sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Maestra, de L.S.Hilton


"Maestra" de L.S.Hilton
Editorial Presença, 2016
303 Páginas



L.S.Hilton começa a "Maestra", no meu entender de uma forma muito pouco original, diria até que de forma algo desinteressante. Esta foi a minha primeira impressão ao fim de vinte e tal páginas lidas. No entanto, e como desistir facilmente não faz muito o meu género, continuei a ler. "Maestra" tem sido muito falado na imprensa nacional e internacional e isso tinha de ter algum fundamento... Mais adiante compreendi porquê.

"Maestra" foca-se em Judith Rashleigh, que ambiciona ter uma carreira bem sucedida no mundo da arte, mas que para fazer face às suas despesas leva uma vida simultânea como acompanhante à noite, assumindo outras identidades. Com o tempo as novas identidades são assumidas por Judith para fugir de si e dos crimes que vai cometendo, primeiro por um "acaso" e depois "porque sim", no decorrer desta sua vida paralela. A sua vida "falsa" acaba por assumir a direcção e é essa que ela passa a viver a maior parte do tempo, com uma frieza incomum, sem qualquer espécie de remorsos e a conta bancária a encher. 

Desengane-se quem julgar estar diante de algo parecido às "50 sombras de Grey". Não me parece nem tão pouco encontro lógica nessa associação. Concordo bem mais com alguma semelhança no estilo, apesar de diferente, com a obra "Em Parte Incerta" de Gillian Flynn. Isso sim. Sobretudo no que respeita à ausência de moral na personagem principal, juntando sexo e crime(s) numa mesma situação.  

É uma leitura empolgante. E dei comigo a pensar na vida de Judith já depois de ter lido o livro todo (bom sinal). Talvez porque não me identifico com ela (que vai leva à letra o "femme fatale"), mas acho-a psicologicamente fascinante e espero sinceramente que no volume seguinte L.S.Hilton explore mais esse lado da personagem. Porque tem tanto, tanto para explorar... E o seu passado certamente terá tido uma grande influência nisso. Bom... Veremos! 

*
"O ódio era melhor. O ódio mantinha-nos frias, fazia-nos avançar rapidamente, mantinha-nos sós. Se precisássemos de nos transformar noutra pessoa, a solidão era uma boa forma de começar." 
[p. 41]

https://www.goodreads.com/review/show/1750979871

Sem comentários:

Enviar um comentário