domingo, 22 de janeiro de 2017

A Guerra não tem rosto de mulher, de Svetlana Alexievich

"A Guerra não tem rosto de mulher" de Svetlana Alexievich
Elsinore, 2016
392 Páginas



Em "A guerra não tem rosto de mulher", Svetlana Alexievich aborda a guerra do ponto de vista das mulheres. Mulheres russas que, na Segunda Guerra Mundial, foram combater os alemães, aquando da invasão da União Soviética em 1941, deixando de lado os vestidos femininos, os sapatos de salto, as tranças que tiveram de cortar e a maquilhagem. Mulheres que, tantas vezes, nem maiores de idade eram e partiam para a guerra porque queriam a Vitória, queriam defender e ajudar a mãe, o pai e os irmãos e as irmãs. 

Este é um livro de vozes. Um livro de testemunhos. Pleno de emoções. Pleno de sensibilidade. Pleno de força. Pleno dos horrores de quem participou directamente na guerra, sem intermediários. Muitas destas vidas ficaram condicionadas para sempre depois da guerra: fisicamente, psicologicamente e até do ponto de vista familiar. Há quem nunca recupere das feridas deixadas por todo o sofrimento passado e lhe custe falar, testemunhar. Há quem tenha ultrapassado tudo isso. Há de tudo. 

Gostei muito de ler este livro. Além de estar extremamente bem escrito e justificar sem qualquer dúvida a atribuição do Prémio Nobel da Literatura a Svetlana Alexievich em 2015, este livro trouxe-me algo de novo: a leitura da guerra pelas mulheres. E note-se que eu leio bastante sobre a guerra (faz parte do meu trabalho), pelo que não tenho qualquer dúvida em dizer que quem quiser compreender o que foram as duas grandes guerras totais do século XX (a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais) tem de ler este livro, a par de "A Guerra como Experiência Interior" de Ernst Jünger e "Os Órgãos de Estaline" de Gert Ledig. 

https://www.goodreads.com/review/show/1865955098


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