igualmente um capítulo sobre a emergência da Cartografia Sugestiva, antes de entrar na Alemanha de Adolf Hitler.

A partir de 1933, tudo muda: a Escola de Geopolítica passa a ser um instrumento de propaganda ao serviço do Nacional-Socialismo e a Cartografia Sugestiva também, sendo que cada uma destas é objecto de um capítulo próprio. Entretanto, inicia-se a expansão militar da Alemanha que trato no capítulo seguinte e a promoção do caminho para a Guerra, a eliminação e proibição do que o contraria, matéria de outro capítulo ainda.

Com a Segunda Guerra Mundial, os mapas tornaram-se um elemento de justificação da Guerra, como procuro demonstrar em capítulo próprio, sendo que no decorrer do conflito se verifica a extinção da Zeitschrift für Geopolitik (um capítulo) e o afastamento de Karl Haushofer e da familia (outro capítulo). Porque este se trata de um livro de Geopolítica o penúltimo capítulo desta parte é dedicado à concretização espacial (e não só) do Lebensraum [espaço vital] de Hitler. Termino, pois, na linha da lógica adoptada para a terceira parte, com a identificação de convergências e divergências entre as perspectivas de Karl Haushofer e de Adolf Hitler para a Alemanha na Segunda Guerra Mundial.

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Efectivamente, este estudo tem como objectivo "conferir maior clareza às relações entre o pensamento, acerca das relações entre o espaço e o poder, e a acção política alemãs, (...), visando uma maior aproximação à realidade da Alemanha do período entre as Grandes Guerras do século XX. Por outro lado, procura-se também contribuir para uma melhor compreensão do que é a Geopolítica, qual a sua importância, e em que contexto é que esta surgiu na Alemanha, almejando, deste modo, quebrar a mística e o tabu que parece estar associada à Geopolítica alemã na Primeira e na Segunda Guerras Mundiais" (p.4). 

Sem me querer alongar mais, sublinho que a "Geopolítica da Alemanha: Ratzel, Haushofer e as duas Guerras Mundiais do Século XX" se inicia com as seguintes palavras de Stefan Zweig, escritor austríaco de origem judia (que acabou por se suicidar durante a Segunda Guerra Mundial no Brasil), que, no meu entender, reflectem no essencial o que foram as relações entre o Espaço e o Poder da Alemanha entre 1871 e 1945:

“O sol brilhava em toda a sua força e plenitude. Ao regressar a casa, reparei de repente na minha própria sombra que me precedia, tal como via a sombra da guerra passada por trás da guerra presente. Durante todo este tempo, ela nunca mais saiu do meu lado, aquela sombra, pairando, dia e noite, sobre cada um dos meus pensamentos; talvez os seus escuros contornos apareçam também em alguma destas páginas. Mas, em última análise, cada sombra é também filha da luz, e só quem tenha vivido a claridade e a escuridão, a guerra e a paz, a ascensão e a queda, só esse terá verdadeiramente vivido”
(Stefan Zweig, 2014, pp.507-508).

Boas leituras!

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Para adquirir o livro:
O livro vai estar à venda no Instituto Universitário Militar - IUM (na Rua de Pedrouços, 1449-027 Lisboa) e há duas formas de o obterem:
1) telefonando, antes de lá irem,para os serviços financeiros (213 002 174) e dizendo que querem ir lá buscar um exemplar (o preço é de 15 euros);
2) ou enviando um e-mail para o sr. Comandante Santos Madureira (madureira.cas@ium.pt), solicitando o envio de um exemplar para a vossa morada. Esse envio será feito à cobrança (no valor de 15 euros + portes).

Se tiverem alguma dúvida ou dificuldade, sintam-se à vontade para me enviar uma mensagem pessoal para marisaasfernandes@gmail.com

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