sexta-feira, 12 de abril de 2019

O Lobo das Estepes, de Hermann Hesse


"O Lobo das Estepes" de Hermann Hesse
Publicações Dom Quixote, 2014 
266 Páginas



Ler Hermann Hesse significa quase sempre mergulhar num outro universo, quase mágico, muitas vezes fantasioso. "O Lobo das Estepes" não é excepção. Aqui temos alguém que é meio homem, meio lobo, sendo que esta sua última característica se relaciona com a necessidade de se isolar e permanecer tranquilamente em desassossegada solidão. 

Sem entrar em mais detalhes acerca da história (e reflexão) que aqui podemos encontrar, gostava de notar que aqui também entram Mozart e Goethe e um jogo de Xadrez (porque a vida também se joga com várias e diferentes peças). E o resultado são algumas horas bem passadas a ler Hesse, Prémio Nobel da Literatura em 1946. 


A escrita é fluída e clara, filosófica que baste, e a história é bonita. Deixa-nos, de alguma forma, a pensar... tanto em nós próprios, como em alguém que conhecemos... Há mais lobos por aí do que se possa imaginar e isso não é assim tão mau e assustador quanto possa parecer à primeira vista. É... desafiante e, de uma maneira ou de outra, serve para aprendermos algo e crescermos como seres humanos. 


Por fim, "O Lobo das Estepes" deve ser igualmente lido, contextualizando-a no período histórico em que foi publicado pela primeira vez. Porque os homens e as suas obras são, por inevitabilidade, produto do contexto temporal (e não só) em que se desenvolvem... Hesse publicou-o em 1927, após a Primeira Guerra Mundial (e as marcas da Guerra sentem-se em várias partes do texto), numa altura em que na cena internacional se tentava comprometer a Alemanha com o objectivo de evitar um novo conflito armado, já se tinham experimentado os horrores da Guerra (a primeira Total com consequências nefastas que acabariam por levar à Segunda Guerra Mundial) e o desencantamento... O mesmo desencantamento que, por vezes, nos leva a procurar a solidão da nossa própria companhia e o "afastamento" ainda que provisório da realidade que se encontra lá fora e que, em certa medida, nos "feriu"...




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