Estamos no início de Outubro de 1926, véspera do dia de casamento da filha mais velha de Marie Curie, Irène que, tal como os pais, decide fazer carreira na ciência. A história começa no cemitério entre as sombras dos ciprestes, o que nos deixa antever o que depois se vem a confirmar: Madame Curie fala para Pierre, seu falecido marido. É aqui que a autora inicia a narrativa e é igualmente recordando, já no próprio dia do casamento de Irène (a 9 de Outubro), o acidente em que Pierre morre atropelado, num dia chuvoso em Paris que a mesma termina.
Por isso, e apesar do título da obra ser "Madame Curie und die Kraft zu träumen" (Madame Curie e a força para sonhar) diria que a autora consegue transmitir na perfeição o alcance e o significado da presença de Pierre na vida de Marie. Depois da sua morte e pese embora toda a sua garra, inteligência e dedicação à ciência, a cientista não voltou a ser a mesma pessoa.
Entre estes início e fim é contada a história da vida de Madame Curie desde pequena, ainda antes de perder a mãe a irmã, passando pela falta de recursos da sua familia (por azares do destino) até ao esforço - trabalhando, por exemplo, como governanta - que faz para ajudar uma outra irmã, Bronia, a estudar medicina e a preparar a sua própria ida para Paris onde pretendia continuar a estudar.
Marie Curie tem, para mim (desde os meus 13/14 anos quando a descobri), um significado muito especial pelo esforço, espírito de sacrificio, dedicação e obstinação com que sempre perseguiu a sua paixão pela ciência, mesmo nas condições mais adversas. E também pela forma com que viveu a sua vida com Pierre e se tentou manter firme perante tudo e todos quando, na verdade, estava completamente destroçada por ter perdido o seu grande "pilar" (termo seu) de forma tão trágica. Um exemplo real de como "as árvores morrem de pé"...
E este livro está escrito de uma forma muito bonita e especial, bem estruturada. Gostei mesmo.
https://www.goodreads.com/review/show/3911266172
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