segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

"Die Dame in Gold" de Valérie Trierweiler




"Die Dame in Gold" de Valérie Trierweiler
Aufbau Verlag, 2018
366 Páginas

Originalmente escrito em francês, com o título "Le Secret d'Adèle", "Die Dame in Gold" de Valérie Trierweiler centra-se na vida de Adele Bloch-Bauer (aqui: https://en.wikipedia.org/wiki/Portrait_of_Adele_Bloch-Bauer_I#/media/File:Adele_Bloch_Bauer,_c1915.jpeg), uma judia aristocrata, retratada por Gustav Klimt neste quadro: https://en.wikipedia.org/wiki/Portrait_of_Adele_Bloch-Bauer_I#/media/File:Gustav_Klimt_046.jpg (e neste também: https://en.wikipedia.org/wiki/Portrait_of_Adele_Bloch-Bauer_I#/media/File:Gustav_Klimt_047.jpg -ambos quadros roubados pelo regime Nazi e só recuperados muitos anos mais tarde pela sobrinha Maria). 

A autora apresenta uma versão de Adele como sendo uma mulher marcada pela morte dos filhos (por aborto espontâneo ou poucos dias após o nascimento), do irmão e, mais tarde, do próprio Gustav Klimt, de quem era amiga e com quem parece ter tido uma relação extra-conjugal ainda que breve. E, de facto, este peso da morte atravessa quase toda a obra, sendo mais acentuado no inicio e no fim da mesma. 

Efectivamente, Klimt surge como um agente libertador deste peso da morte e da dor de Adele. Talvez por essa mesma razão algumas das mais belas passagens deste livro sejam aquelas em que Trierweiler descreve a arte de pintar e, sobretudo, de retratar Adele por Klimt.

À parte disso, a figura de Adele não me causou grande impacto, talvez porque tinha acabado de ler um romance histórico sobre Frida Kahlo, essa autêntica força da natureza na forma como encarava a vida e fazia frente ao sofrimento. Foram mulheres muito diferentes, incomparáveis entre si. Concentrando-me em Adele, Adele preocupava-se em ajudar os desfavorecidos e, mais tarde, em apoiar os sobrinhos. Sofre bastante com a perda dos filhos que nunca chegará a ter... Essa foi, tanto quanto dá para compreender, a sua grande mágoa. 

Paralelamente, convém sublinhar o interesse manifestado por Adele nas sufragistas e na emancipação da mulher no geral - apresentados de forma superficial - , bem como na literatura (Stefan Zweig, Rainer Maria Rilke, Thomas Mann) e na psicanálise (Sigmund Freud) -parte muito interessante -. "Die Dame in Gold" passa-se antes, durante e pouco depois da Primeira Guerra Mundial, uma guerra para a qual se partiu com a firme convicção de que seria breve (o que em, em certa medida, me recorda um pouco a forma como muitos "partiram" para o primeiro confinamento de há um ano atrás...). 

Gostei muito do livro, embora considere que a autora peca por se forcar muito nessa mágoa de Adele, em especial nos capítulos iniciais da obra, o que carrega em demasia o romance... A título de curiosidade, devo mencionar que este é o terceiro livro que leio tendo o fascinante Klimt como uma das personagens (os outros foram: "O Beijo - A Paixão de Gustav Klimt" de Elizabeth Hickey e "Die Muse von Wien" de Caroline Bernard - aqui: http://outraformadeviajar.blogspot.com/2020/08/die-muse-von-wien-de-caroline-bernard.html).

https://www.goodreads.com/review/show/3807163750

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