sexta-feira, 11 de março de 2016

A Lição de Alemão, de Siegfried Lenz

"A Lição de Alemão" de Siegfried Lenz
Publicações Dom Quixote, 1991
371 Páginas

A história passa-se junto ao Mar, perto do Mar do Norte, na Alemanha durante o III Reich e já depois do fim deste. E gira em torno de um polícia que faz tudo para fazer cumprir o seu dever, mesmo quando tal deixa de ser necessário, e impedir o pintor Max Ludwig Nasen de pintar por ser considerado pelo regime como um pintor degenerado (do estilo Expressionista). É o filho do polícia, Siggi Jepsen, quem nos conta tudo (na redacção que tem de fazer para a escola em que se encontra) e recrimina a atitude do pai, tentando ajudar a proteger as obras do pintor e, consequentemente, sofrendo as consequências disso mesmo porque mal interpretado! Há quem defenda que, ainda que indirectamente, a figura do pintor Nasen pode querer sugerir a de Emil Nolde, um artista igualmente perseguido pelos nazis...

Com efeito, "A Lição de Alemão" trata-se de um romance longo, apesar das suas 371 páginas, e o seu tempo é lento. O tamanho da letra é pequeno e o espaçamento também, o que chega a cansar. A história passa devagar, devagarinho, com calma. Sigfried Lenz deixa-nos saborear bem as suas palavras, brindando-nos com inúmeras e detalhadas descrições que fazem o leitor sentir-se como se estivesse em cena. E escreve bem, muito bem. Diria, contudo, que a história se esgota no seu argumento (importante, porque foi o cumprimento cego do dever que levou a Alemanha à destruição com o Nacional-Socialismo) e, nesse sentido, este podia ser perfeitamente um livro menos longo e mais vivo!


Por fim, será de referir que a obra de Lenz se encontra esgotada, sendo que caso a editora pense em voltar a editar este livro seria interessante se fizesse um espaçamento e utilizasse um tipo de letra maiores, de forma a tornar a leitura da obra mais agradável. 

*

"O teu pai, Siggi, como polícia, tinha que zelar por uma proibição de pintar, em serviço. E quando acabou o tempo de pintar, dizes tu, ele continuou a vigiar o pintor. Eu: Por fim ele tinha uma tara - assim como têm uma tara todos aqueles que não querem fazer nada a não ser o dever." [Lenz, 1991, p.357]

https://www.goodreads.com/review/show?id=1559978294

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