domingo, 15 de maio de 2016

Catarina, a Grande, de Silvia Miguens


"Catarina, a Grande" de Silvia Miguens
Casa das Letras, 2013
303 Páginas

"Catarina, a Grande" é o segundo romance que leio tendo Catarina II da Rússia (1729-1796) como personagem (principal) e acredito que não será o último. É, sem qualquer espécie de dúvidas, uma figura histórica pela qual nutro grande simpatia. Por tudo. Tanto pela sua experimentada e intensa vida pessoal, como também pela sua vida política.

Catarina, a Grande, nascida Sofia Augusta Frederica, tratou-se de uma mulher ambiciosa, inteligente, mas também humana. Os afectos sempre lhe escaparam como fina areia por entre os dedos. Não foi tarefa fácil dirigir um Império com a dimensão do Império Russo sendo mulher numa época dominada pelos homens. Ainda assim, ela conseguiu-o, vivendo as suas paixões, sem se demorar demasiado nelas. Nos intervalos. Porque a Rússia precisava dela e, talvez, também ela precisava da Rússia. A Rússia (e o poder) tornou-se o seu amor maior. 

Com efeito, Silvia Miguens romanceia a vida desta czarina russa, de origem alemã, com talento e mestria, levando-nos a conhecer Catarina, uma mulher à frente do seu tempo, ávida leitora de Voltaire e responsável por conseguir grandes e importantes ganhos territoriais para o Império Russo. A narrativa é dinâmica, sem excesso de descrições e salpicada de diálogos que nos aproximam das personagens. E a leitura flui naturalmente, sem grandes demoras. Na verdade, a história saboreia-se sem pausas e, ao mesmo tempo, sem correrias. Vale por si mesma. Vale pela escrita e composição da autora e igualmente pela vida real e efectiva de Catarina, a Grande. 

Um livro brilhante!

*
"Diz-se que há homens em cujas vidas pode ver-se o espírito do seu tempo. O meu tempo é o século XVIII, tal como este século é a minha vida. Claro que não é fácil ser mulher num mundo pensado por homens. Todavia, no meu caso, ser mulher não foi um problema. 
Foi-o, sim, a solidão. Embora a solidão não seja produto do espírito do tempo, ou do facto de se ser homem ou mulher. A solidão é um destino, uma marca, uma caracteristica hereditária ou qualquer coisa como uma malformação congénita. Mais adiante, o ambiente complementa o quadro e joga com o facto de se ser homem ou mulher e com a solidão". (Miguens, 2013, p.9)

https://www.goodreads.com/review/show/1634410331

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