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segunda-feira, 29 de junho de 2020

Die Zukunft nach Corona, de Matthias Horx

"Die Zukunft nach Corona" de Matthias Horx
Econ, 2020
139 Páginas


Escrito pelo fundador do Zukunftsinstitut (instituto do futuro - é um think thank privado destinado a realizar estudos e a avaliar tendências de evolução futura), sediado em Frankfurt am Main, o livro propõe-se a abordar em que medida é que o Coronavírus poderá mudar a nossa sociedade, os nossos pensamentos e as nossas relações comerciais. Trata-se de uma crise profunda, uma crise de várias camadas, capaz de afectar todos os níveis da nossa existência e acabar com o mundo, como nós o conhecemos. 

Composto de 12 capítulos, diria que Horx cumpre bem com o objectivo inicial a que se propõe. Porém, um estudo mais aprofundado a vários dos documentos produzidos pelo respectivo instituto a propósito do futuro pós Covid, e estou a recordar-me, por exemplo, de dois documentos em particular (a cenarização evolutiva da sociedade pós Covid e a economia pós Covid), levam-me a achar que, ainda assim, o livro ficou aquém do que eu esperava. 

Diria também que tem partes muitissimo inteligentes sobre o modo como se pode ver o problema e outras cuja lógica e relação com estas não se compreende assim tão bem. E isso aborreceu-me um pouco. Daí que tenha ficado com a sensação de que ler os tais documentos, "white papers", como o Zukunftsinstitut a eles se lhes refere, revelou-se sobejamente mais enriquecedor e proveitoso para mim. Até porque terminei a leitura com a sensação de "superficialidade" e isso não é nada bom, ainda para mais, tratando-se do assunto em causa... 

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Frente ao Contágio, de Paolo Giordano


"Frente ao Contágio" de Paolo Giordano
Relógio D' Água, 2020
65 Páginas



"Frente ao Contágio" de Paolo Giordano é daqueles livros que, daqui a vários anos (provavelmente quando nenhum de nós existir mais), constituirá um importante testemunho do que foi viver uma pandemia (com as dimensões desastrosas que esta já leva...) em 2020, no século XXI. 

Abdicando de parte dos direitos de autor (que serão entregues para a gestão da emergência sanitária e para a investigação científica), o autor italiano - de Turim, no norte de Itália - aborda muitos dos comportamentos/sentimentos que muitos de nós já testemunharam directa ou indirectamente ao longo desta crise. E ainda que, sob esse ponto de vista, "Frente ao Contágio" não apresente nada de novo, dá voz escrita e eterna aos tempos estranhos que correm. 

Giordano, vencedor de dois importantes prémios com a obra "A Solidão dos Números Primos" (Prémio Strega e o Prémio Campiello Opera Prima, ambos em 2008), tem em "Frente ao Contágio" uma escrita que é um misto de estilo literário com estilo científico, sem abusar de nenhuma delas e muito menos da última. Diria que tem um jeito muito próprio de escrever que, em certa medida, deixa transparecer a sua formação de base (é Doutor em Física).

Gostei, porém, muito mais da primeira metade do livro do que da segunda (que me pareceu algo superficial) e, no que respeita à primeira um dos textos que mais me impressionou, por me recordar um video que vi quando a pandemia chegou a Portugal em força (pouco antes de ser declarado o primeiro Estado de Emergência) foi o do R0, a propósito da forma como o contágio se processa, recorrendo aos berlindes como exemplo. Aliás, impressionou-me tanto que o deixei quase todo sublinhado!

Aqui fica uma pequena passagem: (...)" Imaginemos que somos sete mil milhões e meio de berlindes. Estamos suscetíveis e parados, quando de súbito um berlinde infetado avança sobre nós a toda a velocidade. Este berlinde infetado é o paciente zero e tem tempo para atingir dois outros berlindes antes de parar. Estes últimos ressaltam e atingem outros dois na cabeça. Uma e outra vez. Uma e outra vez. Uma e outra vez. (...)" (p.17)