"Geopolítica
da Alemanha: Ratzel, Haushofer e as duas Guerras Mundiais do Século XX" de
Marisa Fernandes
Instituto
Universitário Militar/ Fronteira do Caos Editores, 2016
164
Páginas
Lançado
no passado dia 24 de Novembro, no Instituto Universitário Militar, este é o
primeiro livro em que sou a única autora. E, por razões óbvias, as linhas que
se seguem não fazem parte de uma crítica, como as que habitualmente costumo
aqui escrever, mas antes de uma apresentação da obra "Geopolítica da
Alemanha: Ratzel, Haushofer e as duas Guerras Mundiais do Século XX".
Antes
de mais, e embora partindo da Dissertação de Mestrado em Ciência Política e
Relações Internacionais, defendida em 2010 na Universidade Nova de Lisboa, este
livro seguiu agora um rumo independente e adquiriu uma vida própria, tendo já
muito pouco do texto original. O tema é o mesmo (as relações entre o Espaço e o
Poder na Alemanha entre 1871 e 1945), é certo; o conteúdo, porém, foi
completamente reformulado, reflectindo muito do trabalho que tenho vindo a
desenvolver desde 2011 (até agora), quando ingressei no Doutoramento em Estudos
Estratégicos na Universidade de Lisboa.
Com
efeito, a obra associa a História, as Relações Internacionais, a Guerra, a Geopolítica,
os Estudos Estratégicos e a Literatura, áreas que, além de me fascinarem, têm
requerido muito da minha atenção e dedicação nos últimos anos. Por outro lado,
procurei escrevê-lo de forma a poder ser lido por qualquer pessoa, com ou sem
formação nestas áreas, sem com isso deixar de lado o rigor e o cuidado
necessários e exigidos num trabalho destes.
No
que respeita à sua organização, "Geopolítica da Alemanha: Ratzel,
Haushofer e as duas Guerras Mundiais do Século XX" encontra-se dividido em
cinco partes. Exceptuando a introdução, correspondente à primeira parte, e a
conclusão, correspondente à quinta parte, o livro tem uma segunda parte
intitulada "Em direcção à Geopolítica", uma terceira intitulada "Friedrich Ratzel, a Alemanha de Wilhelm
II e a Primeira Guerra Mundial" e uma quarta intitulada "Karl
Haushofer, a Alemanha de Adolf Hitler e a Segunda Guerra Mundial", que é
também a mais extensa porque é efectivamente depois da Primeira Grande Guerra
que se pode falar da Geopolítica (só nascida nos anos vinte do século XX).
*
Na
segunda parte ("Em direcção à Geopolítica") abordo não só a
complexidade inerente ao acto de definir a Geopolítica, como também apresento
uma definição de Geopolítica (partindo da relação entre o Espaço e o Poder,
essenciais para este saber, seguindo para o conhecimento do Espaço e depois
para a disputa do Poder pelo Espaço, originando a Guerra).
Na
terceira parte ("Friedrich Ratzel, a Alemanha de Wilhelm II e a Primeira
Guerra Mundial"), começo por abordar a Kleindeutschland [pequena Alemanha]
de Otto von Bismarck, uma opção de unificação da Alemanha que, colocando na
liderança a Prússia, deixa de lado a Áustria-Hungria. Seguidamente, analiso o
pensamento de Friedrich Ratzel e da sua Geografia Política na passagem da Alemanha
de Otto von Bismarck para a de Wilhelm II, bem como a Weltpolitik [política
mundial] de Wilhelm II, o último Imperador da Alemanha. É de referir que esta
parte termina com a Primeira Guerra Mundial e a identificação das convergências
e divergências existentes entre as perspectivas de Ratzel e de Wilhelm II para
a Alemanha.
Na
quarta parte ("Karl Haushofer, a Alemanha de Adolf Hitler e a Segunda
Guerra Mundial"), começo por me referir à República de Weimar na Alemanha
do Pós Primeira Guerra Mundial, abordando os momentos-chave que caracterizaram
este período nas relações entre o Espaço e o Poder alemães, a começar pelo
Tratado de Versailles, o Diktat.
Depois,
debruço-me sobre o nascimento da Zeitschrift für Geopolitik [revista de
Geopolítica] e, em seguida, sobre o pensamento de Karl Haushofer e da sua Geopolítica para a Alemanha. Existe
igualmente um capítulo sobre a emergência da Cartografia Sugestiva, antes de
entrar na Alemanha de Adolf Hitler.
A
partir de 1933, tudo muda: a Escola de Geopolítica passa a ser um instrumento
de propaganda ao serviço do Nacional-Socialismo e a Cartografia Sugestiva
também, sendo que cada uma destas é objecto de um capítulo próprio. Entretanto,
inicia-se a expansão militar da Alemanha que trato no capítulo seguinte e a
promoção do caminho para a Guerra, a eliminação e proibição do que o contraria,
matéria de outro capítulo ainda.
Com
a Segunda Guerra Mundial, os mapas tornaram-se um elemento de justificação da
Guerra, como procuro demonstrar em capítulo próprio, sendo que no decorrer do
conflito se verifica a extinção da Zeitschrift für Geopolitik (um capítulo) e o
afastamento de Karl Haushofer e da familia (outro capítulo). Porque este se
trata de um livro de Geopolítica o penúltimo capítulo desta parte é dedicado à
concretização espacial (e não só) do Lebensraum [espaço vital] de Hitler.
Termino, pois, na linha da lógica adoptada para a terceira parte, com a
identificação de convergências e divergências entre as perspectivas de Karl
Haushofer e de Adolf Hitler para a Alemanha na Segunda Guerra Mundial.
*
Efectivamente,
este estudo tem como objectivo "conferir maior clareza às relações entre o
pensamento, acerca das relações entre o espaço e o poder, e a acção política
alemãs, (...), visando uma maior aproximação à realidade da Alemanha do período
entre as Grandes Guerras do século XX. Por outro lado, procura-se também
contribuir para uma melhor compreensão do que é a Geopolítica, qual a sua
importância, e em que contexto é que esta surgiu na Alemanha, almejando, deste
modo, quebrar a mística e o tabu que parece estar associada à Geopolítica alemã
na Primeira e na Segunda Guerras Mundiais" (p.4).
Sem
me querer alongar mais, sublinho que a "Geopolítica da Alemanha: Ratzel,
Haushofer e as duas Guerras Mundiais do Século XX" se inicia com as
seguintes palavras de Stefan Zweig, escritor austríaco de origem judia (que
acabou por se suicidar durante a Segunda Guerra Mundial no Brasil), que, no meu
entender, reflectem no essencial o que foram as relações entre o Espaço e o
Poder da Alemanha entre 1871 e 1945:
“O
sol brilhava em toda a sua força e plenitude. Ao regressar a casa, reparei de
repente na minha própria sombra que me precedia, tal como via a sombra da
guerra passada por trás da guerra presente. Durante todo este tempo, ela nunca
mais saiu do meu lado, aquela sombra, pairando, dia e noite, sobre cada um dos
meus pensamentos; talvez os seus escuros contornos apareçam também em alguma
destas páginas. Mas, em última análise, cada sombra é também filha da luz, e só
quem tenha vivido a claridade e a escuridão, a guerra e a paz, a ascensão e a
queda, só esse terá verdadeiramente vivido”
(Stefan Zweig, 2014, pp.507-508).
Boas leituras!
***
Para
adquirir o livro:
O
livro vai estar à venda no Instituto Universitário Militar - IUM (na Rua de
Pedrouços, 1449-027 Lisboa) e há duas formas de o obterem:
1)
telefonando, antes de lá irem,para os serviços financeiros (213 002 174) e
dizendo que querem ir lá buscar um exemplar (o preço é de 15 euros);
2)
ou enviando um e-mail para o sr. Comandante Santos Madureira (madureira.cas@ium.pt),
solicitando o envio de um exemplar para a vossa morada. Esse envio será feito à
cobrança (no valor de 15 euros + portes).
Se
tiverem alguma dúvida ou dificuldade, sintam-se à vontade para me enviar uma
mensagem pessoal para marisaasfernandes@gmail.com
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