sábado, 14 de maio de 2016

O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald

"O Grande Gatsby" de F. Scott Fitzgerald
Editorial Presença, 2011
174 Páginas

Aquela que parecia ao início uma leitura algo confusa e caótica, depressa se tornou numa leitura extasiada, própria do período a que a história de "O Grande Gatsby" se refere, os loucos anos vinte. Ao contrário de outras obras, das quais também existem filmes, aqui aconteceu-me ver primeiro o filme, que adorei, e depois ler o livro, o que me levou a começar a leitura um tanto ao quanto receosa porque não me agrada muito a ideia de começar a ler uma história que conheço bem de trás para a frente. E porquê? Porque se perde um pouco a magia. Não há surpresa e a porta já está toda aberta para trás...

Aqui, todavia, isso não se verificou. Aliás, o facto de ter as imagens do filme ainda em mente fez-me perceber melhor a história e deu-lhe ainda mais cores, sons e sentido. Note-se igualmente que o livro termina de forma ligeiramente diferente do filme, o que se percebe pois o livro por norma tem sempre mais pormenores do que o filme e isso aqui também se verifica. Porém, tal não faz com que o filme distorça a história ou a deixe incompleta...

Relativamente ao argumento de "O Grande Gatsby", devo dizer que esta história exemplifica bem aqueles amores que julgamos serem para sempre, mas que, por razões financeiras e de estatuto, somos levados a deixar em suspenso até que consigamos atingir o necessário estatuto social e financeiro. Depois, anos mais tarde, queremos regressar ao ponto onde ficámos, porque em certa medida nos habituámos a viver no passado, e verificamos que esse passado só existe em nós e tudo aquilo que julgávamos ainda existir... Não passa de um sonho (passado). Um sonho que não o quisemos viver no presente e preferimos deixar para o futuro (incerto e que ainda não chegou), passou para o passado e ali acabou por perecer!

Gostei uma vez mais da história. Aliás, gosto desta. Serve para nos deslumbramos, mas também para pensarmos. E é daquelas que passe o tempo que passar jamais esquecerei o seu sentido. Porque tem sentido. E tem muito. Penso, na verdade, que a mensagem que Fitzgerald quer transmitir é a de que amar inocentemente só compensa se for aqui e agora, se for recíproco e se não forem necessários acessórios excessivos e aparentes dignos de utopia.

*
"(...) o sonho deve-lhe ter parecido tão próximo que só dificilmente poderia escapar ao seu abraço. Não sabia que o sonho era já uma coisa do passado, atrás dele, perdido algures na vasta obscuridade para além do clarão da cidade, onde os vastos plainos da República se desenrolaram sem fim sob o céu estrelado. (...) acreditara na luz verde, no orgíaco futuro que, ano após ano, foge e recua diante de nós. Se hoje nos iludiu, pouco importa: amanhã correremos mais depressa, alongaremos mais os braços... (...)Assim vamos teimando, proas contra a corrente, incessantemente cortando as águas, a caminho do passado." (Fitzgerald, 2011, p. 174)

https://www.goodreads.com/review/show/1634439252?book_show_action=false

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