"Terra de Neve" de Yasunari Kawabata

"Terra de Neve" de Yasunari Kawabata

Publicações Dom Quixote, 2003

176 Páginas

"Terra de Neve" tem, na minha perspectiva, argumento para ser um livro belíssimo, mas não é, não foi bem isso que sucedeu aqui. 

Não sei se foi da tradução, se foi de Yasunari Kawabata... Pareceu-me um livro muito desarticulado, confuso e disperso. Há partes com potencial para serem de qualidade... só que ficam aquém. Tive inclusive alguma dificuldade em reconhecer a bonita e lírica escrita de Kawabata nesta obra.

https://www.goodreads.com/review/show/7339494279

"Nem Todas as Árvores Morrem de Pé" de Luísa Sobral

"Nem Todas as Árvores Morrem de Pé" de Luísa Sobral

Publicações Dom Quixote, 2025

224 Páginas

"Nem todas as árvores morrem de pé" de Luísa Sobral é um livro lindo... E talvez um dos meus preferidos de 2025.

A estrutura da narrativa é original, conferindo-lhe dinâmica e fluidez... musicalidade (poética)! 

Dá vontade de o ler sem parar... pela história, pela beleza da escrita...de uma sensibilidade incrível. Até as ilustrações da Camila Reis são de uma delicadeza infinita e encaixam na perfeição. 

Para quem aprecia História, e sobretudo a mais recente relacionada com a divisão da Alemanha aquando do muro, é um livro e uma leitura excelente, uma vez que toda a história tem essa mesma História como pano de fundo, o que dá ainda mais substância ao livro e às personagens... 

Em suma, adorei e venha de lá o próximo porque a autora tem mesmo o dom da escrita e de transmitir emoções por palavras... de forma natural e harmoniosa!

"Para Sempre. Não me assustava. Nunca ouvi falar de alguém que se tivesse entediado de amar todos os dias a mesma pessoa. O amor não entendia. A vida é que entendia quando lhe damos demasiada importância."

 

https://www.goodreads.com/review/show/7328630597 

"Uma História Simples" de Leonardo Sciascia

"Uma História Simples" de Leonardo Sciascia

Presença, 2025

80 Páginas

Um diplomata aparece morto na casa que tinha fechada desde há algum tempo na Sicilia dos anos 80. O que sucedeu afinal? Foi suicidio? Foi homicidio? 

"Uma História Simples" de Leonardo Sciascia lê-se numa tarde e consegue em poucas páginas deixar-nos com um retrato de uma Sicilia plena de corrupção: da polícia à igreja, sem esquecer a própria Máfia. 

Gostei, mas tive momentos em que achei que o autor queria colocar muito em poucas páginas, o que, a meu ver, fez com que a leitura se torne algo confusa em alguns momentos. A temática é fascinante, mas penso que esta "História Simples" tinha conteúdo e enredo para o dobro das páginas, mantendo a chama acesa de forma constante.

https://www.goodreads.com/review/show/7326957184

"Os Jardins de Luz" de Amin Maalouf

"Os Jardins de Luz" de Amin Maalouf

Marcador, 2025

256 Páginas

"Os Jardins de Luz" de Amin Maalouf é o primeiro livro que leio deste jornalista e autor libano-francês tido como uma espécie de Arturo Pérez-Reverte do Médio Oriente. E não será certamente o último porque gostei muitissimo da sua forma de contar histórias. 

Aqui conta-se a história de Mani da Mesopotâmia... Pintor, médico e profeta responsável por propor uma nova visão do mundo, o Maniqueísmo, surgida no século III d.C., e que, pese embora todo o humanismo que lhe era inerente (a ele e à sua visão), acabou por ser perseguido e condenado à morte.

"Em todos os seres, tal como em todas as coisas, ombreiam e imbricam-se Luz e Trevas. Numa tâmara que trincais, a polpa alimenta-vos o corpo, mas o sabor suave e o perfume e a cor alimenta-vos o espírito. A Luz que está em voz alimenta-se de beleza e de conhecimento; lembrai-vos de a alimentar sem descanso, não vos contenteis em empanturrar o corpo. Os vossos sentidos são concebidos para recolher a beleza, para tocá-la, respirá-la, saboreá-la, escutá-la, contemplá-la. Sim, irmãos, os vossos cinco sentidos são destiladores de Luz. Oferecei-lhes perfumes, música, cores. Poupai-nos ao fedor, aos gritos roucos e à sujidade."

Para além da figura de Mani foi igualmente interessante aprender sobre os os reis da Pérsia e a "rivalidade" existente entre um império persa e o império romano. 

Um excelente livro! 

https://www.goodreads.com/review/show/7280461923

"The Island of Missing Trees" de Elif Shafak

"The Island of Missing Trees" de Elif Shafak

Penguin, 2022

368 Páginas

"The Island of Missing Trees" de Elif Shafak tem como ponto de partida a história de uma figueira para, a partir daí, esmiuçar o conflito entre gregos e turcos em Chipre e, neste, a história de amor, abandono e reencontro de duas das personagens principais do livro. 

Foi o meu primeiro livro de Shafak e gostei mesmo muito. A autora, além de ter uma escrita que, em muitos momentos, parece prosa poética, recorre à História e a episódios marcantes para com isso criar histórias de uma vivacidade, espírito e simbolismo impressionantes. 

"The Island of Missing Trees" é, sem dúvida, um livro mágico até pelo papel simbólico, mas igualmente central que a figueira tem em toda a narrativa. 

Adorei!

“some people stand in front of a tree and the first thing they notice is the trunk. These are the ones who prioritize order, safety, rules, continuity. Then there are those who pick out the branches before anything else. They yearn for change, a sense of freedom. And then there are those who are drawn to the roots, though concealed under the ground. They have a deep emotional attachment to their heritage, identity, traditions ..”

https://www.goodreads.com/review/show/7116783521 

"Madame Piaf und das Lied der Liebe" de Michelle Marly

 

"Madame Piaf und das Lied der Liebe" de Michelle Marly

ATB, 2019

448 Páginas

"Madame Piaf und das Lied der Liebe" de Michelle Marly é o terceiro livro que leio da autora e talvez seja o que gostei menos. 

Creio que para tal também contribuiu o facto de não ter desenvolvido particular simpatia pela figura de Édith Piaf, uma mulher emocionalmente muito instável e igualmente sofrida... que acabou por se ir deixando levar, sem se resignar, sem dar luta... Pese embora o seu enorme talento enquanto cantora que fazia com que fosse chamada de "o pardal". 

Gostei, mas o livro sobre Coco Chanel (o meu preferido) e o sobre Maria Callas são, a meu ver, muito mais estimulantes... nas personalidades e na forma com que a narrativa é apresentada.

https://www.goodreads.com/review/show/7116782032

"Uma Brancura Luminosa" de Jon Fosse

"Uma Brancura Luminosa" de Jon Fosse

Cavalo de Ferro, 2024

56 Páginas

 "Uma Brancura Luminosa" de Jon Fosse foi talvez dos livros mais pequenos e, ao mesmo tempo, mais densos que já li. Parece leve e não é. Parece pesado e também não é. Começa-se e não se consegue parar mesmo que a história se passe do inicio ao fim no mesmo lugar. E quando se termina, não sai mais de nós.

Talvez se possam fazer várias interpretações desta leitura, mas, para mim, é acima de tudo um encontro com a morte (a brancura luminosa) e com uma parte da personagem que já partiu (os pais). 

É um livro muito intenso... que anda às voltas connosco, faz-nos andar às voltas também por nós mesmos, percorrer quilómetros de profundidade sem sairmos de onde estamos. 

https://www.goodreads.com/review/show/7239933755

"Uma Noite na Livraria Morisaki" de Satoshi Yagisawa

"Uma Noite na Livraria Morisaki" de Satoshi Yagisawa

Editorial Presença, 2024

160 Páginas

Li "Uma Noite na Livraria Morisaki" logo a seguir a "Os Meus Dias na Livraria Morisaki". Não é habitual ler as continuações de imediato, mas queria muito saber o que aconteceria a Takako, a Momoko e a Satoru. E a leitura fluia... demasiado bem. 

O autor manteve o estilo e não desiludiu. E mais uma vez a Livraria Morisaki volta a ser um lugar "salvador" de vidas perdidas ou que se estão a perder. Tal como o são os livros... Os livros salvam-nos!

Gostei muito e acho que ficarei com a personagem da tia Momoko na mente por algum tempo! 

https://www.goodreads.com/review/show/7187140870

"Os Meus Dias na Livraria Morisaki" de Satoshi Yagisawa

"Os Meus Dias na Livraria Morisaki" de Satoshi Yagisawa

Editorial Presença, 2023

144 Páginas

Gosto de ler autores japoneses e ainda que "Os Meus Dias na Livraria Morisaki" não apresente propriamente um rasgo de genialidade na história e na forma como está escrito, é um livro que consegue trazer consigo uma bonita e especial mensagem: o poder dos livros enquanto forma de aproximação entre as pessoas, contribuindo para potenciar e melhorar a expressão de sentimentos e emoções. 

É na livraria Morisaki, pertencente ao seu tio, que a jovem Takako dá a volta à sua vida e descobre o gosto pela leitura. Mas é também aqui que redescobre o seu tio Satoru e a tia Momoko (uma personagem cujo aparecimento e desaparecimento está envolto em algum mistério). Aliás, para mim, a história ganha e muito com a tia Momoko e a bonita relação de aproximação que acaba por se desenvolver entre ela e Takako, mas também entre Takako e o tio Satoru. Takako será um importante elo de ligação entre os dois e a responsável pela descoberta da história da tia.

https://www.goodreads.com/review/show/7171652413