segunda-feira, 27 de maio de 2019

Mel, de Ian McEwan


"Mel"de Ian McEwan
Gradiva, 2012
386 Páginas

"Mel" é o terceiro livro que leio de Ian Mc Ewan e até à data "Expiação" continua a ser o meu preferido. Quer isso dizer que não gostei de "Mel"? Não, nem pensar. Passo a explicar:

Gostei de "Mel", mas senti-me como que meio perdida e um tanto ao quanto desanimada até metade do livro... A história ganhou para mim efectivamente um novo fôlego quando a personagem principal, Serena, é colocada numa missão do MI5. A partir daí, sim, temos verdadeiramente história e Mc Ewan conseguiu prender-me à narrativa e ao modo como Serena lida emocionalmente com a missão na qual, em certa medida, se joga o seu futuro... 

O dilema em que Serena se encontra: de contar ou não a verdade acerca do seu envolvimento na missão ao homem que ama (e não vou entrar em mais pormenores) é, de facto, um dos pontos altos de "Mel". Durante muito tempo, não era possível aos espiões revelarem essa sua identidade (chamemos-lhe assim) à pessoa com quem viviam intimamente e penso que não é dificil imaginar o quão complicado isso era para as pessoas individualmente, para as relações, mas também para o próprio sucesso das missões... Porque por muito profissional que se seja nem sempre é fácil separar a vida profissional da vida pessoal, sobretudo quando esta primeira tem tão grandes implicações nesta segunda... Ausências, falta de tempo, eventualmente de contacto... 

Mc Ewan escreve muito bem. Tem passagens extremamente articuladas, escritas de forma inteligente e pensadas para não deixar o leitor indiferente... Emocionalmente falando. Ao mesmo tempo, a forma como Serena nos fala é uma espécie de exercicio de partilha de intimidade, ou melhor ainda, de intimidade desvendada... de algo secreto (literário q.b.), passado nos anos 70, aquando da crise petrolífera e ainda no decorrer da Guerra Fria.

No fim tudo se encaixa e a história termina de forma perfeita. O desfecho é surpreendente, sim, mas totalmente à altura da história que acabámos de ler... Brilhante!

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