terça-feira, 30 de janeiro de 2024

"Die Enkelin"de Bernhard Schlink

"Die Enkelin" de Bernhard Schlink
Diogenes, 2021
367 Páginas


Bernhard Schlink é um dos meus escritores preferidos. E é de tal forma que já li quase todos os livros de ficção por si escritos (faltam-me apenas três), sendo que nunca desilude. "Die Enkelin" ["A Neta"] é mais um grande livro, sem qualquer dúvida. 

Bem pensado, bem particulado, com uma base histórica essencial na história de vida das personagens - voltamos diversas vezes ao tempo da República Democrática da Alemanha e da República Federal da Alemanha para compreender as origens de Birgit (e da sua filha "escondida", bem como da neta que se vem a descobrir ter) e a relação desta com Kaspar na sua fuga "presa" pela liberdade e pelo amor -, Schlink revela uma vez mais uma sensibilidade única para mexer no passado da Alemanha e no decorrente impacto desta na vida dos alemães. Escreve de forma directa, por vezes também poética e filosófica, fazendo e deixando-nos a pensar... nas várias realidades que nos apresenta e até nos valores. 

"Die Enkelin" começa com a morte de Birgit e termina com a fuga para a liberdade da neta que nunca conheceu, Sigrun. No meio, Kaspar, o seu marido, leva a cabo a busca pela filha de Birgit, Svenja, que a mulher não chega a concretizar e descobre esta e a filha desta, neta de Birgit, tornando-se seu avô de coração. Esta descoberta de Sigrun é, para mim, uma das partes mais belas do livro, já que se percebe claramente a forma "aprisionada" em si mesma com que os alemães que vivem nos Länder pertencentes à ex-RDA ainda vivem e o "saudosismo" que têm, em muitas circunstâncias, relativamente ao que é extremista e relacionado, de algum modo, com o Nacional-Socialismo. 

O livro toca em muitas questões da actualidade... verdadeiramente essenciais como o medo do islamismo da Europa e a concepção do desejado enfraquecimento/controlo dos alemães (a ideia de que uma Alemanha forte é sempre temível e como tal há que mantê-la, em certa medida, fraca)... vista sob a óptica alemã e contrapondo duas gerações distintas sobretudo: a do avô Kaspar (com uma atitude "mais aberta", eventualmente mais cosmopolita) e a da neta Sigrun (com uma atitude "mais fechada", reactiva e focada na recuperação do poder e força da Alemanha, preocupada com a defesa dos "heróis" alemães, mais nacionalista, portanto. 

Recomendo!


https://www.goodreads.com/review/show/5984379242

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

"O Poder do Subconsciente" de Joseph Murphy



"O Poder do Subconsciente" de Joseph Murphy
Pergaminho, 2018
267 Páginas


Joseph Murphy relembra-nos o poder da nossa mente na criação da realidade e salienta a importância dos nossos pensamentos, apresentando vários exemplos e técnicas para, incidindo sobre a nossa consciência, influirmos na subconsciência e conseguirmos alcançar tudo aquilo que desejamos. 

É um livro poderoso, optimista e capaz de mudar crenças, publicado pela primeira vez nos anos sessenta. É daqueles que podemos bem deixar na mesa de cabeceira, mesmo depois de lido, para reler e reler sempre que necessário.

O único aspecto que menos me agradou foram as várias referências religiosas, mas a sua presença não condiciona nem afecta o interesse nas ideias apresentadas, sendo possível passar adiante das mesmas.


https://www.goodreads.com/review/show/6123661714


domingo, 7 de janeiro de 2024

"Nietzsche in Italy" de Guy de Pourtalès




"Nietzsche in Italy" de Guy de Pourtalès
Pushkin Press, 2022
127 Páginas

Da autoria de um autor alemão que viveu ao mesmo tempo que Friedrich Nietzsche e, tratando-se de uma biografia clássica, estava à espera de um pouco mais, reconheço. 

Guy de Pourtalès não consegue sequer chegar aos calcanhares de Stefan Zweig que também escreveu uma espécie de biográfica - mais psicológica - e absolutamente brilhante sobre Nietzsche (e que recomendo vivamente). 

Contudo, Pourtalès deixa-nos alguns dados novos sobre a vida de Nieztsche interessantes, tais como: poderá ter havido uma espécie de paixão platónica relativamente a Cosima Wagner, mulher de Richard Wagner, o que terá estado eventualmente na origem e/ou ter influenciado o desentendimento dos dois amigos; é uma amiga alemã, em Sorrento, Malwida von Meysenbug que aproxima e apresenta Lou Andreas-Salomé a Nietzsche na esperança de engendrar um relacionamento e futuro casamento entre ambos, mas não corre bem e esta envolve-se antes com o seu amigo Paul Rée; o pai de Nietzsche terá tido um problema cerebral aos trinta e tal anos e morrido disso (algo que a irmã do filósofo sempre tentou ocultar de todos), pelo que isso poderá (ou não) ter contribuido para a loucura de Nietzsche... com alguma predisposição genética para; depois de ficar louco é a irmã, Elisabeth Förster-Nietzsche, que toma conta dele e das suas obras publicando ainda algumas e é, dada a proximidade desta com o Nacional-Socialismo, que justifica o facto de muitas vezes se associar as ideias de Nietzsche erradamente ao Nacional-Socialismo.  


https://www.goodreads.com/review/show/6132788406

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

"Ciúme. O Medo do Abandono provoca a Perda" de Augusto Cury


"Ciúme. O Medo do Abandono provoca a Perda" de Augusto Cury
Pergaminho, 2021
117 Páginas


Este é um grande livro de Augusto Cury, o primeiro que li dele, e altamente recomendável para quem se interessar sobre o tema da ansiedade/auto-controlo/ciúme. Estão os três relacionados segundo se consegue compreender a partir da leitura de "Ciúme. O Medo do Abandono provoca a Perda".

Deixo-vos com o excerto das últimas páginas que me parece dizer tudo em poucas palavras: 

" - O amor é paciente, o ciúme é ansioso.

- o amor é generoso, o ciúme é egoísta. 

- o amor é tolerante, o ciúme é crítico. 

- o amor é curativo, o ciúme é vingativo. 

- o amor é libertador, o ciúme é controlador. 

- o amor é investidor, o ciúme é explorador. 

- o amor é humilde, o ciúme é arrogante. 

- o amor não guarda mágoas, o ciúme jamais as esquece. 

- o amor é resiliente, o ciúme é hipersensível. 

- o amor eleva a autoestima, o ciúme deprecia. 

- o amor é colaborador, o ciúme é sabotador." 

(p.103)


https://www.goodreads.com/review/show/6107661381

"The Marshmallow Test" de Walter Mischel


"The Marshmallow Test" de Walter Mischel
Corgi, 2014
326 Páginas


"The Marshmallow Test" de Walter Mischel demonstra através das várias experiências que descreve como funciona o auto-controlo e como podemos geri-lo. Podia ser um livro aborrecido, mas não é. Além de ser extremamente interessante e útil, posso dizer que foi uma grande leitura... São várias as vezes que me lembro de algo que li nele e sempre que isso sucede é como se fizesse luz... de repente!

Algumas ideias dignas de nota e nas quais penso algumas vezes pela sua importância: as emoções positivas geram mais auto-controlo e as emoções negativas menos; a distração e a ocupação com algo diferente daquilo em relação ao qual temos de tentar resistir/retardar a recompensa proporciona mais e maior auto-controlo e, portanto, para controlar a resposta a determinado estímulo, o autor defende a importância de criarmos uma acção "se"/condicional que executemos em alternativa e, deste modo, estaremos a controlar o sistema limbico, reflectimos e tomamos melhores decisões com mais auto-controlo porque a nossa resposta passará pelo córtex pré-frontal;o stress activa o sistema límbico e uma resposta mais imediata e menos controlada, porém, se nos conseguirmos controlar e retardar a nossa resposta, o que actua é o cortéx pré-frontal relacionado com o raciocinio lógico e a inteligência; ter pais controladores/ausentes influencia o auto-controlo das crianças e, por consequência, destas em adultas fazendo com que estejam predispostas a ter menos auto-controlo; os optimistas têm mais auto-controlo do que os pessimistas; para decidir melhor acerca do futuro, convém imaginá-lo como se fosse agora no presente e para resistir à tentação imaginar distância em tempo e espaço, até porque se as consequências da nossa falta de controlo forem imediatas, isso faz com que o nosso auto-controlo seja maior (ao passo que se as consequências forem num futuro distante e probabilistico, o nosso auto-controlo será menor à partida); o nosso auto-controlo é influenciado pela genética, pelo ambiente, pelo género e também pela idade, o que não significa que não o possamos melhorar e aumentar (porque podemos... sempre).

Em síntese, uma excelente leitura sobre auto-controlo!

https://www.goodreads.com/review/show/6092335517