"Diários. Diários de Viagem" de Franz Kafka
Relógio D'Água, 2014
690 Páginas
São, muitas vezes, páginas soltas. Às vezes, quando Kafka tece as suas observações sobre esta e aquela pessoa, sobre esta e aquela vida, parece que se constrói uma história. Outras vezes, ele fala dele, do que sente e do que deixa de sentir, desse veneno que é a necessidade de se isolar, alhear de tudo e escrever. E eu gosto particularmente desses momentos de introspecção, em que o estado de alma sai a correr a gritar sem que ninguém o consiga agarrar... Esse estado meio bêbado, meio louco, meio febril, em que a máscara cai e a sinceridade vem à tona.
Penso que é essa crueza, essa frieza quente, essa brutalidade apaixonada que Kafka tem na escrita que me fazem continuar com vontade de ler mais obras suas e lamentar o facto dele não ter vivido mais para escrever também mais.
Este livro não é o meu preferido dos três que li de Kafka ("A Metamorfose" e "O Processo" foram os outros dois), lugar ocupado pelo "O Processo", mas eu gostei. Apesar de ao início me ter sentido, de algum modo, perdida pelo facto de estar a ler um diário, páginas soltas, em que o elemento de ligação são as observações do autor relativamente a si próprio e ao que está à sua volta. Mas um diário é isso mesmo...!
https://www.goodreads.com/review/show/2230977635