sábado, 31 de dezembro de 2016

Fausto, de Johann W. Goethe

"Fausto" de Johann W. Goethe
Relógio D' Água, 2013
470 Páginas

Agradável surpresa antes de tudo, o "Fausto" de Johann Wolfgang von Goethe não é propriamente um livro de leitura fácil. Não é prosa, é poesia e também não é poesia poesia. É uma tragédia. Num certo sentido, e para que se possa perceber o estilo, parece que estamos diante de uma espécie de "Os Lusíadas" de Camões.

A obra está dividida em duas partes, sendo que a segunda é composta por cinco actos. Destas duas partes, gostei muito mais de ler a primeira do que a segunda, quando Fausto decide vender a alma ao diabo e, cansado de levar uma vida de estudo longe dos prazeres da vida, decide envolver-se com Margarida, uma jovem inocente e ingénua. A segunda parte tem, a meu ver, muitas personagens (talvez demasiadas) e isso fez-me perder um pouco na história, deixando-me, por vezes, algo confusa. 

Consta que o Doutor Fausto foi um homem que viveu na Alemanha entre 1480 e 1540, mas esta informação é apenas uma das várias que existem acerca deste homem. Algumas são até conflituantes entre si. É, ao que parece, através de Goethe que a figura de Fausto se torna mais conhecida. A obra demorou quase sessenta anos a ser escrita, sendo que Goethe escreveu primeiro a primeira parte e alguns anos depois a segunda.

Gostei. Goethe, figura impar do Romantismo europeu, demonstra que se adapta bem a vários estilos literários, escrevendo com talento e mestria. E é fácil perceber porque é que "Fausto" é considerada a sua obra prima. "Fausto" reune em si como que um pedaço de cada uma das suas outras obras, como "Werther", "Viagem a Itália" e "O Jogo das Nuvens", só para dar alguns exemplos. Há algo comum entre estas quatro obras que vai muito para além do facto de terem sido escritas todas pela mesma pessoa... !

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"A vergonha quando nasce vem/Ao Mundo no meio de segredos, / E o véu da noite lhe põem/ A cobrir cabeça e ouvidos;/ Bem gostaríamos de a matar, /Mas quando cresce e fica grande, /Nada impede que à luz do Sol ande, /Sem, porém, mais bela ficar./ Quanto mais é feia e impura, /Mais a claridade procura." (p.174)

https://www.goodreads.com/review/show/1853704366

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