Quando parti para a leitura de "Milena und die Briefe der Liebe" estava à espera de algo ligeiramente diferente do que acabei depois por encontrar e passo a explicar. Duas foram as razões principais que me levaram a querer ler este livro: a relação de Milena com Franz Kafka, autor de um dos meus livros preferidos, "O Processo"; e a paixão de Milena pela escrita, algo que temos em comum.
A verdade, porém, é que boa parte do livro foca-se essencialmente em Milena antes de Kafka. Só muito depois de lida mais de metade do livro é que assistimos à construção da relação entre ambos, iniciada com a troca de correspondência de Milena, que muito anseia traduzir os trabalhos do autor de alemão para checo. Isto aborreceu-me. Ainda que eu compreenda a lógica de enquadrar todo o percurso de Milena anterior a Kafka, considero que a autora se perde demasiado em detalhes de aspectos menores e o estilo de escrita usado para apresentar Milena no início soa-me um pouco ao piroso romantismo de cordel.
Quando começa a escrever ao escritor checo, Milena Jesenská, flha de um médico e na altura a viver em Viena, está casada com Ernst Pollak vivendo um casamento de fachada. Ela ama-o, ele parece totalmente desinteressado, o que a deixa frustrada e a dado momento a leva a procurar investir num trabalho que realmente aprecie... É, deste modo, que se inicia a sua carreira como jornalista. Também é através de Pollak que Milena conhece Kafka vários anos antes em Praga, mas tanto quanto se percebe esse primeiro contacto é mais um contacto de "vista" do que um contacto de facto. A frustração amorosa leva-a a procurar viver a sua paixão pela escrita... e, para além do jornalismo, procura encontrar satisfação na tradução. Lembra-se, então, de Kafka.
É a partir da entrada em cena de Kafka que, na minha perspectiva, "Milena und die Briefe der Liebe" adquire um novo interesse. Schuster apresenta-nos um romance de cartas, platónico, que não leva a lado nenhum, mas que dá a Milena uma nova perspectiva da vida amorosa e profissional. Como se Kafka acabasse por ser a "peça-chave" da sua vida... E, pelos vistos, foi de facto.
Mas... Eu não consegui adorar a forma de escrita de Schuster nem a figura de Milena (mistura de infantil com caprichosa com ingénua/sonhadora). Aliás, até a figura de Kafka me conseguiu, por vezes, irritar da forma como foi apresentada.
Por isso, dou-lhe apenas três estrelas. Acho que estava à espera de outra coisa, sendo que aquilo de que gostei sobretudo foi de conhecer todo o enquadramento histórico que rodeou a relação entre estas pessoas na realidade.
https://www.goodreads.com/book/show/56054844-milena-und-die-briefe-der-liebe
Sem comentários:
Enviar um comentário