quinta-feira, 16 de abril de 2020

1984, de George Orwell


"1984" de George Orwell
Antígona, 2015
327 Páginas




Costuma dizer-se que à terceira é de vez e parece ter sido o caso. Foi a terceira vez que peguei em "1984" para o ler e desta li-o mesmo todo. Parece que estava na hora...

É um livro extremamente interessante. Porém, devo dizer que muito do que ali está escrito não é nem foi novo para mim... Houve um grande sentimento de "já vi isto", "isto é-me familiar", porventura motivado pelo facto de me terem falado vários vezes nele e/ou pelo facto de estar directamente relacionado com a minha área de formação. 

Num certo sentido, e mesmo que com outros contornos, "1984" é agora (no tempo), sim (e esta ideia não é minha, mas eu concordo com ela). Basta pensarmos por instantes em todo o controlo, e em certa medida falta de privacidade, que o uso das tecnologias de informação/comunicação de forma massiva nos pode proporcionar...

Discordo, todavia, da perspectiva que a dada altura Orwell parece sugerir quando, de alguma forma, defende a ideia de que nem o pensamento é livre. O pensamento é, no meu entender, composto por uma parte relativa àquilo que eu penso (na minha cabeça e que pode incluir aquilo que os outros pensam e aquilo que eu penso efectivamente) e aquilo que eu exprimo, sendo que aquilo que eu exprimo pode incluir ou não aquilo que penso. E havendo um auto-bloqueio em exprimir aquilo que se pensa, não há nem pode haver controlo total sobre o pensamento. Será que nessa circunstância se pode considerar que o pensamento é livre? Uma parte sim, outra não. Posso pensar o que quiser, mas não posso exprimir o que quiser. ["Nada nos pertencia, excepto os poucos centímetros cúbicos no interior do nosso crânio" (p.30).]

Sem me querer alongar mais, até porque considero que o melhor mesmo é lerem "1984" e tirarem as vossas próprias conclusões (vale a pena), saliento a repetição sucessiva desta ideia com a qual não poderei estar mais de acordo:
"Guerra é Paz. 
Liberdade é Escravidão.
Ignorância é Força."

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