"A Última Estação" de Jay Parini
Editorial Presença, 2007
266 Páginas
"A Última Estação" de Jay Parini romanceia o último ano de vida do escritor russo Leo Tolstói (1828-1910), que morreu com cerca de oitenta e dois anos de idade, e, portanto, a obra foca-se essencialmente na relação algo tempestuosa com a mulher Sofia, com quem teve treze filhos, e no desejo inabalável de Tolstói levar uma livre simples e pacata, tal como um camponês, longe das luzes da ribalta.
Tendo inclusivamente dado origem a um filme com o mesmo nome (o trailer pode ser visto aqui: https://www.youtube.com/watch?v=2woUBZLxa4o ) dirigido por Michael Hoffman, Jay Parini dá-nos a conhecer também as linhas principais do pensamento do escritor russo, fornecendo-nos aqui e ali algumas informações sobre a concepção da obra "Anna Karenina", por exemplo. Convém, neste sentido, sublinhar o trabalho de pesquisa que o autor fez recorrendo a biografias, bem como a cartas e diários pertencentes aos envolvidos na história.
Relativamente à leitura, esta flui em alguns momentos com maior profundidade (quase que espiritual, sobretudo quando aborda a questão da relação entre a alma e o corpo), sendo apresentadas as perspectivas de seis personagens diferentes em alternância: dois tolstoianos, o médico de Tolstói, uma das filhas de Tolstói (Sacha), a mulher e o próprio Tolstói, o que acaba por facilitar a compreensão da história de uma forma natural e fazer com que o leitor se sinta mais presente, quase como se também fosse parte desta, até porque essas perspectivas surgem escritas na primeira pessoa.
No geral, gostei da obra e recomendo-a acima de tudo a quem desejar conhecer como foi a fase final da vida de Leo Tolstói, mas confesso que os últimos três capítulos relativos à sua morte me custaram um pouco a ler. Não sei se pelo acontecimento da morte em si mesmo, se pela escrita de Jay Parini, se por meu mero estado de espírito...
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"A última estação estava deserta àquela hora. Ao sentar-me sozinho na plataforma, estudei os carris prateados que seguiam até ao infinito. Ocorreu-me que a vida do corpo e a vida da alma são como estes carris: correm paralelas em direcção ao futuro visível. Gostamos de imaginar um ponto de encontro, um cruzamento onde o corpo terrestre se junta ao corpo celestial. Mas isso é uma ilusão. O carril do corpo, em determinado lugar, numa altura específica, pára. O carril do espírito continua, talvez até ao infinito." (Parini, 2007, p. 238).
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"A última estação estava deserta àquela hora. Ao sentar-me sozinho na plataforma, estudei os carris prateados que seguiam até ao infinito. Ocorreu-me que a vida do corpo e a vida da alma são como estes carris: correm paralelas em direcção ao futuro visível. Gostamos de imaginar um ponto de encontro, um cruzamento onde o corpo terrestre se junta ao corpo celestial. Mas isso é uma ilusão. O carril do corpo, em determinado lugar, numa altura específica, pára. O carril do espírito continua, talvez até ao infinito." (Parini, 2007, p. 238).
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