quarta-feira, 21 de setembro de 2022

"The Magician" de Colm Tóibín


"The Magician" de Colm Tóibin
Penguin, 2022
448 Páginas

                                                                  

"The Magician" do autor irlandês Colm Tóibín é um livro vencedor dos prémios "The Rathbones Folio Prize 2022" e "The David Cohen Prize". E facilmente se compreende o porquê...

A escrita é simples do ponto de vista literário sem que isso lhe retire a beleza. É agradável de ler e para quem já mergulhou com alguma profundidade e detalhe na obra de Thomas Mann, enquanto escritor, ainda mais. 

Todo o foco de Tóibín encontra-se na construção do ambiente (temporal e familiar) de Thomas Mann e na forma como este se reflectirá em alguns dos seus livros, como "Os Buddenbrook", "A Morte em Veneza","A Montanha Mágica", "Lotte em Weimar" e "O Doutor Fausto".

Por outro lado, quando comecei "The Magician" foi como se estivesse a reler "Tonio Kroger" e "Os Buddenbrook" dada a inquestionável existência de semelhanças entre estas duas obras e a história da vida de Mann. No caso da primeira, destaco, por exemplo, a homosexualidade escondida de Tonio e de Mann, a tensão entre a sua paixão pela literatura e a obrigação de se dedicar aos negócios da empresa do pai...

Na verdade, e da minha experiência ("work in progress") de Mann, as suas obras - mesmo tratando-se de ficção - são muito auto-biográficas, pelo que a visão que Tóibín nos dá de Mann, o homem por trás dos livros, acaba por encaixar muito bem. 

"The Magician" evidencia Mann enquanto presença ausente na família (como filho, como irmão, como marido - conclui-se que o casamento com uma mulher é fundamentalmente para esconder as suas tendências homosexuais-, como pai - porque focado primariamente em ser um grande escritor-) e até como alemão. Aliás, Tóibín retrata muito bem o sentimento de Mann (e da mulher) se sentir estrangeiro nos EUA para onde foge (a mulher era judia) do III Reich e depois a impossibilidade de voltar à Alemanha uma vez terminada a guerra (por ter abandonado o seu país para se salvar), bem como a decisão de se fixar na Suíça para aí terminar os seus dias. 

Ao mesmo tempo, essa ausência, esse afastamento da realidade próxima, reflecte-se também na relação com o irmão Heinrich Mann, que não consegue triunfar no mundo da literatura como ele, acabando ideologicamente por se aproximar do comunismo. Há um curioso acentuar de diferenças, diria que como o dia para a noite, entre ambos os irmãos... Até na forma como ambos lidam com o suicidio das irmãs: o imperturbável Thomas vs o perturbável Heinrich.

Gostei muito.

https://www.goodreads.com/review/show/4968590809


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