segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O Despertar do Mundo, de Rhidian Brook

"O Despertar do Mundo" de Rhidian Brook
Edições Asa, 2014
328 Páginas

Baseado na experiência do avô do autor, "O Despertar do Mundo" retrata a Alemanha saída da Segunda Guerra Mundial, em 1946, quando derrotada e dividida se encontra em ruínas, faminta e a carecer de uma complexa reconstrução da sua sociedade e das vidas individuais dos alemães.

A história passa-se no sector inglês (recorde-se que a Alemanha havia sido dividida em quatro sectores, cada qual ao cargo de uma das quatro potências vencedoras: EUA, Grã-Bretanha, França e URSS), entre uma família inglesa (a do coronel Lewis Morgan) que vai ocupar uma casa de uma família alemã (Lubert), sem a desalojar, o que não era muito comum, na cidade de Hamburg. 

Numa Alemanha a tentar recuperar a paz, cada um dos elementos de cada uma destas duas famílias está também a viver um conflito interno. Ambas sofreram e sofrem com a perda de familiares chegados por causa da Guerra, estando inconformadas com a realidade. No meio de tudo isto, há também lugar para uma paixão proibida e traição, motes para a libertação de algumas personagens e para o virar da página ao passado recente. Há igualmente a rebeldia e a solidão e a esperança que nasce inesperada dos escombros, dando um rumo surpreendente à história.

Gostei muito deste livro, bem escrito e articulado, e ainda mais por saber que se baseia em factos reais. O tema da Alemanha no pós Guerra é-me querido e o modo como este militar defende a importância da convivência com respeito entre vencedores e vencidos de uma Guerra parece-me particularmente feliz e inteligente (embora tudo tenha os seus prós e contras no que respeita à vida de cada um). Na minha opinião, esta trata-se de uma interessante lição de vida, sendo que o argumento desta história dava, sem dúvida nenhuma, um excelente filme! 

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"Raramente falamos das coisas que realmente importam. Andamos à volta delas em bicos de pés. Penso que é o espirito desta era. Uma ressaca dos vitorianos. Ou por causa de demasiadas guerras. Não sei. Se o futuro pudesse ser qualquer coisa, gostaria que fosse um futuro em que as pessoas pudessem falar daquilo que importa." [Rhidian Brook, 2014, p.244]

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