"A Honra Perdida de Katharina Blum" de Heinrich Böll
Abril/Controljornal, 2000
94 Páginas
"A Honra Perdida de Katharina Blum", existente também em filme, é uma obra que acima de tudo nos leva a reflectir por um lado, sobre o perigo de uma imprensa sensacionalista (que escreve tudo o que lhe apetece com o objectivo de aumentar as tiragens do jornal, "Zeitung") e, pelo outro, sobre a ambiguidade existente em torno da liberdade de imprensa (que deve ser livre para informar os seus leitores com o que entender, mas sem com isso deturpar e forjar a realidade).
Katharina Blum acaba por ser um mero instrumento da imprensa e vítima de uma complexa teia de poderes, só porque se decide envolver numa festa de Carnaval com a pessoa errada, Ludwig Göette, um assaltante de bancos procurado pela polícia alemã. A partir daí a vida da inocente Blum desaba...
Böll opta por uma narrativa que parece ser uma mistura da reconstrução que a polícia faz do "crime" de Blum com um estilo mais jornalistico. Por outro lado, o leitor sente que, por vezes, é um espectador, de todo o desenrolar da história, a quem o narrador lhe vai oferecendo vários dados que lhe permitem tirar as suas próprias conclusões sobre um caso de acasos errados (fabricados), injustiça e jogos de poder.
Gostei, mas tendo em atenção tratar-se de um escritor alemão, Heinrich Böll, que foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1972, estava à espera de uma leitura mais densa e de uma história com um pouco mais de profundidade. É uma leitura leve, rápida, apesar das várias e diferentes personagens com quem nos cruzamos ao longo das suas 94 páginas.
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"Podes meter esses teus sentimentos no frigorífico, que é onde guardas todos os outros". [Böll, 2000, p.89]
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