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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Amor, Liberdade e Solidão, de OSHO

"Amor, Liberdade e Solidão" de OSHO
Bertrand Editora, 2017
308 Páginas



Este é aquele tipo de livro destinado a agitar, a trocar-nos as voltas, a testar as nossas certezas e a deixar-nos a pensar... Eventualmente cheios de dúvidas mesmo após termos concluido a sua leitura. 

Adorei lê-lo, apesar de não concordar com tudo o que li... Há coisas que a minha experiência de vida me tem provado serem diferentes... Outras há que eu sentia de forma intuitiva, como ideias em formação que ainda continuarão a ser... 

"Amor, Liberdade e Solidão" é um livro incómodo. Desafia-nos. E demonstra que é possível e desejável manter, de forma saudável, amor, liberdade e solidão na forma como nos relacionamos amorosamente. 

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

O Livreiro de Paris, de Nina George






"O Livreiro de Paris" de Nina George 
Editorial Presença, 2017
325 Páginas


O problema de criar grandes expectativas é exactamente o facto de que estas podem também criar grandes frustrações... Acredito que "O Livreiro de Paris" seja um bom (eventualmente muito bom)livro para muitas pessoas, mas não o foi para mim. Sinto que só tivemos uma vez em sintonia um com o outro. O resto do tempo passámos ao lado um do outro e foi cada qual à sua vida.

Estava à espera de uma farmácia literária, sendo que isso a partir de certa altura deixou de fazer sentido na história porque a mesma passou a concentrar-se quase na totalidade no amor e na desilusão amorosa do livreiro, Jean Perdu. Toda ela a tender para o demasiado trágico (desculpem a sinceridade; foi o que senti) e eu quando leio ficção gosto de sonhar; não me apetece levar mais murros no estômago... Também cheguei a pensar que teriamos aqui algo na linha do "Cemitério dos Livros Esquecidos", aqueles maravilhosos quatro livros do Zafón (os melhores que li este ano), ainda que ligeiramente diferente e nada... Que decepção! Nem lá próximo. Biblioterapia aqui? Nem por isso. 

Por outro lado, tive uma grande dificuldade em compreender as relações entre as personagens e quem era quem. Cheguei ao fim da história sem perceber! E isso deixou-me com a sensação de ter deixado passar o autocarro que precisava para chegar o meu destino (julgava eu), sem nunca ter dado conta de que ele já tinha passado por mim, continuando na paragem a aguardar pela sua passagem... Frustrante!

Finalmente, e porque não foi tudo mau e já "reclamei" o suficiente, gostava de me referir à existência de algumas frases bastante acertadas e dignas de nota acerca do modo de amar da mulher, do medo e do tempo. Estas, sim, valeram muito a pena!

https://www.goodreads.com/review/show/2196993839

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Lolita, de Vladimir Nabokov


"Lolita" de Vladimir Nabokov
Relógio D'Água, 2013
335 Páginas


"Lolita" é um caso que eu não consigo resolver. Não consigo perceber se gosto ou se não gosto. Desperta em mim sentimentos contraditórios, dos quais não consigo sair... 

Como é que eu hei de explicar isto?! 

Bom, quando leio ficção, e se a ficção for de qualidade, eu vivo-a com intensidade e, portanto, consigo sentir todo o tipo de sentimentos e ainda exteriorizar algumas lágrimas, algumas gargalhadas... Mas também consigo sentir repulsa... Repulsa a sério!

Há pelo menos dois tipos de situações que me incomodam particularmente: uma relaciona-se com a violação; outra com a pedofilia. Quando li "Uma Mulher em Berlim", uma biografia verídica de uma alemã que sofreu repetidas violações, pelos russos, já no fim da Segunda Guerra Mundial cheguei ao ponto de não conseguir largar o livro até terminar a leitura o mais rapidamente possível. Apesar de ter adorado este livro (é impressionante), admito que a realidade daquela mulher (e de tantas outras como ela ) me estava a incomodar, a corroer tanto, e a causar um mal estar tão grande que eu queria terminar depressa o livro. Já não aguentava mais. Psicológica e emocionalmente, eu senti o seu sofrimento e isso estava a dar cabo de mim. 

Em "Lolita", a história tem como pano de fundo uma relação pedófila e, mesmo sabendo tratar-se de pura ficção neste caso, sei que há realidades assim e pensar nisso incomoda-me profundamente. As crianças têm direito a ser crianças. Os adolescentes a ser adolescentes. E cada pessoa tem direito a explorar a sua sexualidade quando se sentir preparada para isso, no seu tempo, não devendo ser forçada ou impelida a nada sem o seu consentimento ou vontade. Isto não me sai da cabeça. Não me saiu da cabeça durante praticamente todo o tempo que li este livro. Volto a repetir: sei que é ficção. 

Porém, nos breves momentos em que consegui ler e "voar", consegui notar a genialidade da escrita de Nabokov e da própria forma como construiu o argumento desta história (este pedófilo, além de ser pedófilo a sério, era interesseiro e vingativo, possessivo ao limite e isso levou-o a cometer assassinio(s)). É que se o argumento não fosse efectivamente bom, ler "Lolita" não me teria causado qualquer espécie de repulsa, ter-me-ia sido apenas indiferente e não foi. Jamais me esquecerei da sua história. 

No entanto, e como referi no início não consigo resolver estes sentimentos contraditórios... !

https://www.goodreads.com/review/show/1902329932

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Sobre o Amor e a Morte, de Patrick Süskind


"Sobre o Amor e a Morte" de Patrick Süskind
Editorial Presença, 2006
61 Páginas

Patrick Süskind oferece aos seus leitores na obra "Sobre o Amor e a Morte" um interessante e conciso ensaio sobre o que é o amor, sobre a morte e o modo como o amor e a morte se relacionam. 

A sua escrita segue na linha do que o autor nos tem vindo a habituar... Directo, sem demasiados rondeios, por vezes um pouco crítico e mordaz. Lê-se fluentemente, sem grande vontade de fazer pausa.

E no decorrer da exposição das suas ideias vai buscar inúmeras vezes J. W.Goethe, que eu tanto gosto, e Heinrich von Kleist, que eu vou querer conhecer um pouco melhor. Traz-nos Platão, Santo Agostinho, Orfeu e a sua Eurídice e ainda recorre, de forma muito subtil e na medida certa, para justificar o seu argumento a uma ou outra passagem dos Evangelhos. 

Gostei deste "apanhado"/"revisão"/"lufada de ar fresco" cultural! 

*
"estar apaixonado é uma embriaguez, uma doença, um delírio. Não é uma embriaguez má, acrescenta ele, é precisamente a melhor das embriaguezes; não é uma doença nociva nem uma loucura humana no sentido patológico; é antes uma mania inspirada pelo divino, uma loucura sagrada que dá asas à alma confinada ao que é terrestre." (p.12)

https://www.goodreads.com/review/show/1902335505

Amor, Ponto e Vírgula, de Andrew Nicoll



"Amor, Ponto e Vírgula" de Andrew Nicoll
Editorial Presença, 2011
401 Páginas

"Amor, Ponto e Vírgula" é um romance incomum e original, carregado de exotismo. A narradora é a Santa Walpurnia, uma virgem barbuda, padroeira da cidade de Ponto localizada algures no Báltico. E a história passa-se essencialmente entre o Presidente da Câmara, Tibo Krovic, e a sua Secretária, Agathe Stopak, por quem está secretamente apaixonado há já algum tempo. Ela é casada, mas vive infeliz porque apesar dos seus vários esforços o marido só quer a companhia do álcool quando chega a casa... 

A verdade é que apesar destas premissas aparentemente simples e comuns, a história ganha contornos especiais do início ao fim. Walpurnia está sempre a ser chamada, há bruxas e feitiços e personagens que evoluem da sua forma humana para dálmatas...! E a história de amor que se desenvolve entre Tibo e Agathe é muito bonita, mas está longe de ser linear... De um momento para o outro, Agathe passa a ser objecto de desejo de mais outro homem na história. Porém, enquanto um nutre por ela um bonito amor, ou outro só sente desejo e não tem amor!

A escrita é bela, leva-nos a sonhá-la até por causa da própria forma como é contada e também nos deixa a pensar sobre as implicações de se: gostar de alguém e mantê-lo em segredo sem avançar no dito momento, porque nunca o encontramos e estamos sempre à espera de uma altura melhor, e com isso perder a oportunidade; escolher alguém por quem temos atracção física, mas não verdadeiro sentimento, porque a pessoa por quem temos algum sentimento "não se mexe", ficamos a achar que o sentimento não é correspondido, o tempo passa e não temos a vida toda; e de se permanecer numa relação em que não só não nos sentimos realizados, como nem somos felizes... Questões com que, certamente, nos iremos cruzar pelo menos uma vez na vida (mesmo que isso não se passe connosco é muito possível que possamos conhecer alguém que já esteve ou virá a estar em circunstâncias semelhantes). 
*
"É assim que o amor é: dá a tudo um sabor novo, pinta tudo com cores diferentes, acaricia os nervos com uma sensação aguda que faz lembrar picadas de agulha, torna o entediantemente mundano novamente suportável."(p.158)

https://www.goodreads.com/review/show/1897793076

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

O Inocente, de Ian Mc Ewan



"O Inocente" de Ian Mc Ewan
Gradiva, 2005
296 Páginas


A história de "O Inocente" passa-se em Berlim dos anos 50, sobretudo em torno de Leonard, um jovem inglês inexperiente, e Maria, uma alemã divorciada, metendo pelo meio muito suspense e alguma (pouca) espionagem, alguma História decorrente da ocupação da Alemanha e de Berlim pelos ingleses, franceses, americanos e russos. 

Se gostei? Gostei, mas ainda continuo a gostar mais de "Expiação". "O Inocente" só me conseguiu prender mais às suas páginas a partir do momento em que a personagem de Maria entra na história e, depois mais adiante, já depois de ter lido mais de metade da obra, quando o passado desta e o regresso do seu ex-marido irá "mexer" com a vida de Leonard e o próprio desfecho. 

Para além de não ter apreciado o modo como a história termina, senti que lhe faltou qualquer coisa... Qualquer coisa que mexa de tal maneira com as emoções do leitor, que torne a obra inesquecível. Isso não se verificou. Aliás, o mais próximo que estive disso foi quando Leonard e Maria decidem pôr termo, a sério, às aparições do ex-marido desta. À parte disso, senti que tudo me passou um pouco ao lado...! Sem grandes emoções, sem grandes sensações...

https://www.goodreads.com/review/show/1701766801?book_show_action=false

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Não terão o meu ódio, de Antoine Leiris


"Não terão o meu ódio" de Antoine Leiris
Objectiva, 2016
139 Páginas

"Não terão o meu ódio" é um livro escrito pelo marido de uma das vítimas, Hélène Muyal-Leiris (http://www.lemonde.fr/attaques-a-pari... ) do atentado de Paris, ocorrido a 13 de Novembro de 2015. 
Hélène morreu no Bataclan, deixando uma criança com um ano e meio, Melvil, e sobre os primeiros dias após a sua morte que Antoine Leiris escreve, na ânsia de se libertar da dor e para que o seu sofrimento fique domesticado, encerrado na jaula com grades de papel, como sublinhou quase nas últimas páginas do livro. 

Leiris começou a escrevê-lo depois de ter publicado na sua página de facebook o texto "Vous n'aurez pas ma haine" (https://www.facebook.com/antoine.leir... ), que se tornou conhecido pelos quatro cantos do mundo. É escrito com o coração, com todo o coração (ou com o que resta dele). É profundo, sensivel, carregando de sentido e de uma força brutal, a força do amor. O texto é belissimo, constrastando com a tristeza e carga da situação que lhe deu origem. O mesmo é válido para este livro...

Lê-se rápido, depressa, sem grandes vontades de pausa. E não se fica indiferente. Não se fica de todo. Dá vontade de recuar no tempo e munidos de poderes sobrenaturais trazer Hélène (e todas as outras vítimas deste atentado) de volta para a(s) sua(s) bonita(s) família(s) e deixar que sejam felizes no seu mundo para sempre, sem sofrerem com um ódio cego que não lhes pertence e que orienta este mal com cada vez mais peso nos nossos dias, o Terrorismo...!
*
"É claro que ter um culpado à mão, alguém sobre quem possamos despejar a nossa raiva, é uma porta entreaberta, uma oportunidade para nos esquivarmos ao sofrimento. E quanto mais detestável for o crime, mais o culpado é ideal, mais o ódio é legítimo. Pensamos nele para deixarmos de pensar em nós próprios, detestamo-lo a ele para não odiarmos a nossa vida, regozijamo-nos com a morte dele para não voltarmos a sorrir aos que cá ficaram." 
(Leiris,2016, p. 39)

https://www.goodreads.com/review/show/1679507542?book_show_action=false

segunda-feira, 21 de março de 2016

Lição de Tango, de Sveva Casati Modignani



"Lição de Tango" de Sveva Casati Modignani
Edições Asa, 2009
448 Páginas

Dos quatro livros (nos quais este se inclui), que já li de Sveva Casati Modignani, este é sem dúvida o melhor. O mais bonito. O mais intenso. E, no meu entender, o mais completo. Desde à forma como está escrito e estruturado até à própria história em si mesma. Ou histórias porque aquilo a que o leitor assiste é ao cruzamento de duas histórias diferentes: a de Matilde, uma idosa que vive sozinha e que não aceita abandonar o sotão onde vive, e a de Giovanna, uma mulher na casa dos quarenta anos, antiquária, casada e mãe de uma filha adolescente. 

Aparentemente sem nada em comum, estas duas vidas partilham na verdade um ponto muito importante entre si, a perda de uma mãe e o abuso sexual na infância, capaz de originar dois modos diferentes de encarar a vida, o amor e a relação entre um homem e uma mulher depois disso. E é o encontro de Matilde com Giovanna que vai fazer esta última redescobrir-se, metamorfosear-se e olhar para o sentido da vida com outros olhos, sobretudo depois de conhecer a belíssima história de vida de Matilde. No meio, percebe-se o porquê do título da obra ser "Lição de Tango" e ainda se conhece uma imagem da Itália pobre, da Itália sob Benito Mussolini e sob a Segunda Guerra Mundial, e da Itália da Máfia. 

Este é daqueles livros que se devora rapidamente, isto é, as páginas passam-se com a pressa de conhecer todos os contornos da história da vida passada de Matilde e da vida passada e presente de Giovanna, mas não e nunca porque a história seja desinteressante. E chega-se ao fim a pensar: e agora? Não há mais? Como assim?! Recomendo, portanto, vivamente!

*
"- O Tango é violência- afirmou ele. - Um homem e uma mulher procuram-se aflitivamente e, assim que se encontram, fogem um do outro. Voltam a juntar-se e deixam-se de novo. É a dança de um amor sem fim." [Modignani, 2009, p. 359]

https://www.goodreads.com/review/show?id=1580179963