quarta-feira, 23 de julho de 2025

"Kaput - O Fim do Milagre Alemão" de Wolfgang Münchau

"Kaput- O Fim do Milagre Alemão" de Wolfgang Münchau
Contexto, 2025
252 Páginas


Para mim, que me especializei em Política Externa Alemã e acompanhei de perto as premissas sobre as quais assenta  a ideia de que a Alemanha é o motor económico da Europa, este livro foi uma descoberta incrível. 

Escrito por um alemão a viver fora da Alemanha, "Kaput - O Fim do Milagre Alemão" demonstra como os chanceleres alemães da Alemanha reunificada e os demais ministros no geral têm feito más escolhas no que respeita às relações privilegiadas e focadas na economia que estabeleceram com a Rússia e a China. É também colocada em evidência a falta de investimento no desenvolvimento das telecomunicações e na própria digitalização e na indústria do carro elétrico. O excesso de conservadorismo, a densa burocracia, e a estreita ligação que existe entre empresas e política têm vindo a contribuir para a actual situação em que se encontra a economia alemã. 

Uma leitura imperdível para se perceber o estado económico-social e político da Alemanha pós Merkel!


https://www.goodreads.com/review/show/7794515114

sábado, 19 de julho de 2025

"O Pequeno Restaurante da Felicidade " de Ito Ogawa


"O Pequeno Restaurante da Felicidade" de Ito Ogawa
Editorial Presença, 2023
208 Páginas


"O Pequeno Restaurante da Felicidade" podia ter sido um livro excelente, mas é só razoável, a meu ver. 

O argumento é interessante, ainda que recorrente: alguém que através da cozinha muda a vida dos outros, inclusivamente a sua. Alguém que, perante a adversidade, muda completamente de vida (por causa de um desgosto ou trauma) e vê na cozinha uma forma de começar de novo. 

Todavia, Ito Ogawa parece ter alergia à utilização de capítulos para organizar a narrativa, o que me aborreceu de alguma forma, já que tinha de a escolher onde iria pausar a leitura e, ao mesmo tempo deixou-me com a sensação de confusão/caos. E, pese embora, a origininalidade que reconheço em várias partes da obra, incomodou-me o desfecho e o destino que foi atribuído à personagem Hermes. Sem entrar em pormenores, por muito mágica e lavoisiriana que a autora quisesse ser... não consegui gostar dessa parte. Senti que o sucedido foi uma traição a Hermes, acima de tudo. E foi penoso!

Será que Ito Ogawa segue este estilo sempre nos seus livros?! Refiro-me sobretudo à ausência de capítulos...


https://www.goodreads.com/review/show/7738814285

sábado, 12 de julho de 2025

"O Cavaleiro da Armadura Enferrujada" de Robert Fisher



"O Cavaleiro da Armadura Enferrujada" de Robert Fisher
Editorial Presença, 2016
136 Páginas

"O Cavaleiro da Armadura Enferrujada" é um maravilhoso conto sobre um cavaleiro que, tendo-se habituado a estar sempre de armadura, já não é capaz de a tirar nem de saber quem verdadeiramente é. 

Esta é a história de um cavaleiro que terá de passar por várias etapas até se libertar e reencontrar consigo próprio. 

Um livro dos quais dificilmente nos esqueceremos. Porque todos nós já fomos, ou conhecemos, em algum momento um cavaleiro de armadura enferrujada, sempre pronto para a acção, para o combate e para o baile de máscaras que é viver em sociedade, esquecendo-se da sua autêntica e mais pura essência.

Adorei!


https://www.goodreads.com/review/show/7731465041


quinta-feira, 10 de julho de 2025

"O Belo Verão" de Cesare Pavese



"O Belo Verão" de Cesare Pavese
Livros do Brasil, 2021
112 Páginas

Cesare Pavese está entre os meus escritores italianos preferidos. Escreve de forma simples, delicada, poética e, ao mesmo tempo, profunda. 

"O Belo Verão" é mais um bonito livro. Apresenta-nos a história de uma amizade, perda de inocência e descoberta do mundo de duas amigas muito diferentes entre si... Num ambiente com pintores e musas inspiradoras. 

Lê-se com vontade e quando se termina... quer-se mais. É leve, agradável e sonhador. 

Gostei muito!


https://www.goodreads.com/review/show/7720746970


sábado, 5 de julho de 2025

"Philosophy for Polar Explorers" de Erling Kagge


"Philosophy for Polar Explorers" de Erling Kagge
Penguin, 2019
208 Páginas

"Philosophy for Polar Explorers" é o segundo livro que leio do norueguês Erling Kagge e gostei bem mais deste do que de "Silence: In the Age of Noise". Kagge foi a primeira pessoa a subir aos três pólos: o Pólo Norte, o Pólo Sul e o pico do Evereste. 

Defendendo a necessidade de nos "enraizarmos" na natureza e de regressarmos a ela como forma também de nos (re)encontrarmos com a nossa essência, o autor apresenta a sua filosofia em dezasseis pontos que são aplicáveis à vida no geral, partilhando connosco as aprendizagens que tem vindo a adquirir no decorrer das suas conquistas. 

Os pontos são os que se seguem:

1. Set your own compass

2. Get up early

3. Train yourself in optimism

4. Don't fear your own greatness

5. Don't mistake probability for possibility

6. Don't take stupid risks

7. Have something to lose

8. Don't chase happiness, let it chase you

9. Learn to be alone

10. Enjoy small helpings

11. Accept failure

12. Find freedom in responsibility

13. Make flexibility a habit

14. Don't leave luck to chance

15. Allow your goal to pursue you

16. Reset your compass 

É um livro muito bonito e com fotografias belíssimas relacionadas com experiência polar de Kagge. 


https://www.goodreads.com/review/show/7707160897

quinta-feira, 3 de julho de 2025

"Soldados de Honra" de Adrian Goldsworthy



"Soldados de Honra" de Adrian Goldsworthy
Esfera dos Livros, 2011
416 Páginas


Este é o primeiro, embora o único traduzido para língua portuguesa, de seis volumes de uma colecção sobre as guerras napoleónicas. 

"Soldados de Honra" passa-se primeiro em Espanha e depois em Portugal. Foi, aliás, esta passagem por Portugal que me despertou há alguns anos atrás a curiosidade para este livro, sobretudo pela relação que a mesma teve nos meus antepassados maternos. 

Adrian Goldsworthy foca-se muito na distribuição dos homens no terreno, no modo como se dava o ingresso na carreira militar (algo que não existia como se conhece hoje e estava muito nos inícios) e na relação entre a vida pessoal de alguns dos soldados (ingleses) e a sua participação na ajuda inglesa a Portugal contra os franceses como forma de ganharem respeito, reconhecimento e terem um "trabalho". 

A entrada dos homens de Wellington dá-se pelo Oeste, escapando ao Tejo onde seriam imediata e mais facilmente identificados. Goldsworthy narra, com alguma ficção à mistura e sem perder o rigor histórico, as batalhas da Roliça e do Vimeiro em 1808. Sendo que não deixa de ser interessante o modo como, assim que "a coisa estava controlada", os portugueses se unem contra o invasor francês. Do mesmo modo, percorrer os nomes de vários dos sitios que conheço familiarmente na óptica da invasão por volta do século XIX, e graças à prosa brilhante do autor, revelou-se uma experiência bastante curiosa e enriquecedora. 

"Eram camponeses portugueses, mas tinham-se revelado bastante bárbaros quando apareceram no final da batalha para pilhar os franceses mortos e feridos. Muitos dos homens feridos foram esfaqueados, e os soldados britânicos tinham sentido repugnância ao ver aquilo, mas não conseguiram proteger os franceses feridos porque receberam ordens para regressar ao cume onde tinham estado antes da batalha. Hanley disse que era apenas o que os franceses poderiam esperar depois do comportamento que tinham tido em Portugal e em Espanha (...)"

Um bom livro!


https://www.goodreads.com/review/show/7672174162