segunda-feira, 18 de abril de 2022

"The Epic of Gilgamesh" de N. K. Sandars (tradutor)




"The Epic of Gilgamesh" de N. K. Sandars (tradutor)
Penguin, 1972
128 páginas

Esta versão de "The Epic of Gilgamesh", traduzida por N. K. Sandars está escrita em prosa, o que acaba por facilitar em muito a leitura de um épico sumério, escrito em poema e encontrado incompleto, muito anterior a "A Iliada" de Homero.  

Para além do Prólogo, o épico é aqui apresentado com sete partes, a saber: I.The coming of Enkidu, II.The Forest Journey, III.Ishtar and Gilgamesh, and the death of Enkidu, IV.The Search for Everlasting Life, V. The Story of Flood, VI. The Return and VII.The Death of Gilgamesh. Para os sumérios o sete era um número especial, misterioso, místico e sagrado, talvez porque é um número primo que apenas se divide por 1 e por ele próprio. Em numerologia, o sete simboliza habitualmente a totalidade, a perfeição, a consciência, o sagrado e a espiritualidade, bem como a conclusão cíclica e a renovação.

Este aspecto numerológico não deixa de ser absolutamente fascinante para mim, até porque um dos temas centrais do épico assenta na procura do homem pela imortalidade, algo que é profundamente espiritual.

Por outro lado, a floresta, que é palco de uma das partes mais bonitas do épico para mim (na segunda parte, tal como a terceira e a quarta), simboliza simultaneamente um local privilegiado de diálogo com os deuses e viagem à interioridade (e em alguns casos ao inconsciente, embora aqui não se aplique) - tal como a montanha que aqui surge - e um lugar de perigos e armadilhas, pois é pouco depois da incursão na floresta que Gilgamesh perde o seu melhor amigo e se inicia a sua necessidade de busca da imortalidade.

A floresta em causa não é uma floresta qualquer. É uma floresta de cedros, tendo o cedro um significado igualmente espiritual por se considerar como a casa de deuses importantes. Consta inclusivamente que, na antiga Suméria, há cerca de 7 mil anos atrás o cedro foi apelidado de "Árvore Mundo", a casa de Ea, seu deus maior. Está na bandeira libanesa enquanto simbolo de imortalidade e de força (é a árvore nacional libanesa e, de igual modo, paquistanesa). O cedro é ainda  utilizado para cura, purificação e protecção espiritual. 

Portanto, diria que, e sem querer ser exaustiva, todo o épico, apesar de incompleto, está pleno de referências simbólicas à espiritualidade (e encontro com os deuses), à procura do eu e da imortalidade...e isso, a meu ver, torna-o muito especial e único. 

Para terminar, e a propósito da questão da imortalidade, deixo aqui alguns excertos: 


"Only the gods live for ever with glorious Shamash, but as for us men, our days are numbered, our occupations are a breath of wind." (p.71)

"When the gods created man they allotted to him death, but life they retained in their own keeping. As for you, Gilgamesh, fill your belly with good things; day and night, night and day, dance and be merry, feast and rejoice. Let your clothes be fresh, bathe yourself in water, cherish the little child that holds your hand, and make your wife happy in your embrace; for this too is the lot of man." (p. 102)

"There is no permanence. Do we build a house and stand for ever, do we seal a contract to hold for all time? Do brothers divide an inheritance to keep for ever, does the flood-time of rivers endure? It is only the nymph of the dragoon-fly who sheds her larva and sees the sun in his glory. From the days of old there is no permanence." (pp. 106 e 107). 


https://www.goodreads.com/review/show/4675340810

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