"A Minha Viagem pela Europa" de Charlie Chaplin
Edições Matéria-Prima, 2011
251 Páginas
"A minha viagem pela Europa" refere-se, como o próprio título indica, à viagem realizada por Charlie Chaplin, em 1922, com o intuito de vir passar férias à Europa e visitar Londres, após sete anos de intenso trabalho em Hollywood.
Procurando passar despercebido e no anonimato, coisa que só poucas vezes consegue atingir com sucesso, Chaplin conta-nos o que vê, faz, com quem se encontra e que sente quando regressa à cidade de Londres e ao local onde nasceu, fazendo o mesmo relativamente à sua passagem por Paris e Berlim. Nestas três cidades o autor consegue sempre identificar a presença das consequências da Primeira Guerra Mundial, quatro anos depois desta ter terminado e revela-se extremamente observador da realidade, sobretudo no caso da Alemanha, onde sublinha algo, também já destacado por Aquilino Ribeiro na "Alemanha Ensanguentada", como seja a miséria (os pedintes), os soldados sem perna e de uniforme gasto do tempo e do uso, e a amargura/irritação quando o assunto é o desfecho da Guerra para a Alemanha.
Por outro lado, e para além destas referências às cidades no pós Guerra, Chaplin oferece-nos um interessante relato sobre o modo como gosta de sentir o seu trabalho reconhecido e ser acarinhado pelo público que o acompanha em multidões para todo o lado. E ele dá sempre o melhor de si, o seu sorriso mais genuíno na hora de lhe deixar tirar mais uma fotografia. Isto para não falar na forma genuína e sensível com que demonstra compaixão por aqueles que vivem em condições mais desfavorecidas, procurando, sempre que possível, ajudá-los de alguma forma.
Enfim, "A minha viagem pela Europa" revela-nos o lado humano escondido atrás do "boneco" engraçado de bengala, chapéu e sapatos grandes, que muitas gargalhadas e momentos de descontração conseguiu arrancar a todos os fãs do admirável mundo do cinema e, não é recomendável, mas sim altamente recomendável!
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"Olho para a lua e para as estrelas e diz-me quão estúpida é a festa, qualquer festa, comparada com a beleza da noite. O silêncio é um dom universal e do qual poucos de nós desfrutam. Talvez porque não possa ser comprado. Os homens ricos compram ruído. As almas deliciam-se com os silêncio da natureza." [Chaplin, 2011, pp.38 e 39]
https://www.goodreads.com/review/show?id=1590301461
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