"Não te deixarei morrer, David Crockett" de Miguel Sousa Tavares
Clube do Autor, 2016
218 Páginas
Para quem aprecia tanto como eu o som do mar, do rio e do vento, os momentos solitários de introspecção, as pequenas-grandes coisas desta vida e tem em Sophia de Mello Breyner Andresen (sua mãe) uma das suas escritoras favoritas vinda das memórias de infância, é impossível não gostar do estilo de escrita adoptado por Miguel Sousa Tavares quando decide escrever um livro de crónicas e contos.
Este é o segundo que leio do estilo, quarto que leio do autor e posso dizer que adorei. Valeu a pena ter desejado tanto que fosse feita uma nova edição do "Não te Deixarei Morrer, David Crockett" e cruzar-me físicamente com ela há dias. Valeu mesmo muito.
Na verdade, acho que tudo o que eu escrever sobre a obra ficará aquém da imensa paz de espírito e sensação de plenitude com que fiquei quando a li...! Recomendo, recomendo e recomendo.
*
"E foi assim que descobri que todas as coisas continuam para sempre, como um rio que corre ininterruptamente para o mar, por mais que façam para o deter.
Sabes, quem não acredita em Deus, acredita na eternidade das pedras e não na dos sentimentos; acredita na integridade da água, do vento, das estrelas. Eu acredito na continuidade das coisas que amamos, acredito que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido. Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem princípio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos. (...)"
[Miguel Sousa Tavares, "Não te Deixarei Morrer, David Crockett", pp.32 e 33]
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