quarta-feira, 20 de agosto de 2025

"Kairos" de Jenny Erpenbeck


"Kairos" de Jenny Erpenbeck
Relógio D'Água, 2024
336 Páginas




"Kairos" de Jenny Erpenbeck
Penguin Verlag, 2021
379Páginas

Vencedor do International Booker Prize 2024, "Kairos" foca-se essencialmente na relação entre Hans e Katharina, uma relação poder e submissão entre um homem mais velho, casado, e uma jovem cheia de ilusões. 

"Kairos" é uma leitura algo pesada, por vezes indigesta, sobretudo quando nos focamos na relação entre os dois e, na forma, com que, no decorrer da narrativa, Katharina se começa a desvalorizar e a esvaziar da sua identidade. 

Porém, a meu ver, Jenny Erpenbeck usa esta relação entre Hans e Katharina para nos expôr a dança de opostos e contradições da Alemanha pós Guerra. E, portanto, seguindo esta lógica de ideias, Hans representa a Alemanha "velha" saída do Nacional-Socialismo para a ocupação soviética, focada no poder e no controlo, enquanto que Katharina representa a Alemanha enclausurada no muro e prestes a conhecer a Liberdade, o outro lado, o do Ocidente, que é um mundo... a colocar em causa... o que se tem "em casa", mas ao mesmo tempo submissa e perdida de si própria. 

Katharina é a Alemanha mais recente, a Alemanha à procura de uma identidade, a Alemanha que saída da Guerra, ocupada e dividida, e depois reunificada "não sabe bem" onde se encontra no mundo... que lugar ocupar. 

Daí Erpenbeck apresentar a relação de Hans e Katharina sempre sem qualquer crítica. Porque, na verdade, a genialidade de "Kairos" está nesta visão, nesta perspectiva, das duas Alemanhas em confronto, representadas por Hans e Katharina, neste "momento oportuno". E isto está particularmente bem conseguido na minha visão!


https://www.goodreads.com/review/show/7752673858

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