Gonçalo Cadilhe não desilude e "Nos Passos de Magalhães" é uma lufada de ar fresco. Trata-se de uma biografia itinerante em que Cadilhe segue a vida de Magalhães, desde onde ela começou em Sabrosa (na região do Douro) até às Filipinas.
Fernão Magalhães é um dos maiores navegadores da História (fez a primeira viagem de circum-navegação de sempre, ainda que em duas metades e dois momentos diferentes: da primeira vez, partiu de Portugal em direcção ao Oriente; da segunda vez, partiu de Espanha para o Oriente passando pelo Atlântico Sul), mas fala-se pouco ou nada dele em Portugal. É mais certo ser reconhecido lá fora do que cá dentro, o que é lamentável e chega a ser chocante... Desde logo, a casa onde nasceu está assinalada com uma placa gentilmente colocada pela Embaixada do Chile e a estátua existente no cruzamento da Praça do Chile com a Almirante Reis mais não é do que uma réplica da estátua que os chilenos têm em Puerto Arenas (quase que parece que Magalhães é chileno - sem desprimor para os chilenos, antes pelo contrário - ou, então, que só se reconhece o valor de Magalhães indo com a corrente chilena). Estes dois exemplos dados pelo autor deixaram-me muito incomodada.
É certo que Magalhães fez a segunda e última viagem, da qual não regressaria (acaba morto numa emboscada), ao serviço da corte espanhola, mas o relacionamento que tinha com D. Manuel I não era o melhor e Magalhães é um português a fazer um feito tamanho! Por que é que não se fala mais dele? Por que é que o seu nome só é falado para recordar um portátil dado a crianças que ficou "imortalizado" e envolto em polémicas?
Sendo um autor português, Cadilhe tem o mérito de nos dar a conhecer quem foi, de facto, o português Fernão Magalhães (o mesmo a que o austríaco Stefan Zweig chama de Ulisses que não voltou a Ítaca)... de uma forma viva e fascinante.
Enfim, adorei este livro e aprendi imenso com ele!
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