terça-feira, 14 de junho de 2016

Cândido, de Voltaire


"Cândido" de Voltaire
Abril/Controljornal & Biblioteca Visão, 2000
126 Páginas

"Cândido" é uma obra plena de ironia do início ao fim e a ingenuidade da personagem principal (para o bem e para o mal), que dá o nome à obra, chega a causar alguma confusão ao leitor. Todo o livro soa a uma grande fantasia, já que quase todas as personagens morrem (ou quase) e voltam a aparecer posteriormente numa fase avançada do livro vivas e noutras partes do mundo.

Voltaire brinda os seus leitores com uma pequena obra feita de viagens, em que, entre outros outras paragens, Cândido visita Portugal - quase no início da história - por altura do Terramoto e Maremoto de 1755 em Lisboa (aspecto que admirei particularmente; não pelo acontecimento em si, mas pelo facto de um autor francês do século XVII-XVIII falar de Portugal e inclui-lo na narrativa), e vai lidando com o bem e o mal, o pessimismo e o optimismo e, sobretudo, mais com o mal do que com o bem e mais com a ingenuidade do que propriamente com o optimismo (na minha visão, claro). É enganado vezes sem conta, perde, reencontra e volta a partir em busca do seu amor Cunegundes. Afinal, é sempre esse amor que o move até ao fim da história. 

É um livro estranho, à partida. Num certo sentido irreal, noutro estamos unicamente a falar da realidade da vida e dos seus momentos neutros, maus e em menor grau bons. A grande mensagem que acima de tudo se deve retirar da sua relaciona-se com a vantagem de ser optimista ou, pelo menos, um pessimista optimista, ou seja, sem mitigar a realidade e os infortúnios, e sabendo que na maioria das vezes é o mal que ganha, continuar, persistir e lutar até ao fim na esperança de que o bem também consiga triunfar!
*
"-Que é isso do optimismo? - perguntava Cacambo. 
- Ai! - respondeu Cândido - É o furor de insistir que tudo está bem quando está mal! (...)" (Voltaire, 2000 p. 70).

https://www.goodreads.com/review/show/1642069485

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