terça-feira, 26 de abril de 2016

Werther, de J.W.Goethe


"Werther" de J.W.Goethe
Abril Controljornal/Biblioteca Visão, 2000
126 Páginas

Publicada pela primeira vez em 1774 e podendo ser assumida como uma obra autobiográfica, "Werther" (ou melhor "Os sofrimentos do jovem Werther", já que é isso mesmo que significa o título original da obra em língua alemã quando traduzido à letra, " Die Leiden des jungen Werther") conta a paixão de Werther por Carlota, impossível de concretizar, na medida em que esta se encontra prometida a outro homem. 

Constituida por duas partes, a obra de J. W. Goethe inspirou-se no amor impossível que teve por Charlotte Buff (1753-1828), que se viria a casar com um diplomata e coleccionador de arte, Johann Christian Kestner, tendo feito algumas alterações aos nomes dos lugares e das pessoas, bem como ao próprio desfecho. 

Efectivamente, e através de uma escrita veemente (sem ser complexa e dificil de compreender), o leitor pode acompanhar o nascimento, crescimento e "termo" deste sentimento (e do sofrimento daí decorrente) de Werther, que o mesmo vai dando a conhecer através das cartas que redige com frequência ao seu amigo, Guilherme. 

Tendo sido bem acolhida na época em que surgiu, o livro "Werther" e a história real na qual se baseia acabariam por dar origem, em 2010, ao filme "Goethe!", dirigido por Philipp Stölzl (o trailer oficial, legendado em inglês, poderá ser encontrado aqui: https://www.youtube.com/watch?v=IqLvK... ). 

Ainda quanto ao livro, cumpre referir que o facto de ser uma obra com poucas páginas não reduz o mérito de Goethe. Pelo contrário. Goethe escreve muito em poucas palavras. Não é dificil colocarmo-nos na posição de Werther (ou Goethe) e, ao mesmo tempo, regressar à posição de observador de toda a "cena". O livro está também pleno de passagens intensas (ou melhor, profundas, porque parecem escritas com toda a alma) e, em alguns momentos, faz-nos pensar em "Romeu e Julieta" de William Shakespeare, sobretudo porque, embora com motivações diferentes, o que aqui está em causa é um amor impossível, platónico, que conduzirá também a um fim trágico. Recomendo, portanto, a sua leitura e voltarei, sem dúvida, a ler Goethe!
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"Como a sua imagem me persegue! Acordado ou a sonhar é sempre ela que enche a minha alma! Aqui, quando fecho os olhos, aqui, no meu cérebro, aonde converge a força visual, tenho eu gravados os seus olhos negros! Aqui! Não posso exprimir-to... Basta que feche os olhos para ver os dela, sempre como um oceano, como um abismo; estão à minha frente, estão dentro de mim, enchem todo o meu cérebro, todos os meus sentidos." (Goethe, 2000, pp. 97 e 98).

https://www.goodreads.com/review/show/1618653365?book_show_action=false

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