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sábado, 11 de fevereiro de 2023

"Fahrenheit 451" de Ray Bradbury


"Fahrenheit 451" de Ray Bradbury
11x17, 2020
238 Páginas 


Em "Fahrenheit 451" queimam-se livros para não pensar, para não questionar. Vive-se do instante, da superficialidade, da televisão manipuladora. Livre-se de quem seja apanhado a ler... Ler é coisa do demo e está proibido. 

O fogo destrói "a responsabilidade e a consequência. Se um problema se nos torna demasiado complicado, fogo com ele" (p.153). Os bombeiros aqui... não apagam fogos, queimam livros e eventualmente casas se necessário. 

Até um dia em que Montag - um bombeiro queimador de livros - se começa a questionar... E aí sim, temos livro... Um grande livro sobre a destruição de livros que nos faz pensar no poder dos livros e em como a nossa sociedade se está a auto-destruir grandemente... quando se concentra mais no prazer imediato e instantâneo, quando se reescrevem clássicos porque ofendem este e aquele direito desvirtuando completamente o sentido, o contexto e o argumento das obras, quando se proibem certos livros porque são considerados extremistas (e refiro-me a autores como Tolkien, Huxley, Orwell, Shakespeare, Kipling...)?! 

Ray Bradbury brinda-nos, pois, com uma grande obra... Daquelas que não envelhecem e que são autênticos gritos no meio da da corredoria dos dias e do imediatismo superficial. A ler! 

https://www.goodreads.com/review/show/5328211557

quinta-feira, 16 de abril de 2020

1984, de George Orwell


"1984" de George Orwell
Antígona, 2015
327 Páginas




Costuma dizer-se que à terceira é de vez e parece ter sido o caso. Foi a terceira vez que peguei em "1984" para o ler e desta li-o mesmo todo. Parece que estava na hora...

É um livro extremamente interessante. Porém, devo dizer que muito do que ali está escrito não é nem foi novo para mim... Houve um grande sentimento de "já vi isto", "isto é-me familiar", porventura motivado pelo facto de me terem falado vários vezes nele e/ou pelo facto de estar directamente relacionado com a minha área de formação. 

Num certo sentido, e mesmo que com outros contornos, "1984" é agora (no tempo), sim (e esta ideia não é minha, mas eu concordo com ela). Basta pensarmos por instantes em todo o controlo, e em certa medida falta de privacidade, que o uso das tecnologias de informação/comunicação de forma massiva nos pode proporcionar...

Discordo, todavia, da perspectiva que a dada altura Orwell parece sugerir quando, de alguma forma, defende a ideia de que nem o pensamento é livre. O pensamento é, no meu entender, composto por uma parte relativa àquilo que eu penso (na minha cabeça e que pode incluir aquilo que os outros pensam e aquilo que eu penso efectivamente) e aquilo que eu exprimo, sendo que aquilo que eu exprimo pode incluir ou não aquilo que penso. E havendo um auto-bloqueio em exprimir aquilo que se pensa, não há nem pode haver controlo total sobre o pensamento. Será que nessa circunstância se pode considerar que o pensamento é livre? Uma parte sim, outra não. Posso pensar o que quiser, mas não posso exprimir o que quiser. ["Nada nos pertencia, excepto os poucos centímetros cúbicos no interior do nosso crânio" (p.30).]

Sem me querer alongar mais, até porque considero que o melhor mesmo é lerem "1984" e tirarem as vossas próprias conclusões (vale a pena), saliento a repetição sucessiva desta ideia com a qual não poderei estar mais de acordo:
"Guerra é Paz. 
Liberdade é Escravidão.
Ignorância é Força."