sábado, 22 de outubro de 2016

A Lagoa Azul, de Henry DeVere Stacpoole

"A Lagoa Azul" de Henry DeVere Stacpoole
Babel, 2010
330 Páginas


"A Lagoa Azul" foi uma feliz surpresa, pois apesar de conhecer a história porque já vi um sem número de vezes o filme com o mesmo nome (trailer oficial aqui: https://www.youtube.com/watch?v=XfNgPljZCmM ), o livro conseguiu trazer-me novidade. Há partes, importantes e podendo fazer a diferença no desenrolar da história, que o filme não mostra e o livro conta de forma magistral. 

As descrições são soberbas, quase cinematográficas. De tal modo que, durante os dias que estive a ler "A Lagoa Azul" também eu me senti como se estivesse na ilha e a viver numa cabana longe da civilização. Henry de Vere Stacpoole escreve com uma sensibilidade tal que é fácil sentirmo-nos parte da história, ainda que o seu papel seja apenas o de observador. Por outro lado, o autor tem algumas "saídas" bastante brilhantes, sobretudo porque, em 1908 (quando em Inglaterra as mulheres são começam a ter direito ao voto depois da Primeira Guerra Mundial), e a título de exemplo, escreve que "O desprezo pelas mulheres é a primeira lei da selvajaria e talvez a última lei de uma qualquer filosofia velha e profunda" (p.290). Gostei de ler isto. Principalmente porque foi escrito por um homem e foi escrito em 1908... Extraordinário!

Ademais, "A Lagoa Azul" está longe de ser apenas uma história sobre duas crianças que vão dar a uma ilha no Pacífico, crescem e se amam. É mais do que isso. É uma viagem. Uma reflexão sobre o que é a liberdade (se é viver em vida selvagem, se é viver em civilização). E, por isso, adorei ler este livro, um verdadeiro bálsamo, e devo sublinhar que já me arrependi várias vezes de, quando no Outono de 2010 comprei este livro, me ter questionado (e voltado a questionar) se tinha tomado a opção certa em comprar um livro, cuja história já conhecia de trás para a frente... Que tamanho disparate! Já o devia ter lido antes...! Ler um livro nunca há de ser o mesmo que ver um filme! Este livro é muito bonito e ainda é melhor porque nos leva a sonhar... Com um mundo diferente do nosso, puro e inocente... Utópico, na verdade. Porém, se não sonharmos com a utopia como poderemos melhorar o que temos?

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"Para esquecer a passagem do tempo, é necessário viver ao ar livre, num clima quente, com o mínimo possível de roupa sobre o corpo. É necessário caçar, pescar, colher e cozinhar o nosso alimento. E então, passado algum tempo, se não tivermos quaisquer laços a ligar-nos à civilização, a Natureza começará a fazer-nos a nós o que faz ao selvagem. E então, reconheceremos que é possível ser feliz sem livros e jornais, cartas ou contas. Reconheceremos então o papel que o sono desempenha na Natureza." (p. 127)

https://www.goodreads.com/review/show/1788487096?book_show_action=false&from_review_page=1

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